Revelações da revelação - Livro II

A alma

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Pergunta 146a

0134 - Que é a alma? Um Espírito encarnado.

134a - Que era a alma antes de se unir ao corpo? Espírito.

134b - As almas e os Espíritos são, portanto, idênticos, a mesma coisa? Sim, as almas não são senão os Espíritos. Antes de se unir ao corpo, a alma é um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível, os quais temporariamente revestem um invólucro carnal para se purificarem e esclarecerem.

Para melhor compreensão do tema alma” temos que analisar estas três questões em conjunto.

Quando se estuda as três questões em conjunto pode se verificar que o que é chamado em O Livro dos Espíritos de alma é o próprio espírito. Alma é simplesmente um nome que se dá ao espírito quando ele está encarnado.

Não há distinção entre espírito e alma. A alma não é uma e outra pessoa, não é uma individualidade diferente do ser universal. Ela é o próprio espírito vivendo agregado a uma carne.

Isso precisa ficar bem claro, pois se separamos a alma do espírito, como se fossem duas individualidades diferentes, criamos um novo personagem, um novo elemento no universo: o ser humano. Mas, o ser humano não existe: ele é o espírito vivendo numa condição especial. Ele é o próprio espírito que está vivendo uma condição especial que é chamada de condição humana.

O que é a condição humana que o espírito vive? É o fato de estar com a sua consciência e faculdades espirituais não acessíveis. Elas estão encobertas por aquilo que se convencionou chamar de véu do esquecimento. Apesar disso acontecer, posso afirmar que ele possui a consciência espiritual, o conhecimento espiritual. Estes conhecimentos estão presentes, mas não estão acessíveis.

Portanto, alma e espírito são a mesma coisa.

Isso é importante de se conhecer para que não criemos uma coisa chamada ser humano, que não existe. Não existe um ser humano e sim um espírito que está vivendo uma condição humana.

Eu gosto muito quando eu vou a centro espírita e ouço as pessoas dizerem assim: o meu espírito. Seu espírito? Então quem é você? ‘Ah, eu sou o ser humano e existe o meu espírito’.

Não existe, não: você é o espírito.

135. Há no homem alguma outra coisa além da alma e do corpo? Há o laço que liga a alma ao corpo.

Existe um laço que liga você à carne. Esse laço é o próprio perispírito. Ele é que serve de união entre o espírito e a matéria.

Ele, como já vimos, é idêntico ao corpo, só que é feito de matéria em densidade menor que esse corpo.

Participante: Quando você fala que o espírito desencarna e não percebe que isto aconteceu, como fica a rotina do dia a dia material que esse ser tinha e que não existe mais? Isso não o deixaria perceber que alguma coisa mudou nele?

Quem lhe disse que não existe a rotina do dia a dia para o espírito que desencarna?

O espírito desencarnado e sem a sua consciência espiritual dorme na cama dele ao lado da sua mulher. Acorda de manhã, plasma o café da manhã, come aquele plasma, pega o carro ou o ônibus plasmado e vai para o trabalho. Senta na sua cadeira frente à sua mesa e plasma o serviço para fazer.

Ele cumpre a mesma rotina, inclusive vai ao banheiro.

Participante: Ele chega a plasmar a conversa também?

Também. Eu ia chegar aí.

Ele conversa, assim como vocês conversam mentalmente com outra pessoa que não está presente, ou seja, plasmando pensamentos de falas suas e do outro.

Participante: É mais ou menos o que acontece no filme Sexto Sentido?

Isso.

Participante: Ele projeta outras pessoas?

Não, ele não projeta outras pessoas: plasma conversas. É diferente.

Participante: Nós não falamos, mas ele conversa conosco.

Isso mesmo.

Ele não tem consciência que morreu porque vive a mesma vida que estava vivendo enquanto estava na carne.

Participante: É até difícil para se compreender.

Sim, mas isso acontece porque vocês acham que sabem tudo. Saibam não saber e saberão de tudo.

Mas, não sei por que estão espantados com o que disse. Vocês acreditam que tudo que veem é realidade, que aquilo que estão vendo existe, mas não é bem assim: as coisas que participam do seu dia a dia não existem: são plasmados por vocês.

Participante: Na verdade, nos diálogos que este ser vivencia as pessoas não respondem a ele e sim ele que cria as respostas?

Isso: ele cria respostas dos outros na sua mente, assim como você que está vivo também cria diálogos fictícios onde outros lhe responde.

Agora: isso não permanece assim por toda eternidade. Quando o espírito adquire o merecimento os outros não mais respondem, ou seja, ele não consegue mais criar a resposta. Aí ele começa a observar que os outros não mais interagem com ele e a consciência desperta. Até lá ele plasmará tudo.

Participante: E com relação às pessoas que desencarnaram e nós dizemos que estão presente?

Podem estar presente de duas formas: inconscientemente, que é o caso daquele que não sabe que desencarnou, e conscientemente. Neste último caso, o espírito está ali consciente de que desencarnou, mas permanece para ajudar os que estão encarnados.

Participante: Será que estou vivo?

Só existe uma diferença entre vivo e morto: a respiração. O espírito quando está desencarnado não respira.

Portanto, pergunto: você está respirando? Se sim, está vivo.

Agora vou lhe dizer uma coisa: você tem consciência da sua respiração? Não. Então, realmente não sabe se está vivo ou morto.

Ter consciência da respiração é um ponto chave para encarnação. É por isso que uma das bases do budismo se consiste em atingir a respiração consciente. Você precisa ter consciência de que está respirando para saber que está vivo.

Participante: Se o espírito plasma o que vive depois do desencarne, ele pode plasmar tudo o que quiser? Por exemplo, ele pode plasmar o que lhe dá prazer?

Estamos nos esquecendo que Deus é Causa Primária de todas as coisas. Sendo assim, tudo que é plasmado pelo espírito será criado por Deus.

   

135a - De que natureza é esse laço? Semi-material, isto é, de natureza intermédia entre o Espírito e o corpo. É preciso que seja assim para que os dois se possam comunicar um com o outro. Por meio desse laço é que o Espírito atua sobre a matéria e reciprocamente.

Já falamos sobre isso em outro momento.

COMENTÁRIO DE KARDEC

O homem é, portanto, formado de três partes essenciais:

1º - o corpo ou ser material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital/

2º - a alma, Espírito encarnado que tem no corpo a sua habitação;

3º - o princípio intermediário, ou perispírito, substância semi material que serve de primeiro envoltório ao Espírito e liga a alma ao corpo. Tais, num fruto, o germem, o perisperma e a casca.

136. A alma independe do princípio vital? O corpo não é mais do que envoltório, repetimo-lo constantemente.

Que você não é o corpo e nem precisa dele para existir, isso já vimos.

Portanto, quando o Espírito da Verdade afirma que o corpo é apenas o envoltório do espírito aqui, quer mais uma vez deixar bem claro que você não é o corpo.

Você é a inteligência que habita o corpo.

136a. Pode o corpo existir sem a alma? Pode; entretanto, desde que cessa a vida do corpo, a alma o abandona. Antes do nascimento, ainda não há união definitiva entre a alma e o corpo; enquanto que, depois dessa união se haver estabelecido, a morte do corpo rompe os laços que o prendem à alma e esta o abandona. A vida orgânica pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo privado de vida orgânica.

Existem diversas informações nesta resposta.

Uma delas: se o corpo não tiver mais vida o espírito não pode estar ligado a ele. Mas, o que é vida? É se mexer, ter animação. Sendo assim, o corpo em decomposição é um corpo vivo, pois ele está tendo uma atividade.

Estou falando desta forma porque o Espírito da Verdade na sua resposta fala que quando não houver mais vida no corpo o espírito tem que sair e, por causa da visão de vocês sobre estar vivo (tendo animação externa), podem pensar que o espírito precisa abandonar o corpo quando extinguir-se esta última condição (movimentação externa). Mas, o corpo em decomposição é um corpo vivo porque tem atividade. Então, o espírito pode estar unido a um corpo em decomposição.

Saibam que muitos espíritos vão para a sepultura ligados ao seu corpo e lá o veem decompor-se. Isso é, vamos dizer assim, parte do carmas.

Essa é a primeira informação que está na resposta do Espírito da Verdade. Segunda: antes do nascimento não há ligação do espírito com a matéria.

Se isto é verdade, aquelas historinhas que são usadas para atacar o aborto onde o bebê espiritualmente pergunta por que estão mexendo na mão dele mão, são apenas histórias. Isto porque o espírito não está ligado ao corpo.

O espírito quando a massa carnal ainda está no útero materno ainda não tem acesso às sensibilidades pelo corpo. Como pode, então, sentir que estão mexendo na sua mão?

O espírito nesse estágio de evolução da massa carnal ainda está de posse de toda a sua consciência espiritual e, por isso, não tem acesso às percepções criadas pelo ego humano.

Terceira informação desta resposta: a união se dá depois do nascimento. Repare que o Espírito da Verdade não fala que isso acontece no momento do nascimento, mas só depois.

Na verdade, a união definitiva só ocorre quando a criança faz um ano aproximadamente. É nesta altura da vida carnal que o espírito assume completamente o controle do corpo e aí começa não ter mais acesso à sua consciência espiritual.

Quarta informação: O corpo pode viver sem espírito.

Isso só é possível se houver um impulso energético que o faça funcionar. Mas, esse não será um corpo intelectualizado. Não será um corpo capaz de raciocinar, não será um corpo capaz de se mexer.

Essas são as quatro informações dessa resposta.

Participante: Quando eu me separei do meu marido estava grávida de sete para oito meses. Fiquei muito deprimida e emagreci muito – em uma semana emagreci quatro quilos. Então, fui numa casa espírita em busca de ajuda. O que me foi falado é que o meu filho estava definhando dentro da barriga porque estava sentindo a minha rejeição. Realmente eu estava rejeitando, porque se não estivesse grávida naquele momento seria mais fácil reconquistar meu marido. Então, me foi recomendado mudar o sentimento. Foi-me dito que devia acariciar a barriga e projetar amor para que essa criança fosse para frente até o nascimento. Eu realmente comecei a mudar e ele graças a Deus nasceu bem, forte. Aliás, foi o filho meu que nasceu mais forte. Como o senhor explica este acontecimento frente o que acabou de falar (o espírito ainda não está ligado à matéria). Para onde foi esse sentimento?

Para o espírito. Ele está desligado da matéria, mas pode perceber as coisas espirituais como o sentimento enviado por outro espírito.

Na verdade o sentimento não influencia matéria, mas sim espírito. Quando você projetou amor atingiu o espírito. Nada teve a ver com a matéria.

Participante: Ele recebeu este sentimento através do corpo?

Não, ele não estava ligado ao corpo. Ele não tinha sensibilidade pelo corpo físico que estava dentro da sua barriga. O espírito capta o sentimento não através da matéria, mas através do Universo quando não está ligado a um corpo físico.

Participante: E o que esse sentimento tem a ver com o desenvolvimento da matéria?

Nada. Não tem nada a ver com matéria.

Aliás, o que estava definhando não era a matéria, mas o espírito.

Participante: Não entendi. Como que o espírito estava definhando antes de nascer?

Sentimentalmente.

O definhar do espírito é sentimental. Ou seja, ele perde a graça da existência, perde felicidade de vida. Ele perde essas coisas.

Não está se falando de matéria. Você é que pensou que o definhar era a carne, mas não era a carne que estava definhando, mas sim o espírito. Portanto, tudo que falou que aconteceu é real, só que está se falando no campo espiritual, não no material.

Na verdade, o que precisa ficar bem claro é que o espírito na barriga da mãe não tem sensibilidades nas mãos, não tem a capacidade de cheirar, ouvir ou ver. Isto porque o espírito não está ligado àquela matéria. Ele vê com os olhos espirituais, não com o olho da matéria. Ele sente com o perispírito e não é com o corpo material.

Participante: Ele fica colado ao corpo da mãe?

Não, ele não fica colado: fica junto. Ele não está dentro da barriga: está do lado de fora da mãe.

O espírito fica junto ao corpo materno adormecido, ou seja, com a sua consciência adormecida. Mas, apesar disso, o inconsciente funciona.

Participante: Fora onde?

Onde é fora do corpo?

Participante: Qualquer lugar...

Sim, ele está em qualquer lugar. Em cima, embaixo, do lado, embaixo dos pés: isso não tem diferença.

Participante: Esse sentimento do espírito é transferido para o corpo que irá nascer?

Não: é de espírito para espírito. O corpo não tem nada a ver com isso.

Participante: Mas, no meu caso da rejeição, ele pode guardar isso no inconsciente e depois vir à tona enquanto estiver encarnado?

Sim, mas no espírito.

Repito: este processo não tem nada a ver com a carne. No caso presente, o inconsciente que estou falando é a inteligência do espírito e não da mente. Sendo assim, o sentimento de ter sido rejeitado está ligado nele espírito. Na verdade, o que ele guarda é o sentimento de rejeição e não o ato de rejeitar.

Mas, não se preocupe com isso: ele só vai guardar qualquer coisa se tal lembrança for necessária para suas provas, ou seja, para o seu carma. Se não for, ele não guardará nada.

Participante: Insisto na pergunta: o sentimento recebido pelo espírito poderia ter sido transferido para o corpo definhando-o?

Não.

Participante: Isso não é possível?

Não.

Quem constrói o corpo?

O corpo não é feito pelo corpo. O corpo do bebê não é feito pelo corpo da mãe. Se acreditássemos nisso, teríamos que dizer que o corpo da mãe é inteligente, pois saberia criar um outro corpo. Se tivesse esta capacidade, seria Deus.

Lembrem-se do que já vimos: o seu corpo não é capaz nem de movimentar-se; é o espírito que cria o movimento através do fluído cósmico universal. Como, então, poderia criar a movimentação de construção de outro corpo sem a ação dos espíritos?

A formação do corpo do bebê é trabalhada externamente por espíritos desencarnados. Quem está construindo o corpo do feto dentro da barriga são os espíritos fora da carne. São plêiades de espíritos que trabalham criando, formando e formatando a matéria.

Então veja. O espírito que irá encarnar não pode mandar na formação do corpo com o qual ele vai nascer. Isso porque já há uma descrição prévia deste corpo de acordo com as provas e missões que serão vivenciadas por aquele espírito.

Participante: O corpo do bebê dentro da barriga, então, não tem o perispírito? O perispírito pertence ao espírito que ainda está fora. É isso?

Perfeito.

Participante: O espírito que está para encarnar sente o aborto, mesmo que seja só no campo sentimental?

Não, ele não sente o aborto: sente o sentimento de rejeição da mãe.

Ele não percebe o aborto, ou seja, a raspagem, mas sim o sentimento que a mãe está nutrindo naquele momento. Isto porque os atos físicos estão acontecendo no corpo e não no espírito e o ser universal só se liga ao corpo, ou seja, tem percepções físicas, depois do nascimento.

Sendo assim, posso afirmar que ele não sente o aborto material: sente o sentimento que levou a mãe ao aborto. São coisas completamente diferentes. Por isso, ao invés de dizer que ‘estão mexendo na minha mãozinha’, as mensagens espirituais deveriam dizer: ‘estão mexendo no meu coração, estão me rejeitando sentimentalmente’.

Agora, uma coisa precisa ficar bem clara: só quem sente isso é o espírito que tem como prova se abortado. Ele vem com a vicissitude de ser abortado, mas não quer ser. Isso acontece com espíritos que estão em provas, pois aquele que tem a consciência de que precisa ser abortado está apenas em missão e não em provas.

Sendo assim, os personagens destas mensagens que defendem o não aborto, que a humanidade acha que são anjos puros, são espíritos querendo fugir da sua própria prova. Este ser veio para ser abortado, faz parte do carma dele e está renegando esse acontecimento na existência dele.

Na verdade, não existe um aborto, mas sim uma vicissitude que gera uma provação para o espírito. Isto está certo?

Para entendermos isso pergunto: quem faz o aborto? Quem é o médico que realiza esta intervenção?

Participante: É Deus.

Sim, é Deus, a Causa Primária de todas as coisas.

Quem pode ser abortado? Quem precisa e merece ser abortado.

A partir destas constatações é preciso que entendamos uma coisa: quando falamos mal do aborto, estamos utilizando um sentimento material e não espiritual. Isso porque estamos defendendo a preservação da vida carnal.

O espírito não quer permanecer vivo. Ele está doido para sair da matéria, para voltar à sua condição espiritual. Só o ser humano que quer preservar essa vida.

Mas, de nada adianta apenas saber de tudo isso. Como já dissemos, é preciso, a partir destes conhecimentos, mudar a forma de raciocinar.

A matéria não pode gerar matéria: isso deve nos levar a entender que não é a mãe que está fazendo o filho. O espírito não constrói o seu corpo porque ele não está ligado ao corpo: isso quer dizer que não são as reações químicas e biológicas que estão conferindo uma carga genética àquele corpo, mas sim que os espíritos fora da carne que constroem o corpo. Isso quer dizer que o corpo não será construído por acaso, mas de acordo com o planejamento universal daquela encarnação, pois os espíritos trabalhadores não seguem os seus desejos, mas guiam-se pelas ordens que vem de Deus, Causa Primária de todas as coisas...

 Participante: Existem relatos onde espíritos abortados sentem até dor pela expulsão forçada. Isso é real?

Sim, existem espíritos que sentem esta dor. Mas, quem sente esta dor? Aquele que está desgostoso com o que está acontecendo, ou seja, que não está realizando a sua provação com amor universal.

Apesar de ter respondido sim, deixe-me deixar uma coisa bem clara: a dor não é no corpo, mas sim no espírito. Não existe dor no corpo físico, quer seja no feto ou no corpo adulto. A dor é formada pelo espírito dentro do espírito. É uma sensação que o ser vivencia.

Sendo assim, mesmo que não estivessem mexendo naquela carne, este espírito poderia sentir dor.

Participante: Quando o cordão de prata começa a se conectar entre o espírito e o corpo do bebê?

Depois do nascimento...

Na verdade, não há uma época certa para isso acontecer, mas só ocorrerá depois do nascimento.

Participante: Quando o espírito passa pelo processo de ameaça de aborto, mas acaba nascendo, podemos dizer que esse processo já é uma prova para ele?

Sim, claro.

O aborto é uma prova; o quase aborto é uma prova; a rejeição é uma prova. Tudo é prova. Cada acontecimento da vida de uma alma, de um ser humanizado, ou do ser espiritualizado, de um espírito, faz parte da oportunidade de progresso espiritual dele, sempre.

Um conselho: joguem fora tudo que sabem cientificamente. Se não fizerem isso, não vão conseguir entender o que digo. Isso porque quando falo em matéria, não estou me referindo a matéria como vocês conhecem, mas sim do fluído universal.

Se tudo é fluido universal, como já estudamos, vamos, então, falar de fluido universal. Não vamos falar de corpo, de carne, de matéria, de células.

136b. Que seria o nosso corpo, se não tivesse alma? Simples massa de carne sem inteligência, tudo o que quiserdes, exceto um homem.

Cocô.

Na verdade a carne sem o espírito é nada. É matéria, elemento do Universo: só isso. Não é um ser inteligente, não é um homem.

É por isso que eu digo: façam churrasco da carne do homem quando ele morrer. Assim, pelo menos vocês aproveitam a carne.

137. Um Espírito pode encarnar a um tempo em dois corpos diferentes? Não, o Espírito é indivisível e não pode animar simultaneamente dois seres distintos.

Só existe um espírito para cada corpo. Vou mais longe: só existe um corpo para cada espírito.

A partir disso, posso dizer com relação a processos obsessivos: nenhum espírito pode ocupar o seu corpo. O obsessor pode dominar o espírito e comandar o corpo através dele, mas não comandar o corpo diretamente. Ele pode fazer o espírito fazer o que ele quer, mas não dizer: esse corpo agora é meu, sai daqui.

 Da mesma forma, no trabalho espiritual através de incorporação também não se ocupa o corpo. O espírito se liga no corpo de fora dele, não o ocupa.

Participante: Como dois espíritos podem juntar seus perispíritos em um corpo xifópagos? Por exemplo: um corpo com dois tórax e uma única pélvis?

Mas, quem disse que os perispíritos estão juntos?

Participante: Porque existem órgãos comuns.

Repito: mas quem disse que os perispíritos estão juntos? São dois perispíritos.

Em um corpo xifópago os perispíritos ficam independentes. Eles não se juntam: dois perispíritos estão presentes.

Participante: Levando isso em conta, os chacras, que a gente querendo ou não absorve alguns tipos de sentimentos de energia, estão sujeitos aos mesmos ataques de energias?

Só o chacra que não escolhe o que entra. Os chacras que escolhem o que receber não estão sujeitos ao mesmo ataque.

Participante: Insisto na pergunta: duas pessoas grudadas, que possuem duas cabeças, dois corações, mas um só intestino, têm dois perispíritos ou um só?

Mesmo se os corpos têm um só intestino, existem estômago em dois perispíritos. No entanto, estes dois estômagos perispirituais estão no mesmo lugar...

 Sei que ao dizer que os dois estão no mesmo lugar vou criar confusão, porque para vocês duas coisas que estão no mesmo lugar são uma só. Apesar disso, afirmo: estão no mesmo lugar, mas não há fusão entre eles.

Participante: Levando-se em conta que nós estudamos que o espírito quando assume um corpo humano está preparado para inconscientemente comandá-lo, ou seja, fazer o coração e todos os órgãos internos funcionarem, como fica isso no caso de xifópagos, já que existem dois espíritos e um só corpo para ser comandado?

Simples: os espíritos, antes da encarnação, acertam quem vai mandar em que.

Ao fazer uma pergunta desta, nós nos esquecemos de algo que já vimos: a vida é toda preparada antes do nascimento. Será que vocês imaginam que os espíritos vão esperar chegar à carne para, então, ver o que irão fazer?

138. Que se deve pensar da opinião dos que consideram a alma o princípio da vida material? É uma questão de palavras, com que nada temos. Começai por vos entenderdes mutuamente.

A alma é o espírito na vida humana. Só há vida se houver espírito.

Alma, espírito e outros nomes que se dá ao ser universal são apenas palavras e, por isso, não devemos nos preocupar com isso. O que precisamos entender é que existe um único espírito que passa por determinadas circunstâncias durante a sua existência eterna e uma dessas circunstâncias é a encarnação. Só isso.

139. Alguns Espíritos e, antes deles, alguns filósofos definiram a alma como sendo: “uma centelha anímica emanada do grande Todo”. Por que essa contradição? Não há contradição. Tudo depende das acepções das palavras. Por que não tendes uma palavra para cada coisa?

Kardec fala que o espírito é definido como uma centelha do grande todo. Quem seria o grande todo?

Participante: Deus.

Se Deus é o grande Todo, o que seria uma centelha Dele? O espírito que Ele gera.

Então, a resposta à Kardec deveria ser sim, pois a alma é uma centelha que vem do grande todo, é um espírito que é gerado por Deus.

Mas, o Espírito da Verdade aproveita esta questão para deixar um grande ensinamento: tudo depende das acepções das palavras. Ou seja, os erros que vocês imputam aos outros quando a questão é o universal acontecem porque querem entender as coisas do Universo por palavras.

Palavras não podem descrever o que vocês não conhecem, pois elas possuem significados fundamentados em coisas que conhecem. Como, então, querem entender o que não conhecem através de palavras? Como podem entender o que não conhecem partindo do que conhecem?

É difícil se conhecer o que não conhece a partir do que se conhece, pois o que é conhecido não é desconhecido. Como podem conhecer coisas novas se não largam conceitos pré-concebidos (o que é conhecido)?

O que precisamos entender é que para poder se penetrar no mundo dos espíritos não se pode querer comparar este mundo às coisas mundo material. É preciso extrapolar a matéria (o conhecimento material) para poder se compreender alguma coisa do mundo universal.

Um exemplo disso foi o que falei agora a pouco quando disse que os dois perispíritos de espíritos ligados à seres humanos não estão nem em cima ou embaixo: estão juntos. Muitos, que acham que podem compreender as coisas espirituais porque possuem conhecimentos materiais, perguntariam: como pode ser isso? Eu teria que responder apenas: sendo. Não poderia, como não pude, entrar em mais detalhes porque vocês não possuem conhecimento para compreender isso.

COMENTÁRIO DE KARDEC

O vocábulo alma se emprega para exprimir coisas muito diferentes. Uns chamam alma ao princípio da vida e, nesta acepção, se pode com acerto dizer, figuradamente, que a alma é uma centelha anímica emanada do grande Todo. Estas últimas palavras indicam a fonte universal do princípio vital de que cada ser absorve uma porção e que, após a morte, volta à massa donde saiu. Essa ideia de nenhum modo exclui a de um ser moral, distinto, independente da matéria e que conserva a sua individualidade. A esse ser, igualmente, se dá o nome de alma e nesta acepção é que se pode dizer que a alma é um Espírito encarnado. Dando da alma definições diversas, os Espíritos falaram de acordo com o modo porque aplicavam a palavra e com as ideias terrenas de que ainda estavam mais ou menos imbuídos. Isso resulta da deficiência de linguagem humana, que não dispõe de uma palavra para cada ideia, donde uma imensidade de equívocos e discussões. Eis por que os Espíritos superiores nos dizem que primeiro nos entendamos acerca das palavras.

140. Que se deve pensar da teoria da alma subdividida em tantas partes quantos são os músculos e presidindo assim a cada uma das funções do corpo? Ainda isto depende do sentido que se empreste à palavra alma. Se se entende por alma o fluido vital, essa teoria tem razão de ser; se se entende por alma o Espírito encarnado, é errônea. Já dissemos que o Espírito é indivisível. Ele imprime movimento aos órgãos, servindo-se do fluido intermediário, sem que para isso se divida.

A resposta está bem clara: o espírito é um só. Ele, vamos dizer assim, é o comandante do corpo como um todo.

 

140a. Entretanto, alguns Espíritos deram essa definição. Os Espíritos ignorantes podem tomar o efeito pela causa.

O efeito ao qual o Espírito da Verdade se refere é o fazer.

Se um espírito faz o braço se movimentar, os ignorantes acreditam que exista um espírito do braço. Mas, não existe um espírito para o braço ou para a perna: existe apenas um comandante do corpo como um todo.

Portanto, é um só espírito que faz todas as coisas acontecerem no corpo.

141. Há alguma coisa de verdadeiro na opinião dos que pretendem que a alma é exterior ao corpo e o circunvolve?

Na verdade a pergunta de Kardec quer dizer: a alma, que está fora do corpo, o envolve?

A alma não se acha encerrada no corpo, qual pássaro numa gaiola.

Veja que grande informação: a alma não está encerrada no corpo como passarinho na gaiola. A partir disso posso afirmar: encarnar não é habitar um corpo, estar preso dentro do corpo, mas sim estar ligado a um.

O espírito não está necessariamente preso ao corpo, dentro dele: está ligado a ele. Isso é muito importante entendermos, pois a partir do momento que isso for consciente, nós, espíritos podemos até atravessar uma parede. Hoje não conseguimos atravessar uma parede porque queremos levar o corpo junto.

Mas, a resposta a esta questão tem ainda outras partes. Vamos vê-las.

A alma se Irradia e se manifesta exteriormente, como a luz através de um globo de vidro, ou como o som em torno de um centro de sonoridade. Neste sentido se pode dizer que ela é exterior, sem que por isso constitua o envoltório do corpo. A alma tem dois invólucros. Um, sutil e leve é o primeiro, ao qual chamas perispírito, outro, grosseiro, material e pesado, o corpo. A alma é o centro de todos os envoltórios, como o germem em um núcleo, já o temos dito.

O corpo físico vem depois do perispírito.

O perispírito é o primeiro corpo. Por isso posso afirmar, que mesmo encarnado, o corpo do espírito é o perispírito. Sendo assim, o que vocês chamam de corpo (o humano), nada mais é do que uma roupa que se coloca em cima do perispírito, como aliás já havia falado.

Isso precisa ficar bem claro, porque vocês dizem que são a mão, a cara, os braços, mas estas coisas não são nem o seu corpo, que dirá você mesmo. São apenas elementos de uma roupa.

 

142. Que dizeis dessa outra teoria segundo a qual a alma, numa criança, se vai completando a cada período da vida? O Espírito é uno e está todo na criança, como no adulto. Os órgãos, ou instrumentos das manifestações da alma, é que se desenvolvem e completam. Ainda aí tomam o efeito pela causa.

O espírito é um só e, quando encarna, já está, espiritualmente falando, pronto. Ele não se forma ao longo da encarnação.

Por isso, posso dizer que a criança humana é um espírito velho. Não é um espírito novo, recém-nascido, mas um velho que vem de diversas encarnações.

143. Por que todos os Espíritos não definem do mesmo modo a alma? Os Espíritos não se acham todos esclarecidos igualmente sobre estes assuntos. Há Espíritos de inteligência ainda limitada, que não compreendem as coisa abstratas. São como as crianças entre vós. Também há Espíritos pseudo-sábios, que fazem alarde de palavras, para se imporem, ainda como sucede entre vós. Depois, os próprios Espíritos esclarecidos podem exprimir-se em termos diferentes, cujo valor, entretanto, é, substancialmente, o mesmo, sobretudo quando se trata de coisas que a vossa linguagem se mostra impotente para traduzir com clareza. Recorrem então a figuras, a comparações, que tomais como realidade.

Esta é uma pergunta muito interessante de Kardec.

Anteriormente estudamos neste mesmo livro que através da informação trazidas pelos espíritos Deus repassa conhecimento para o planeta. Agora, o Espírito da Verdade afirma: diversos espíritos falam coisas diferentes, ensinam verdades diferentes. Como, então, saber qual a mensagem é verdadeira?

Na verdade não existe ninguém falando nada diferente. O que existe são interpretações diferentes para uma só mensagem. No fundo todos falam a mesma coisa, mas cada um que recebe a mensagem a interpreta do jeito que quer.

Portanto, para podermos compreender bem esta questão da multiplicidade de informações, precisamos compreender o que é interpretar. O que é interpretar um texto?

Participante: Entender um texto.

Sim, interpretar um texto é alcançar um entendimento sobre ele. Mas, a interpretação de um texto é feito a partir do que? A partir do que se entende o texto? Não. Eu diria que a interpretação de um texto é feita a partir das verdades que você coloca no raciocínio enquanto lê o texto.

Vou dar um exemplo para entendermos melhor o que quero dizer. Se você é racista, por exemplo, e lê um texto que ataca os negros, vai dizer que é um texto ótimo. Que ele é formado de verdades. Agora, se não é racista, não vai achar aquele texto verdadeiro.

A partir desta simples visão, posso dizer que todas as interpretações são formadas a partir de verdades pré-existentes. Ou seja, a sua compreensão sobre qualquer texto é formada a partir do que você já acredita e não do que quem escreveu acreditava. É o que você acha sobre o assunto que servirá como base para a formação de uma interpretação.

Vamos mais longe neste assunto. Digamos que você vai a uma palestra em um centro espírita onde o palestrante está falando a respeito de ensinamentos contidos em O Livro dos Espíritos. Será que o que ele está falando é o que Kardec compreendia quando escreveu este livro? Não, ele está passando uma interpretação dele, ou seja, verdades que surgiram quando ele leu O Livro dos Espíritos e o interpretou segundo suas crenças anteriores. Não é mais o que Kardec escreveu, mas o que ele achou a partir do que Kardec escreveu.

Se isso é verdade, pergunto: quem nós devemos ouvir? Se cada um repassa apenas a sua compreensão sobre o tema, a quem nós devemos ouvir? Àquele que utiliza como base para a interpretação as verdades ensinadas pelos mestres...

Vou dar um exemplo. Cristo ensina que não se deve amealhar bens na Terra. Isso é uma verdade trazida por um mestre que deve estar presente na interpretação de qualquer ensinamento que você receba.

Agora digamos que você ouça alguém citar uma passagem de um livro cristão dizendo que ela afirma que o ser humano deve desejar possuir bens terrestres. Esta informação é verdadeira? Não.

Trata-se apenas de uma interpretação feita a partir de valores individuais daquele espírito encarnado e não o que Cristo quis dizer. Isso porque aquele ser humanizado ao interpretar tal passagem não utilizou as verdades de Cristo, mas as suas próprias: o seu achar que possuir elementos materiais é certo.

Então veja: é necessário na hora que ouvimos uma opinião avaliá-la a partir das verdades trazidas pelos mestres. Isso porque eles vieram em nome de Deus, vieram trazer a verdade de Deus.

Esta é, vamos dizer assim, a base para interpretar qualquer ensinamento religioso. É por isso que Cristo diz assim: quem fala em meu nome não pode ser contra mim. Ou seja, quem utiliza as bases da verdade que Cristo trouxe, só pode estar falando o que ele trouxe.

Quando alguém utiliza como base do que está falando o que ele acha, o que sabe, não está falando em nome de Cristo, mas em seu próprio nome. Ele está passando uma interpretação pessoal sobre o assunto e não uma verdade trazida por um mestre.

É isso que precisamos entender quando nos deparamos com diversas interpretações sobre um assunto: qual a interpretação se apega ao ensinamento do mestre, ao total ensinamento do mestre? É isso que temos que estar sempre preocupado em perceber.

144. Que se deve entender por alma do mundo? O princípio universal da vida e da inteligência, do qual nascem as individualidades. Mas, os que se servem dessa expressão não se compreendem, as mais das vezes, uns aos outros. O termo alma é tão elástico que cada um o interpreta ao sabor de suas fantasias. Também a Terra hão atribuído uma alma. Por alma da Terra se deve entender o conjunto dos Espíritos abnegados, que dirigem para o bem as vossas ações, quando os escutais, e que, de certo modo, são os lugares-tenente de Deus com relação ao vosso planeta.

Existe na verdade uma, vamos dizer assim, alma do planeta. Ela é constituída pelo somatório dos espíritos que encarnam no planeta Terra. Mas, esta alma não existe como uma individualidade, mas sim como um grupo.

Portanto, falar em alma do planeta é apenas um jogo de palavras e, por isso, não vou me prender a isso.

145. Como se explica que tantos filósofos antigos e modernos, durante tão longo tempo, hajam discutido sobre a ciência psicológica e não tenham chegado ao conhecimento da verdade? Esses homens eram precursores da eterna Doutrina Espírita. Prepararam os caminhos. Eram homens e, como tais, se enganaram, tomando suas próprias ideias pela luz. No entanto, mesmo os seus erros servem para realçar a verdade, mostrando o pró e o contra. Demais, entre esses erros se encontram grandes verdades que um estudo comparativo torna apreensíveis.

Sem comentários.

146. A alma tem, no corpo, sede determinada e circunscrita? Não; porém, nos grandes gênios, em todos os que pensam muito, ela reside mais particularmente na cabeça, ao passo que ocupa principalmente o coração naqueles que muito sentem e cujas ações têm todas por objeto a Humanidade.

Deixe-me explicar porque não vou comentar essa pergunta.

Numa pergunta anterior, Kardec questionou se o ser está dentro da carne e o Espírito da Verdade disse que não. Agora Kardec pergunta: em que parte da carne está o espírito? Ora, se já foi dito que ele não está dentro da carne, não está dentro da carne. Só isso.

Esta questão de se pensar de que por ser o princípio inteligente o espírito está no cérebro ou de que por sentir está no coração, é estória. Se o espírito não está dentro da carne, ele não está localizado em nenhum órgão.

146a. Que se deve pensar da opinião dos que situam a alma num centro vital? Quer isso dizer que o Espírito habita de preferência essa parte do vosso organismo, por ser aí o ponto de convergência de todas as sensações. Os que a situam no que consideram o centro da vitalidade, esses a confundem com o fluido ou princípio vital. Pode, todavia, dizer-se que a sede da alma se encontra especialmente nos órgãos que servem para as manifestações intelectuais e morais.

O espírito não está dentro do corpo: isso é definitivo.

Precisamos parar de nos preocuparmos com questões como essa, pois o que realmente importa é a reforma íntima e para realizá-la não é necessário se saber questões tão ínfimas como estas.