Reforma íntima - Textos - Volume 09

Escolhendo as provas

Escolher as provas é uma atividade individual. Cada ser, consciente do seu individualismo, pede uma nova chance de provar que é capaz de abrir mão dos seus desejos e vivenciar uma encarnação com fé, cumprindo a lei divina. No entanto, aqueles que já passaram por isso, sabem que é um ato de bravura, que não se reflete necessariamente em vitória quando no campo de batalhas.

Por esse motivo existe sempre um amigo espiritual auxiliando o ser universal quando da confecção do livro da vida. Apesar da escolha ser uma decisão pessoal como já dissemos, o espírito é sempre orientado nesse momento por alguém que tenha maior experiência.

O trabalho desse “mentor” é controlar o afã do ser universal. O espírito se sente fortalecido quando de posse da sua consciência espiritual pelas suas convicções e sempre pede mais provas do que pode realizar. Esse mentor, então deverá orientá-lo no sentido de programar provas que realmente tenha condições de vencer e não se expor a perigos inutilmente.

Toda coordenação desse processo é feita por Deus, mas o espírito dialogando com o seu “mentor” acabará montando uma encarnação em que seja realmente possível que ele vença, ou seja, supere os individualismos que veio combater. É o que afirma o ditado popular: Deus dá a cruz que cada um pode carregar.

 Em não havendo esse recurso, certamente o espírito se comprometeria para o seu futuro espiritual. A consciência espiritual é muito diferente da material.

“O viajante que atravessa profundo vale ensombrado por espesso nevoeiro não logra apanhar com a vista a extensão da estrada por onde vai, nem os seus pontos extremos. Chegando, porém, ao cume da montanha, abrange com o olhar quanto percorreu do caminho e quanto lhe resta dele a percorrer. Divisa-lhe o termo, vê os obstáculos que ainda terá de transpor e combina então os meios mais seguros de atingi-lo. O espírito encarnado é qual viajante no sopé da montanha. Desenleado dos liames terrenais, sua visão tudo domina, como a daquele que subiu à crista da serrania. Para o viajor, no termo da sua jornada está o repouso após a fadiga; para o Espírito, está a felicidade suprema, após as tribulações e as provas”. (livro dos Espíritos – pergunta 266).

De tudo o que o espírito originalmente pediu para vencer, na verdade, apenas vinte por cento é programado para uma existência. Claro que esse percentual é aproximado, mas o que deve ficar bem claro é que os acontecimentos da vida refletem apenas uma pequena porcentagem de tudo aquilo que o espírito achou que poderia “vencer” nessa encarnação.

A “vida”, portanto, é a justa medida de provas que o espírito pode vencer.