2ª Conversa - Relações familiares e relações amorosas

O incômodo causado pela ação do outro

Participante: quem propôs o tema fui eu. O que queria era falar sobre os limites da relação entre os membros de uma família. Embora eu saiba que tudo é Deus, ou melhor, procuro saber, no meu caso as fronteiras da relação são um tanto frágeis no sentido de que, por exemplo, uma mãe acredita que tem e deve ter controle sobre todos os membros da família. Isso me incomoda bastante e creio que as minhas maiores provas estejam relacionadas a este tema. Não consigo ficar em paz quando isso acontece. Sinto-me presa emocionalmente.

O incômodo é exatamente o detalhamento que estava falando. Isso porque este incômodo vai lhe mostrar a sua posse.

O que lhe incomoda? A sua mãe querer estabelecer limites para todos, não só para você. Está certo, isso lhe incomoda, mas porque faz isso? Porque acha que ela não deveria ser assim.

Ora, você acabou de achar o seu inimigo. O soldado que lhe tira a paz é a sua paixão e a posse pela forma contrária a que sua mãe age. É aí que precisa trabalhar. É a isso que precisa responder.

Como fazer isso? Primeiro sabendo que não é a sua mãe que quer ser assim. Não é ela que escolheu ser assim. Ela é desse jeito porque o núcleo familiar ao qual pertence precisa dessa prova. Porque? Porque os seus membros são espíritos que têm essa possessão dentro de si.

O caminho é sempre esse: encontrar o que lhe incomoda, o que lhe tira a paz. Para que? Para encontrar o que queria. Para que? Para usar argumentos que destruam aquela pretensão.

A sua mãe, para você que é espiritualista, deve ter todo o direito de ser do jeito que é, porque você acredita em encarnação, em provas e, como está na pergunta 132 de O Livros dos espíritos, acredita que um espírito toma um corpo para aqui, sob as ordens de Deus, contribuir para a obra geral.

Por causa dessa crença, você tem que dar a ele todo o direito de ser do jeito que é. Mais: você deve entender que ela tem obrigação de ser assim. Se ela não fosse, você não teria a oportunidade de libertar-se dessa paixão, posse e desejo. Não se libertaria do seu individualismo.

É esse o trabalho que precisa ter com a mente. É essa discussão que lhe leva a paz. É por causa dela que o nome desta conversa é ser um guerreiro da paz.

Aquele que quer viver em paz precisa guerrear com a mente. Não para derrota-la, não pra matá-la, porque isso é impossível, mas para vencer batalhas. Essa guerra é exatamente o que estamos conversando: expor a si mesmo a realidade do mundo e conversar com a mente para retirar a paixão, a posse, o desejo, o individualismo que está presente nas formações mentais.

É isso que você precisa fazer. Agora, não pense que por causa dessa sua disposição para lutar essas batalhas conseguirá silenciar a mente para sempre. Tenha a certeza que amanhã ela voltará ao ataque, novamente usará os soldados do inimigo da paz. Neste momento há uma nova batalha a ser vivida. É uma nova hora onde deve silenciar o que a mente diz com este ou com outro argumento.

Este é o trabalho pela paz. Ter paz dá trabalho. Estar em paz é resultado do fruto de um trabalho. É isso que vocês precisam entender. Portanto, é sempre necessário encontrar argumentos que destruam aqueles que estão sendo usados para lhe causar incômodo.

No seu caso específico, a mente está usando o argumento que ela não devia ser do jeito que é. Para combate-lo é preciso que você diga a ela que sua mãe deveria, que tem todo o direito e obrigação de ser, porque se não fosse assim, você não teria a sua prova.

É desta forma que você precisa lutar para poder alcançar a sua paz.