2ª Conversa - Relações familiares e relações amorosas

Companheirismo

Participante: sou casado há quarenta anos e as vezes é como se fosse a primeira vez. Quando estou irritado ela me faz lembrar de você e vice versa. Somos companheiros em vários carmas. Nunca brigamos ou discutimos assuntos familiares. Um dos dois sempre cede defendendo sempre um e outro.

Perfeito. É desse companheirismo que estou falando. Amar o outro é um ser o suporte do outro.

Me lembro de uma história antiga onde uma mulher queria ir à praia e o marido ao futebol. Eu disse a ela que se o amava deveria ir ao futebol com ele. Ela, então, me perguntou se na outra semana acontecesse tudo de novo o que deveria fazer. Disse para ela novamente ir com o marido ao futebol. Finalmente ela me perguntou: ‘quando eu vou à praia’?

Essa é uma questão que precisa ficar muito clara na relação. O companheirismo jamais pode buscar lucro individual, mas sim servir ao outro. Fazer pelo outro sem esperar retorno. Se acontecer, ótimo, se não ótimo também.

Companheiros são duas pessoas que estão sempre disponíveis um para o outro. Para se tornar disponível para alguém, é preciso superar o individualismo, a posse, a paixão e o desejo individual. Se não se supera tudo isso, jamais se serve ao outro: sempre irá querer ser servido.

O companheirismo existe quando um, como você disse, está mal, mesmo que você também esteja engole o que está sentindo para ajudar o outro. Essa deveria ser a base da relação entre todos os seres humanos, mas não é. No entanto, se pelo menos no núcleo familiar, que é a coisa que conversamos, conseguir colocar em prática, conseguirá um pouco de paz.

Quando falei em respeitar o direito do outro até lhe desrespeitar, falei exatamente neste serviço: no apoio ao próximo, no estar sempre lado a lado do outro, sem esperar que um dia ele esteja ao seu lado. Isso deveria ser o amor, mas não é o que vivem.

Obrigado pelo exemplo.