2ª Conversa - Relações familiares e relações amorosas

Vida familiar do espiritualista

Há mais um detalhe que queria falar neste momento. Ele é específico para os espiritualistas.

Deixe-me dizer uma coisa: tudo na vida tem um custo. Na vida, em tudo, é preciso que você faça alguma coisa em troca de outra. Isso é algo que tenho repetido e agora vou falar novamente.

Todos que estão aqui dizem – e se não dissessem não estariam – que estão buscando o espiritualismo, a espiritualidade, a elevação espiritual. Essa busca tem um custo. Qual é? Viver de acordo com o padrão de quem busca a felicidade, a elevação espiritual, a espiritualidade.

O que mais se vê hoje, e o que mais se viu sempre, são espiritualistas que leem, ouvem, assistem filmes, com informações sobre o trabalho do espiritualismo e quando acabam de entrar em contato com aquela informação viram para o lado e continuam vivendo do mesmo jeito. Isso não dá certo.

Como Cristo ensinou, não se serve dois senhores ao mesmo tempo. Não há como você querer viver na roda espiritualista e depois querer viver a vida material como aqueles que não fazem esta busca. Tudo o que se ensina a partir da visão espiritualista deve passar a fazer parte do dia do espiritualista. Deve passar a fazer parte da compreensão que ele tem sobre as coisas deste mundo.

Ah, esqueci, vocês têm uma boa desculpa para isso: a mente não faz. Só que ela nunca fará; é preciso que você faça. A mente sabe das informações que vocês já receberam, mas elas não as usará nos acontecimentos da vida. É preciso que você a lembre constantemente disso.

Estou falando isso porque é exatamente esta falta do colocar em prática o que foi aprendido, de mudar a compreensão das coisas da vida, que leva as pessoas espiritualistas a terem problemas com relações familiares. São pessoas que dizem que estão buscando a elevação espiritual, mas querem viver a vida do núcleo familiar pelos valores humanos e não se atentam a nenhuma das informações do mundo espiritual neste momento.

Aquele que sabe que era antes de ser, aquele que antes de encarnar era um espírito e que veio para esta vida para fazer provas, não tem como viver as relações de um núcleo familiar da mesma forma que vive aquele que não sabe disso. Quem sabe que era antes de ser, sabe que está em provas e que todos os seus companheiros diretos de jornada estão ali para lhe proporcionar a oportunidade de fazê-las.

Aplique agora esta visão que foi ensinada pelos mestres ao seu núcleo familiar. Se fizer isso, descobre que as pessoas com as quais se relaciona dentro deste núcleo são companheiros de encarnação e não pai, mãe ou irmão. Saberá que ele está ali para exercer uma atividade, que é uma missão, para através dela lhe gerar a oportunidade de gerar as suas provações.

Veja como as coisas mudaram. Não é a sua mãe que não lhe dá carinho ou que é autoritária. É um espírito que é desse jeito para que cale em si mesmo o seu individualismo, aquilo que quer que ela seja ou faça.

É isso que você precisa conversar com sua mente na hora que ela vem e lhe diz que não tem paz porque a sua mãe é do jeito que é, porque ela não lhe dá paz. Você precisa dizer a ela que a sua mãe não está ali para lhe dar a paz, mas para trazer a espada para que você mate dentro de si algo e com isso possa conquistar a elevação espiritual.

Precisa dizer à sua mente que aquela pessoa com a qual se relaciona no núcleo familiar é um espírito em missão que está provocando em você uma determinada posse, paixão e desejo, para que possa fazer o seu trabalho de reforma. É isso que eu diria que está faltando na maioria de todos os conflitos que vivem: colocar a verdade espiritual, já que diz que acredita nela.

Vocês passam o dia inteiro lendo sobre despossuir, sobre o mundo terrestre ser uma fantasia criada pelos seus cinco agregados, mas chega na hora que um membro do seu núcleo familiar briga, você faz beicinho.

Você reclama dessas pessoas. Onde, então, foi parar a sua ideia de despossuir? Onde foi parar a sua ideia de que este mundo é maya?

Este é o trabalho pela paz. Primeiramente trata-se de observar dentro dos seus pensamentos a presença da posse, o desejo de controlar a todos e a tudo, a paixão, as coisas que gosta e não gosta, e os desejos, a vontade de que o mundo seja de acordo com suas verdades. Depois disso deve argumentar com a mente que você acredita que deve silenciar essas coisas dentro de si mesmo. Como fazer isso? Usando os diversos argumentos que aprendeu nos livros.

Os ensinamentos são muitos porque para cada caso, para cada situação específica da sua vida, é necessário haver argumentos diferentes. Apesar disso, a certeza de que é espírito e está buscando aproveitar esta vida para a promoção da elevação espiritual, é um argumento que vale para todos os momentos, seja em família, amizade, trabalho ou qualquer outro do mundo humano.

Quando a mente cria as suas realidades e os argumentos, é a hora que deve usar aquilo que diz que acredita, que diz que é muito bonita. Sim, os ensinamentos são bonitos, mas se eles não chegam à prática da vida, se não chegam onde devem chegar, se não atacam o que devem atacar, de que adianta tê-los?

É isso que é o trabalho da paz e será o que faremos nesta série de conversas. Conversaremos dando motivo para que você possa conversar com a sua mente e possa, assim, libertar-se da posse, da paixão, do desejo, do individualismo e das quatro âncoras.