Revelações da revelação - Livro I

Propriedades da matéria

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Pergunta 29
Pergunta 30
Pergunta 31
Pergunta 32
Pergunta 33
Pergunta 33a
Pergunta 34
Pergunta 34a

029. A ponderabilidade é um atributo essencial da matéria? Da matéria como entendeis, sim; não, porém, da matéria considerada como fluido universal. A matéria etérea e sutil que constitui esse fluido vos é imponderável. Nem por isso, entretanto, deixa de ser o princípio da vossa matéria pesada.

Kardec está perguntando ao Espírito da Verdade se matéria é tudo aquilo que pode ser percebido. Em resposta o amigo espiritual diz que com relação à matéria conhecida pelos seres humanizados (elemento material do planeta) sim, mas que estas coisas percebidas ainda não são a matéria universal, pois esta não pode ser percebida pelos sentidos humanos. Isto porque a matéria universal é imponderável para os seres humanizados.

Então, como vimos anteriormente, existe uma matéria universal, mas ela não é ponderável para os seres humanizados. Ela não pode ser vista, sentida ou pega pelos espíritos encarnados no planeta Terra.

A partir deste ensinamento pensemos... Olhe à sua volta, o que vê? Dezenas de coisas, de matérias. Estas matérias são universais por si mesmo? Não, pois elas são perceptíveis pelos seus sentidos.

Na verdade estas coisas não são o que aparentam ser (sofás, cadeiras, mesas, televisão, etc.), porque estes elementos são formados por uma matéria universal que os compõem, mas esta é imponderável a vocês. Estes elementos não são o que aparentam ser, mas combinações de matéria universal (fluído cósmico universal) agrupadas sob determinada forma.

Extraímos daqui um grande ensinamento: tudo aquilo que é ponderável pelo ser humanizado (seja em uma matéria sutil ou densa), ainda não é a Realidade do Universo. Tratam-se apenas de combinações do fluído cósmico universal que não pode ser percebido por vocês. Ou seja, tudo que o ser humanizado pode perceber é apenas uma verdade individual dele.

Apenas os humanos acham que os elementos universais são exatamente o que são percebidas. No entanto, para os espíritos libertos da ação da materialidade, estas coisas possuem valores completamente diferentes.

Pense grande... Pense no próprio planeta... Os cientistas olham para o Universo e vêem milhares de astros... A partir desta observação ficam se perguntando se ele é formado deste ou daquele elemento, mas na verdade o astro em si não existe, pois tudo o que é visto é formado por uma matéria que não pode ser percebida.

Agora imagine mais... Como disse o Espírito da Verdade, tudo é constituído de matéria universal. Sendo assim, aquilo que parece vazio aos sentidos humanos (cosmo) também composto do mesmo elemento.

A partir deste raciocínio posso então dizer algo: o Universo é uma imensa massa de fluído cósmico universal que é percebida de forma variada pelos seres humanizados. Na verdade é como se fosse uma massa de bolo bem homogênea.

As diferenças entre os elementos e suas formas – como, aliás, iremos ver ainda no estudo deste livro – são apenas criações das percepções humanas. Os elementos do Universo não são diferentes nem em forma nem em composição porque tudo que existe é formado originalmente por uma matéria que não pode ser percebida pelo homem.

Então, quem busca elevar-se acima da humanidade precisa compreender que as coisas só serão da forma que estão enquanto ele for humanizado. Pretendendo espiritualizar-se precisam abandonar a concepção de que estas coisas perceptíveis são Verdades e/ou Realidades.

030. A matéria é formada de um só ou de muitos elementos? De um só elemento primitivo. Os corpos que considerais simples não são verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva.

Existe um único elemento no Universo que O Espírito da Verdade chama de matéria primitiva: o fluído cósmico universal. Mesmo aqueles elementos únicos (hidrogênio, carbono, oxigênio – elementos que não são compostos) não são primários porque são composições de fluídos cósmicos universais.

031. Donde se originaram as diversas propriedades da matéria? São modificações que as moléculas elementares sofrem, por efeito da sua união, em certas circunstâncias.

As propriedades da matéria do mundo terrestre não podem ser consideradas como íntimas delas, pois são externas a ela: resultados de combinações de fluído cósmico universal. O fósforo não tem uma determinada propriedade específica a partir de si mesmo, porque ela origina-se da união de fluídos cósmicos universais sob determinadas circunstâncias.

Mas que circunstâncias são essas? De onde surgem as propriedades de um elemento material? Da Causa Primária de todas as coisas (ver pergunta 0007).

Saiba que as propriedades das diversas matérias que os seres humanizados conhecem não são distintas entre si pela ação da própria matéria, mas pela aglutinação de fluído cósmico universal sob determinado comando realizado através do “faça-se” de Deus. É dele que surge a ação da matéria que vocês conhecem e que atribuem às suas propriedades íntimas.

Além disso, temos que nos lembrar de algo que também já falamos: estas circunstâncias, o “faça-se” de Deus, não é sempre igual, ou seja, a ação de da propriedade de uma mesma matéria nem sempre é a mesma. Ela depende do que Deus determina que seja feito.

É por isso que um remédio não faz o mesmo efeito para todas as pessoas. Apesar de todas as unidades do remédio ser compostas pelo mesmo elemento químico, ou seja, pela mesma união de fluídos cósmicos, o “faça-se” que comandou a ação de cada um destes elementos foi diferente.

A partir daí vamos mais adiante em nossas análises práticas. A parafina que compõe uma vela não tem uma propriedade de derreter-se sob a ação do calor. A propriedade que faz com que tal acontecimento ocorra, não está nem nas matérias que compõem a vela nem o fogo.

Ela pertence ao fluído cósmico universal, que por sua vez só a tem quando o “faça-se” de Deus a cria. Se o Senhor não determinar que esta propriedade esteja presente, nada acontecerá, pois ela só surge dentro de determinadas circunstâncias, ou seja, quando Deus assim o determina.

Participante: Isso que o senhor está falando não quebra a lei física?

Não. O que vocês chamam de lei física é apenas uma parte da lei universal. Vou lhe dar um exemplo.

No seu planeta existe uma lei que afirma que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. No entanto eu afirmo que junto com toda matéria que vocês estão percebendo existem outros corpos presentes. Quando falo junto não estou afirmando ao lado, perto, mas no mesmo “lugar”, no mesmo espaço físico.

Junto a esta parede, por exemplo, existem espíritos que estão munidos de perispíritos, ou seja, matéria. A matéria perispírito está no mesmo “lugar” onde se encontra o tijolo, a areia, o cimento, etc. Será que por causa disso a sua lei foi quebrada?

Não, porque você não pode colocar no mesmo lugar duas matérias do seu mundo. O que estou dizendo é que existem juntas matérias de mundos diferentes, ou seja, em densidades diferentes.

Portanto, apesar da sua lei física dizer que isso é impossível, a ciência espiritual lhe afirma que não. Por quê? Porque a ciência espiritual diz que dois corpos de mesma densidade não podem ocupar o mesmo lugar no espaço, mas que se estes estiverem em densidades diferentes podem.

Esta expressão “de mesma densidade” não está presente na lei material, mas existe na lei universal. Não estou, portanto, quebrando a lei de vocês, mas sim a completando.

Agora, dizer que a lei física rege o universal é dizer que o Real é a matéria e que o Universal deve subordinar-se a ela, isso só acontece aos humanos que se imaginam o “centro” do Universo...

Veja bem... Deus não pode contrariar a lei física que você conhece, mas esta é apenas uma parte da lei Universal, que, na verdade, é à qual Ele se submete. Não é Deus quem tem que mudar-se, mas vocês é que precisam compreender que nada sabem sobre o Universo, ou melhor, que conhecem dele apenas um micro fragmento.

Mas, já que estamos falando de lei Universal, sabe qual é a primeira destas leis? O “faça-se” de Deus. O atributo divino de ser a Causa Primária de todas as coisas é a lei fundamental do Universo.

Portanto, a lei física que cria a propriedade da parafina que compõem a vela (criar calor e derreter-se) não pode ferir a lei maior. A partir disso posso dizer, então, que a lei física está “certa”, mas que ela falha ao afirmar que isso é Realidade, é Verdade Absoluta. Isso porque esta lei não levou em consideração a lei Suprema do “faça-se” à qual tudo se submete.

Por que a lei física não pode ser Verdade, Realidade, completa? Porque ela vem se alterando ao longo do tempo. Com isso cria-se a mutabilidade que acaba com a característica eterna da Verdade Absoluta. Apenas o que é eterno e universal é Real, é Absoluto.

Na verdade, ao se alterar, a lei física vai se aproximando da lei da Universal, mas jamais conseguirá atingi-la por completo, pois como vimos, o ser enquanto humanizado não pode conhecer Deus ou Sua ação, pois lhe faltam elementos para tanto. Trata-se, portanto, de uma incapacidade para tanto.

Aliás, neste aspecto está um dos grandes entraves para aqueles que buscam a elevação espiritual. Todos que colocam este objetivo para suas existências carnais dizem que querem alcançá-lo, mas não conseguem justamente porque submetem os conhecimentos necessários para tanto às verdades e realidades do planeta, como se eles fossem Reais.

O trabalho de elevação espiritual é justamente ao contrário: deve-se atingir o Todo, o Universal. Para isso é preciso, antes de qualquer coisa, compreender que ele é diferente daquilo que se vive hoje.

Resumindo o estudo desta pergunta, o que devemos saber é que as coisas não possuem propriedades específicas por causa de suas características individuais, mas que estas pertencem ao elemento que as forma primariamente (fluído cósmico universal). Mesmo assim, estas propriedades não são constantes porque elas só existem em determinadas circunstâncias, ou seja, quando existe o “faça-se” de Deus para que ela ocorra.

Preste bem atenção... Mesmo que o ser humanizado pudesse perceber o fluído cósmico universal e conhecer as uniões necessárias entre eles para formar determinado elemento material, ainda não estaria garantido sempre o acontecimento da ação de suas propriedades em um mesmo sentido. Isso porque, para que uma determinada ação seja gerada, é preciso que ajam determinadas circunstâncias, ou seja, que Deus a comande como Causa Primária que é, através do “faça-se”. Se o Senhor não comandar, nada acontece, mesmo que haja o mais profundo conhecimento científico espiritual sobre a matéria universal.

É isso que o Espírito da Verdade está falando: é preciso que Deus crie para que alguma coisa aconteça. Nada ocorre no Universo se não for originado de Deus. Aliás, ele está dizendo isso desde a primeira resposta deste livro, não é mesmo?

032. De acordo com o que vindes de dizer, os sabores, os odores, as cores, o som, as qualidades venenosas ou salutares dos corpos não passam de modificações de uma única substância primitiva? Sem dúvida e que só existem devido à disposição dos órgãos destinados a percebê-las.

O sabor da laranja não está na fruta, mas na disposição dos órgãos do corpo humano, ou seja, na percepção que cada um possui. A laranja não tem sabor algum e, aliás, nem existe como laranja, pois ela nada mais é do que uma combinação de fluídos cósmicos universais.

A laranja não existe como individualidade. O que existe é o fluído cósmico universal que unido sob determinada circunstância (o “faça-se” de Deus) gera para os espíritos encarnados no planeta Terra a percepção do sabor, forma e da cor da laranja...

Na verdade, as coisas não existem por si, mas são os seres humanizados que dão valor às coisas. Quer ver um exemplo? A terra do lado de fora da casa é coisa “boa”, natural, mas quando dentro de casa, vira sujeira...

O sabor da laranja para uns está “bom” para outros está “ruim”... Por quê? Porque é o paladar do espírito encarnado que cria o gosto. É a percepção do paladar que cria o gosto. Não é o fruto que tem determinado gosto. Quando você come uma laranja e diz que o sabor dela é “horrível”, na verdade esta característica não pertence àquela laranja, mas foi o seu paladar que criou – claro que a partir do “faça-se” de Deus – esta característica.

A laranja não é laranja e por isso não possui nenhum sabor pré-determinado. Mas, não podemos parar apenas neste exemplo. Esta lei Universal serve para todas as coisas que existem no planeta Terra. Tudo o que você vê, pega, cheira, ouve são apenas criações de suas percepções. Sendo assim, esta máxima universal precisa ser aplicada a todas coisas, mesmo aquelas que você jura existir, com o seu próprio corpo, por exemplo...

Agora a informação sobre matéria está completa: ela é única; os elementos que existem no mundo terrestre são apenas resultado da união desta matéria elementar; quaisquer características que as coisas possuam são criadas por Deus através do “faça-se”. No entanto, o que Deus cria não é uma propriedade para o elemento, mas uma percepção de propriedades para os seres humanizados. Esta percepção não é igual para todos, mas a cada um Deus cria, também através do faça-se, uma para cada um. Este conhecimento vale para tudo o que possa perceber...

A partir disto, podemos dizer que o Universo é um aglomerado de matéria universal e os seres humanizados percebem pedaços desse aglomerado de formas diferenciadas. Na verdade, o Universo é como uma massa de bolo homogênea onde alguém desenha com um palito formas.

Durante o contato com a matéria percebida, o ser humanizado aplica valores à matéria universal. Estes valores são de dois tipos: material (formas, percepções) e sentimental (sentimento com o qual se reage à forma – bom ou mal, gosto ou não, etc.). Mas, qualquer uma delas é individual, pois cada um recebe um “faça-se” diferente de Deus, ou seja, percebe e dá valor sentimental diferente. Posso afirmar sem medo de errar que não existem dois seres universais encarnados que dêem o mesmo valor em gênero, número e grau ao fluído cósmico universal.

É por isso que Krishna ensina para aquele que quer conhecer o mundo espiritual: “as armas não o cortam, o fogo não o queima, a água não o molha e o vento não o seca” (Bhagavad Gita – capítulo II – versículo 23). Tudo isso são percepções que não surgem por causa da ação de determinados elementos, mas pelo “faça-se” de Deus e quem compreende a existência a partir deste ponto, alcança a equanimidade.

Apliquemos estes ensinamentos do Espírito da Verdade na frase de Krishna... Será que um espírito pode se molhar, ou seja, sentir-se molhado? Claro que não...

Molhar-se é o mesmo que jogar matéria universal sobre outra. Aplicando-se um elemento igual sobre outro, como pode haver diferenciação de sensações?

Mas você sente diferença. Por quê? Porque recebe um “faça-se” de Deus diferente a cada momento... Na verdade é a percepção humana que cria a compreensão de que está sendo atingido por “água” e a sensação de sentir-se molhado...

É isso... O Universo é isso... Tudo é matéria – fora a parte inteligente – oriunda de um único elemento material universal e, por isso tudo é igual. É a percepção humana que altera as formas e as sensações para “vivenciar” os acontecimentos da vida...

Muita gente acusa o próximo de não prestar atenção às coisas, de não ver determinados detalhes. Mas, o próximo não está realmente vendo o que aquele está, pois cada um faz a percepção de uma forma individual.

 

COMENTÁRIO DE KARDEC

A demonstração deste princípio se encontra no fato de que nem todos percebemos as qualidades dos corpos do mesmo modo; enquanto que uma coisa agrada ao gosto de um, para o de outro é detestável.; o que uns vêem azul, outros vêem vermelho; o que para uns é veneno, para outros é inofensivo ou salutar.

033. A mesma matéria elementar é suscetível de experimentar todas as modificações e de adquirir todas as propriedades? Sim e é isso o que se deve entender, quando dizemos que tudo está em tudo.

O que está nesta resposta é exatamente o que estamos dizendo: não existe um átomo universal específico para construir terra e outro para formar o ar; não existe um para construir cadeira e outro para corpo. Tudo parte de um só elemento e ele é utilizado para formar todas as coisas que existem.

Não há diferença entre as coisas: entre o corpo e a cadeira, entre a terra e o ar. Isso porque tudo que pode ser percebido surgiu de um de um único elemento universal: um átomo universal.

Este átomo é o mesmo utilizado para a formação de todos os elementos universais. Não existe um átomo universal para formar os elementos materiais conhecidos no planeta e outro para formar os corpos; não existe um átomo diferente para formar o líquido, sólido ou o gasoso.

Não, é tudo igual. É por isso que o Espírito da Verdade fala que tudo está em tudo. Aliás, não foi só ele: todos os mestres ensinaram a mesma coisa.

Nisto que estamos comentando está a base do ensinamento “não-eu” de Buda, da percepção equânime pregada por Krishna... Até Cristo, que não falou muito de técnicas espirituais, também ensinou isso quando disse que Deus é tudo e tudo é Deus.

Tudo está em tudo e isso acontece porque tudo nasce do mesmo elemento universal: fluído cósmico universal. Isto é uma Verdade...

Portanto, não sou eu que estou dizendo isso, mas o Espírito da Verdade já havia falado disso há quase duzentos anos. Muitos já estudaram este mesmo texto bem como os ensinamentos semelhantes de outros mestres. Por quê não alcançaram esta consciência? Por quê se chocam agora?

Porque que não eles têm coragem de aplicar este ensinamento ao mundo que vivem... Não têm coragem de dizer que o corpo não tem diferença alguma para os excrementos que estão na rua, para o chão, para a cadeira, o sofá, a televisão, para a energia elétrica ou para o ar que não vêem e não pegam.

Não há diferença entre os elementos do Universo: tudo parte de um só elemento básico que cria todas as coisas universais.

Na aplicação deste estudo na prática está a nossa forma de estudar o tema, pois os ensinamentos são antigos, mas a abrangência deles não foi amplificada até o seu limite máximo. O que queremos mostrar é que os seres humanizados estão se preocupando não em aprender, mas em impor a sua própria percepção, a sua própria interpretação aos outros, como se eles fossem o perfeito, a sabedoria personificada.

É por causa de ensinamentos como esse que muitas vezes disse que não há problemas em tomar bebidas alcoólicas e as pessoas disseram que eu estava errado.

Veja bem. A água e cachaça vêem do mesmo elemento universal. Tanto faz beber água ou cachaça, o ser humanizado estará ingerindo o mesmo elemento universal. Sendo assim, a propriedade do álcool não está no elemento, mas sim na percepção de cada um, no “faça-se” de Deus.

Portanto, a cachaça não embebeda: Deus dá essa percepção para aqueles que precisam e merecem como ação carmática. Da mesma forma uma pessoa pode ficar bêbada com água ou álcool: basta Deus gerar esta percepção a ele.

033a. Não parece que a esta teoria dá razão aos que não admitem na matéria senão duas propriedades essenciais: a força e o movimento, entendendo que todas as demais propriedades não passam de efeitos secundários, que variam conforme a intensidade da força e à direção do movimento? É acertada essa opinião. Falta somente acrescentar: e conforme a disposição das moléculas, como o mostra, por exemplo, um corpo opaco que pode tornar-se transparente e vice-versa.

O que se diz é que os elementos materiais são governados pela força e pelo movimento. Pois bem, eu pergunto: o que é a força nesse caso? Intensidade... A força é uma intensidade que se dá às coisas. O que é a direção Uma intenção... É a direção que se dá à energia, com que intenção se usa uma energia...

Essas são as duas únicas características dos elementos materiais: a intensidade da matéria universal, que é dada por Deus, e a intenção com a qual o Senhor aplica a força e a que o ser humanizado dá ao elemento.

A intensidade e a intenção que Deus coloca na matéria universal em certas circunstâncias e a direção que o ser humanizado dá à percepção (“bom ou mal”, “certo ou errado”, “bonito ou feio”, “impo ou sujo”).

Resumindo, o elemento material terrestre possui duas características únicas: a intensidade que Deus dá com uma intenção e a direção que você dão para elas, o sentido que dão aos acontecimentos... É isso que venho dizendo há muito tempo: as coisas não valem por elas mesmas (forma), mas pela essência com o qual a percepção é vivenciada.

A intensidade e a essência valorizam os elementos materiais. As coisas (pessoas, objetos e acontecimentos) do mundo material só adquirem um determinado valor quando são aplicados a elas estes dois elementos: a essência universal (o que Deus faz acontecer) e a essência individualista, o que o ser humanizado acha que está acontecendo. Até então, qualquer elemento do planeta é nulo, sem valor.

A essência universal é determinada por Deus, ou seja, Ele cria as percepções dentro de determinados padrões. Para isso ele possui uma determinada direção, uma determinada intenção, que chamaremos de universal. No entanto, o ser humanizado quando vivencia a percepção dada por Deus cria sua própria direção, que é uma intenção humanizada individualizada.

Quer um exemplo prático: cadê a pessoa que estava sentada naquele lugar?

Participante: Ela saiu...

Quem saiu?

Participante: O corpo...

Mas, o corpo é fluído universal e este continua aqui... O corpo é fluído, mas o fluído não é só o corpo, lembra-se?

Por que, então, você acha que o fluído saiu? Porque dá àquele corpo o valor de absoluto, real... Além do mais, dá àquele aglomerado de matéria universal o valor de um ser humano. Juntando uma coisa com outra – um corpo real que é avaliado como uma pessoa – chega à conclusão que ela foi embora.

Mas aquele corpo não é real ou absoluto e nem um corpo é uma pessoa. O ser humano é, em essência, um espírito e, quanto a este você jamais poderá saber onde ele está, não poderá determinar um lugar no espaço para ele, pois, como iremos ver mais tarde, o Espírito da Verdade ensina que o espírito está onde o seu pensamento está. Como ninguém pode saber o que o outro está pensando, não pode determinar onde está ninguém...

Participante: Mas, esta é a nossa percepção...

Sim, mas a percepção de vocês é falseada, pois estão humanizados. Ela está baseada nos olhos, nos ouvidos, no nariz, na boca e nas sensibilidades do corpo físico para dar valores aos acontecimentos. Vocês não vêem a matéria universal, Deus e nem o princípio inteligente (espírito) que são as únicas coisas reais do Universo, como então querem dizer o que está acontecendo?

Vocês têm a percepção de que aquele corpo saiu, mas ela é falsa... Vocês têm a consciência de que aquele corpo é um ser humano, mas isso também não é real...

O corpo não é real e nem é o ser humano. Esta consciência é importante para cumprir o maior mandamento ensinado por Cristo: não criticar o próximo.

No exemplo que estou usando, alguém aqui, por perceber desta forma, pode estar pensando que a pessoa que se retirou não compreendeu o que eu disse, que não gostou, que está aferrada em suas próprias verdades, que faltou ao respeito comigo, etc., mas isso não é verdade. A percepção do corpo não está mais presente, mas eu garanto que aquele espírito continua aqui, em pensamento.

Já compreenderam do que estou falando? Do ensinamento de Cristo que fala da trave que precisa ser retirada dos seus olhos para não verem cisco no dos outros.

Participante: Mas, eu vi o corpo se deslocar.

Não, o corpo não se deslocou. O fluído universal está presente em todos os lugares e a percepção de movimento nada mais é do que o “desenho” que Deus faz deste corpo em diversos “lugares”. Isso é real; o ela saiu, não é...

Participante: Então o que devo dizer? Como devo responder perguntas desse tipo?

Não sei... É isso que deve responder... Você precisa declarar que não possui condições de perceber o espírito e, por isso, não pode afirmar nada sobre outra pessoa ou você mesmo...

A prática deste ensinamento é essa: a declaração constante da incompetência completa de saber a Realidade. Esse é o trabalho que estamos ensinando como processo de reforma íntima, fundamentado no ensinamento dos mestres.

Não estamos propondo uma nova forma de saber ou entender, mas sim a destruição de tudo o que existe como real ou verdadeiro para vocês agora, pois estas consciências são falsas, pois não premiam os únicos elementos que existem: Deus, espírito e matéria universal.

Portanto se alguém lhe perguntar onde está aquela pessoa responda: “não sei”. Se o inquisidor insistir e perguntar como você não sabe se viu ela retirar-se, diga: “eu tive apenas impressões de formas geradas sobre a matéria universal presente em todos lugares, mas se isso quer dizer que aquele espírito saiu daqui, não sei, pois o elemento inteligente eu não consigo perceber”.

É isso: declarar a sua completa incapacidade de saber alguma coisa, de declarar expressamente o conhecimento da verdade, da realidade. É só para isso que serve esse estudo; não para vocês criarem teorias científicas em cima ele. Aliás, lembram-se ainda do conselho do Espírito da Verdade dado na pergunta 0014: “... não vades além. Não vos percais num labirinto donde não lograríeis sair”.

O que queremos – o que, aliás, segue os ensinamentos dos mestres como estamos vendo – é que os seres humanizados adquiram a consciência de que não têm condições de afirmar nada sobre as coisas do mundo, pois tudo o que vivenciam são percepções (formas) geradas por Deus sob uma intenção e que estas são deturpadas quando vocês usam direcionamentos individualistas na formação da realidade.

Acabei de dizer que a laranja não tem gosto de laranja. Esta é uma afirmação que deve encerrar-se por si só. Mas, a partir desta afirmação muitos me questionarão: que gosto ela tem então?

Essa é uma característica do ser humanizado: ele precisa gerar um determinado padrão para todas as coisas. Mas, as coisas não seguem padrões, pois dependem da individualidade que os analisa. Para alguns existe um gosto que se chama de laranja, mas quem disse que todos possuem o mesmo paladar para este gosto?

Se me perguntassem qual o gosto da laranja eu diria: de nada, ou ainda, daquilo que você quiser sentir. Isso porque não existe um gosto universal, mas sim gostos individualizados.

Na verdade nem a laranja é real, pois esta forma trata-se apenas de um aglomerado de fluídos universais percebidos desta forma a partir do “faça-se” de Deus. Se eu quisesse, portanto, ser fiel, teria que dizer que a laranja tem gosto de fluído cósmico, mas como os seres humanizados aplicam gostos diferentes a este mesmo elemento, como determinar um?

É isso: é chegar a essa compreensão, pois enquanto vocês estiverem presos à alguma percepção como real certamente estarão colocando intencionalidades (direção) nos fluídos e com isso não terão interpenetrado no Universo, não terão se tornado um com Deus e a comunidade universal.

Onde está seu carro, onde está sua mãe, onde está você? Não sei... Esta é a resposta daquele que alcança a elevação espiritual.

Aquele que se une com Deus não tem explicação nenhuma a dar sobre as coisas do mundo. Pelo contrário, ele foge de qualquer explicação, pois sabe que qualquer uma será simplesmente resultado da sua percepção e da escolha de uma intenção para viver o “faça-se” de Deus.

034. As moléculas têm forma determinada? Certamente, as moléculas têm uma forma, porém não sois capazes de apreciá-la.

A molécula tem forma sim, mas você não a consegue perceber. Esta é uma Realidade para a molécula material, mas não para o átomo universal, o fluído cósmico universal. As coisas no Universo não possuem formas.

Além do mais, precisamos nos lembrar que estamos lendo um livro de dois séculos atrás. Naquele tempo não existiam os conhecimentos de hoje. Os homens não eram capazes de “desenhar” as moléculas dos elementos materiais ou de conhecer tudo o que a física e a química hoje conhecem.

Por isso é que o Espírito da Verdade diz que os seres humanos não têm condições de apreciar a forma da molécula. Hoje com o avanço dos instrumentos científicos existe essa probabilidade.

Mesmo assim, a moderna física (Física Quântica) já chegou à conclusão que as moléculas dos elementos materiais não são elementos constantes, que estão sempre presentes no mesmo lugar e agindo da mesma forma. Elas estão chegando àquilo que o Espírito da Verdade já ensinou há duzentos anos: que as menores partículas de um elemento variam de acordo com as circunstâncias. Só faltam agora descobrirem que essas circunstâncias são criadas pelo “faça-se” de Deus.

Participante: Mas, todos que verem este sofá dirão que ele é retangular...

Estamos falando de moléculas e não de elementos acabados. Qual o formato do átomo dos elementos que compõem este sofá?

Participante: Isso eu não sei...

É, vocês querem discutir o interior, mas vivem tão superficialmente com as coisas, que não teriam a menor condição de saber a Verdade sobre elas. Quer um exemplo?

Se você sentar neste sofá ele segurará seu corpo. Por causa desta percepção você afirmará que ele é rígido, não é mesmo? Pois bem, ele é cheio de espaços vazios dentro dele.

Eu diria que noventa por cento do sofá é um vazio, é um espaço composto por elementos não rígidos que não podem ser percebidos pelos olhos humanos, nem através de super microscópios. As moléculas não estão juntas, mas separadas entre si.

Noventa por cento do sofá é vazio e a física já comprova isso. Como então você quer saber a forma da molécula se nem sabe onde elas estão?

Participante: Este vazio é ar?

Eu diria que não existe vazio. A única coisa que posso declarar é que não existem átomos naqueles espaços, mas que devem haver elementos não perceptíveis (universais), pois o vazio não existe no Universo.

Participante: É este espaço que o senhor afirma que ocupa noventa por cento do objeto?

Isso. Por causa da existência deles, se aplicarmos os conhecimentos humanos, o objeto deveria ser “mole” e quando você sentasse afundasse.

A partir daí lhe pergunto: você é capaz de ver estes espaços vazios?

Participante: Não...

Então também não é capaz de ver o átomo. Portanto a resposta do Espírito da Verdade ainda continua perfeita, mesmo que a ciência já possa “desenhar” um átomo: a molécula material tem forma, mas vocês não são capazes de apreciá-lo.

Veja bem: não existe o sofá. O que há é um aglomerado de átomos dos elementos que compõem aquilo que chamamos de sofá. Mas, mesmo estes elementos não existem, pois eles são fluídos cósmicos universais percebidos de tal forma porque houve um “faça-se” de Deus para tanto...

Mas, como tudo isso para você é uma grande incógnita, preocupe-se apenas em conter a sua mente inquiridora e busque não querer saber nada. Preocupe-se apenas em perceber, sem intencionalidade, que está tendo a percepção do seu corpo sentando.

Nem queira saber se o sofá agüentará seu peso ou não, pois a propriedade que poderá segurar seu corpo ou não será dada por Deus através do “faça-se”.

034a. Essa forma é constante ou variável? Constante a das moléculas elementares primitivas; variável a das moléculas secundárias, que mais não são do que aglomerações das primeiras. Porque, o que chamais de molécula longe ainda está da molécula elementar.

Cada átomo desse sofá é formado por moléculas universais: o fluído cósmico universal. Este fluído possui uma forma constante, mas os átomos dos elementos que compõem o sofá não possuem forma constante. Por quê? Porque a esta aglomeração de moléculas primitivas se juntam determinadas circunstâncias: o “faça-se” de Deus.

Então veja, quando o sofá quebrar ele não terá quebrado. Isso porque os átomos universais permanecerão na mesma forma, mas o sofá adotará outra diferente da atual. Não foram os átomos que mudaram, mas apenas a forma do sofá.

Mas, o que é um sofá quebrado? É um elemento formado por moléculas primitivas que sofreram determinada circunstância através do “faça-se” de Deus. Este é o ensinamento do Espírito da Verdade...

Aplicando um pouco mais este ensinamento, podemos dizer que não é a sua empregada que quebra os seus pratos e nem que outro carro que amassa o seu: estas coisas são apenas novas formas para o mesmo átomo universal que sofreram a influência de uma circunstância... Portanto, não são os próprios elementos que se alteram: o que varia são as circunstâncias geradas por Deus.

Mas, vamos mais além na aplicabilidade do tema: o que é o câncer? Para a medicina é uma célula degenerada, ou seja, uma célula que age de forma contrária da sadia. Mas, qual a diferença entre uma célula sadia e outra degenerada? O “faça-se” de Deus. Isto porque uma célula sadia ou degenerada são composta pela mesma matéria universal que estão em circunstância diferentes.

Então, não é o corpo que fica doente, pois, são ou doente, ele é formado pela mesma matéria universal. O que é considerado um corpo doente é formado pelo mesmo elemento universal que compõe aquele que é considerado são... O que varia não é a constituição do corpo, mas as circunstâncias que criam a percepção da matéria... Ou seja, não existe doença, mas uma percepção de estar doente que é levada ao consciente do espírito por um “faça-se” de Deus.

É deste “faça-se” e não de uma doença realmente existente que surge a percepção de dor, de estar com o nariz tapado, de não ter feito a digestão, de não mais respirar. Para que estas percepções aconteçam não é necessário que a molécula elementar que compõe o corpo se altere, mas apenas que estas circunstâncias sejam ditadas pelo Pai.

A partir deste ensinamento, pergunto: o que é morte? Uma percepção dada por Deus. Ela não existe na realidade...