Meu maior problema

Caminhos da vida

Você me falou de apenas um problema. Certamente tem outros na vida. Quer falar sobre mais algum?

Participante: sim, quero. Outra coisa que se repete na vida é que muitas vezes quanto estou com uma pessoa, aparece a ideia de gostar de outra e querer trocar. Isso é rotineiro. Estou com uma pessoa e aí a vida apresenta uma série de razões para que eu mude de companhia e eu fico sem saber que caminho tomar. A vida vem sempre apresentando diversos caminhos e a gente fica sem saber qual tomar.

Porque vocês vivem dilemas entre os vários caminhos que a vida apresenta?

Participante: porque achamos que podemos agir na vida.

Não. Porque você não sabe com quem fica? Porque tem medo de escolher errado. ‘Vai que eu largo aquela pessoa e fico com essa aqui e ela me deixa, ou então não me trata com tanto carinho? Vai que deixo aquela pessoa e essa não continua sendo a pessoa que aparenta ser agora’. Ou seja, tem medo de perder.

Estamos falando da mesma coisa do problema anterior. O assunto pode parecer diferente, mas o medo de perder é o mesmo.

Quem fica com uma pessoa?

Participante: a vida. Ela se apresenta como ficando.

A vida é o ficar. Portanto, deixe-a ficar com quem ela quiser. Se ela lhe dá a dúvida, o que deve responder a ela? Dane-se. Com quem a sua vida ficará? Com quem ela quiser. Então, deixa ela ficar, deixe ela escolher o caminho que tomará. Deixe a vida acontecer.

Um dia quando falei que não se deve comprometer com nada alguém me disse: ‘se eu não criasse compromissos – saber que tenho que pagar contas, que tenho que ir ao trabalho, que preciso comprar e fazer comida – nós não viveremos’. Respondi a essa pessoa: o problema é que vocês pensam que é você que vai marcar, cumprir e se lembrar dos compromissos. Não é você quem vive estas coisas: isso é vida.

É a vida que se apresenta com o pagar ou não uma conta, com o ir ou não ao trabalho. Apesar de ser ela que faz, a vida lhe dá, também, a ideia que é você quem está se lembrando de fazer. Por isso, você pensa que é quem faz, quando é ela quem está sendo.

Tanto o agir como a lembrança para agir é feito pela vida. Por isso, você deve entregar a ela o que é dela. Deixe ela se lembrar de pagar e realizar o pagamento da conta, se ela viver assim. Se não, se não se lembrar da necessidade do pagamento e não o fizer, compreenda que também foi ela que fez e não você. Tenha a certeza de que a ideia de estar compromissado com alguma coisa não vai lhe levar a pagar a conta, se assim a vida não for.

Portanto, a vida pode lhe dar a ideia que tomou determinada decisão. Quando ela fizer isso, não diga que foi você quem decidiu. Achando que foi você quem decidiu alguma coisa, ainda haverá o medo de perder por conta do que foi decidido. Isso depois que ela decidir, mas enquanto ela estiver dando a ideia da dúvida de com quem ficar, não se envolva nisso, pois será ela quem decidirá com quem ficar e não você. Não entre na agonia que mente criar por conta da dúvida.