Conciliação

Conciliação

(Conversa realizada em Rio das Pedras -SP em 13/02/2016)

Já faz mais de três anos que o mundo novo começou, o mundo de regeneração. A hora de reformar-se, chegou. Até agora estava tudo muito bom, muito fácil. Bastava rezar a Deus pedindo ajuda que resolvia o problema da encarnação, já que o mundo era apenas de provas e expiações. Naquela forma de viver, nunca houve o que precisa realmente haver para a elevação: uma mudança interna.

Não estou falando de atos, como sempre, mas de mundo interno. Por causa desta chegada, está na hora de mudar-se internamente.

Portanto, é preciso começar um trabalho de reforma realmente. Reforma do mundo interno, de dentro. A primeira entre tantas reformas que precisarão fazer nesse novo tempo é algo que já é conhecido nesse mundo. É preciso começar a ter internamente uma postura de conciliação.

Conciliação com o próximo e com o mundo. Se conciliar com todos.

Repare que não estou falando em reconciliação, fazer as pazes. Não é disso que estou falando. Estou comentando sobre conciliação que quer dizer outra coisa.

Você sabe o que é se conciliar com o outro?

Participante: entrar num acordo ...

Entrar num acordo que?

Participante: deixe os dois harmonizados?

Sim, mas para que haja harmonia entre dois seres humanizados o que é preciso?

Participante: aceitar o outro como ele é. Abrir mão do que que quer ...

Isso: cada um aprender a abrir mão de alguma coisa para que os dois ganhe algo e assim consigam ficar harmonizados.

O problema do mundo de hoje é que o egoísmo não deixa o ser viver em conciliação com o outro. Ele faz cada ser querer ganhar o máximo possível. Mesmo que, digamos, ele ganhe dez alguma coisa, a mente já começa a qualificar essa quantidade como pouco e passa a exigir vinte.

O trabalho da conciliação é uma postura interna de ceder para que os dois ganhe um pouco em determinada situação.

Quando o ser humano está devendo, ele não faz uma conciliação com quem deveria receber? Não combina um valor que seja menor do que o deveria pagar, mas que ressarça a quem deve receber uma parte do prejuízo que tem. É a mesma coisa que estamos falando aqui. O trabalho que precisa ser feito é o ser saber conviver com o próximo sem exigir estar sempre certo, ter sempre a razão. Quando alcança a conciliação internamente, o ser possui suas verdades e razões, mas dá ao outro o direito de também sentir-se o certo.

O que estou falando tem a ver com um exemplo que já dei há algum tempo, quando falei de uma pessoa que diz querer o bem da esposa, mas quando chega em casa tira a camisa e a deixa espalhada em cima do sofá, mesmo sando que ela não gosta. Quando ela reclama, ele então começa a ensiná-la que não há lugar certo para as coisas, etc.

Essa é a forma humana de se relacionar: cobrando tudo do outro e não dá um espaço seu em benefício do próximo. Se a esposa dessa pessoa acha que existe lugar certo para se colocar a roupa, porque ele não pode, de vez em quando, abrir mão de deixar a sua camisa no sofá da sala?

Se falar isso para uma pessoa que age dessa maneira, certamente ele ainda dirá que está ajudando a sua esposa a desapegar-se das coisas da vida. Só que quando ela faz alguma coisa que ele não gosta, arvora-se em pedir que ela abra mão do seu hábito em favor dele. Para conciliar-se com ela, para harmonizar-se com ela, seria preciso que ele abrisse um pouco mão de se satisfazer, ou seja, aprender a guardar a roupa que tira e aceitar que ela tenha o direito de seguir o seu hábito.

Esse é o trabalho. Estou falando em atos, em fazer, mas não estou me referindo ao mundo externo. Esse é um trabalho que precisa ser feito internamente, ou seja, no seu mundo interno adotar uma postura de conciliação. Estou dizendo que internamente o ser deve estar aberto a ceder em alguns pontos.