Senhor da mente - textos - livro 3

Versículo 45 - Deixar o preconceito para trás

Participante: é tão bom quando a gente consegue deixar o passado para trás.

Deixar o passado para trás não é extingui-lo.

Veja bem, a ideia que vocês têm de deixar o passado para trás é a de acabar com o passado. No controle da mente, a ideia não é essa. O ensinamento do Krishna não é este.

O que o Sublime Senhor ensina é não deixar o passado poluir o presente. É bem diferente da forma que vocês encarnam o libertar-se do passado.

Vou dar um exemplo. Digamos que no passado você foi traído conjugalmente. Frente a um acontecimento desse, vocês acreditam que deixar o passado para trás é não se lembrarem mais da traição. Não isso que Krishna ensina, pois ele sabia que o ser encarnado não pode agir sobre o ego.

O passado é lembrado por Deus através da mente. Como o ser humanizado não pode mudar o que Deus faz, ele não pode esquecer por vontade própria.

Se não pode deixar de lembrar, o que o ser humanizado pode fazer? Não deixar o passado poluir o presente. O que isso quer dizer? Que quando Deus através do ego criar a ideia de que você foi traído, responder: ‘fui, e daí’,

O ser humanizado não pode aceitar o pensamento que afirma que a traição foi algo errado, não pode aceitar a emoção da dor de ter sido traído. Essas ideias precisam ser expurgadas por você na hora que Deus trouxer ao presente o passado armazenado na memória.

Portanto, volto a repetir: o sábio só se alimenta do presente, mas isso não quer dizer que o seu ego não vá trazer conceitos passados para o presente. Ele precisa continuar trazendo porque se não fizer isso, aquele ser não terá sua prova: escolher entre sofrer com a traição ou não.

A criação racional precisa ser preconceituosa e gere sofrimento para que você demonstre que sabe que é espirito, através da sua meditação no ser, na unidade. Por isso, não aceite vivenciar a emoção e o pensamento que o ego traz a consciência,

Por isso quando dissemos que o senhor da mente não tem memória, não quisemos dizer que ele não se lembra das coisas. Não é isso. Se lembra do que aconteceu e da emoção do passado que volta ao presente, tanto para os momentos chamados de bom quanto para os de mau, mas aprende a não deixar o retorno do passado contaminar o presente.

Participante: quando a gente sabe que já passou pela prova?

Quando não sentir nem prazer nem dor. Quando o ego trouxer de volta o passado ao presente e você não deixar-se contaminar por ele.

Participante: em resumo, para o mundo devemos ser bobões. Conheço pessoas assim. Poucas, mas que têm exatamente esse perfil que Krishna descreve. Para o mundo eles são considerados nulidade.

Exato.

Aliás, no Baghavad Gita o Sublime Senhor diz assim: ‘o verdadeiro sábio transita entre as coisas do mundo sem se apegar a elas vivendo com cara de bobo’.

O sábio espiritual é bobo para o mundo. Por quê? Porque é sábio referente a coisa do outro mundo e não nesse.