Senhor da mente - textos - livro 3

Versículo 46 - Agressão sem agredir

Participante: não posso entender como agredir alguém exteriormente e continuar em paz interiormente. Estar equânime.

Conseguirá quando compreender que não é você que agride o outro. O ato de agressão não é seu.

Sabe quando você vai conseguir participar de um ato de agressão sem interiormente perder a equanimidade? Quando disser para si mesmo: ‘agredi, e daí’? Isso se faz quando se medita sobre o que aconteceu, como, aliás, Krishna ensinou.

Realmente, no momento do ato da agressão, você não consegue pensar. Se alguém fala alguma coisa, automaticamente vem a mente o pensamento. É quando você conseguir pensar o pensamento que deve responder como falei.

Sabe, aqui não existem crianças. Todos sabem que quando se entra em uma discussão a coisa flui sem que você consiga raciocinar. O que vem nessa hora é a prova de que não é você que está devolvendo a agressão, pois não tem controle sobre o que faz ou acontece.

Agora, depois que se encerra a agressão, a discussão, o ego continua vivendo a história do que aconteceu. Ele pode dizer: ‘você fez muito bem em agredi-la. Aquela pessoa não vale nada mesmo. Tinha que agredi-lo mesmo. Tinha que responder a altura’. Pode também falar: ‘você diz que quer buscar a Deus, que quer se santificar e acaba agredindo os outros. Você não presta.’

Aí está o momento de fazer um trabalho e com isso alcançar a sua equanimidade. Ao invés de se deixar levar pelo conceito sobre o outro ou pela culpa, responda à sua personalidade humana: ‘eu não acredito em nada disso. Só sei que briguei, mas se devia ou não, não sei. O que fiz, foi feito, aconteceu. Não quer dizer que seja mau ou bom, foi a minha participação naquele ato do teatrinho. Tenho que continuar em frente’.

Acabou. Nesse momento conseguiu: agrediu sem ter a intenção de agredir. Saiba que quando o ego cria uma razão está, na verdade, criando uma historinha que serve como justificativa para a agressão. Agindo assim, ele cria uma intenção, que é alvo de palavras de Cristo e de outros mestres.

Só que a intenção, como disse, não aparece na hora da conversa. Por isso, não há como trabalhar a mente naquela hora. Ela vai aparecer depois e esse é o momento de agir.

Esse depois não é muito depois: é praticamente o momento seguinte. A pessoa sai ou vira de costas para o acontecido e aí vem a mente a começar ou a culpar ou justificar o que foi feito. É aí que você não pode aceitar.

Isso é agredir sem agressão.

Participante: Jesus fez isso quando quebrou a feirinha que tinha no templo de rezar? Ele agrediu e continuou na paz interior?

Sim.