Senhor da mente - textos - livro 3

Versículo 46 - Arrependimento

Participante: sempre digo coisas ruins e me arrependo depois. Não consigo controlar; quando vejo já saiu.

Não é você que se arrepende. Quem cria o arrependimento é o ego. Você pode acreditar ou não no arrependimento. Acreditando, é hora de agir para tornar-se equânime.

Cristo fez isso quando destruiu a feirinha, como você falou, dos mercadores do templo. Fez isso quando botou o dedo na cara dos professores da lei e disse: ‘ai de vocês professores da lei, fariseus e hipócritas’. Fez isso quando por duas vezes brigou com Pedro quando o apóstolo disse: ‘vamos rezar a Deus para que o senhor não morra na cruz’. Continuou equânime internamente, mas por fora respondeu: ‘cala boca satanás, você está pensando que não vou tomar até o ultimo gole do cálice que o Pai me deu’? Cristo fez isso quando ouviu apóstolos discutindo sobre quem seria o líder deles depois da sua morte. Realizou o seu trabalho de desprender-se da razão que afirmou em som: ‘até quando vou ficar com vocês, vermes miseráveis’.

Aliás, falei aqui semana passada: procurem na Bíblia alguma passagem onde Cristo não esteja acusando, onde o olhar cândido que imaginam que ele tinha esteja presente. Não encontrarão. Sabem por quê? Porque ele não veio passar a mão na cabeça. Veio para chocar os professores da lei, mas fez isso em paz, porque sabia que era a sua missão. Por causa dessa consciência, não se arrependeu nem um pouquinho da forma como tratou externamente os outros.

Existe uma grande diferença entre os ensinamentos dos mestres e aquilo que vocês imaginam que é a prática deles. Isso porque estão preocupados com estereótipos, com tipos pré-fixados do que é um ser evoluído. Estão cansados de ver imagens de santos e achar que aquela postura santa é uma realidade. Quem acredita nisso nunca teve contato com o pensamento dos santos...

Imaginam, por exemplo, que Santo Agostinho viva em paz Vão ler o livro dele. Verão que vive completamente perdido, nervoso, ansioso. Veem as imagens dos apóstolos, todos com aquele ar de santinho... Eles brigaram com Paulo pelo poder de decidir o que deveriam fazer depois da morte de Jesus Cristo. Não queriam deixa-lo fazer o trabalho entre os não judeus. Apesar de terem sido instruídos com relação ao amor universal, tiveram sérias discussões e quase puxaram espada um para o outro para poder deter o controle sobre o que fazer.

É isso filhos: o estereótipo externo não tem nada a ver com o interno. Por isso, não se preocupem com o mundo externo. Afinal de contas, o mundo externo só existe dentro de você.

Saiba de uma coisa: as palavras que você fala só existem na sua mente, elas não foram proferidas para fora. A ilusão da ação delas estarem sendo proferidas para fora é criação do ego. Elas não foram proferidas, mas a ideia de terem sido é criada no seu ego e no de outros. Não há o falar e o ouvir; o que existe são criações em egos ao mesmo tempo.

Por isso digo: é tudo entre você e você, não entre você e as palavras, não é entre você e as atitudes, não é entre você e os outros. Tudo é sempre entre você e você. Saiba que o ego cria determinadas palavras como se você tivesse falando justamente para criar o raciocínio que deve sentir-se arrependida por ter falado errado. Ao agir assim, cria a sua prova.

A prova não é falar ou silenciar, mas achar que deve se sentir sentir-se arrependido ou não. Para tomar essa decisão não pode se basear pelo que está guardado no seu pote.

O que está guardado lá? O conceito de que falar bem dos outros é certo, bonito. O importante não é o que fala, mas o quanto ama.