Senhor da mente - textos - livro 3

Versículo 42 - A meditação do homem lúcido

Vou repetir então o início:

“Mesmo que viva aparentemente numa forma corporal é conveniente que o sábio medite sobre a sua identidade como ser e também sobre a unidade de tudo...”

No universo, tudo é uno, tudo está unido. A própria ciência já vem provando isso. Não existem elementos autônomos, que não sejam influenciados por outros. Tudo está interligado, unido.

Essa é uma realidade do universo e o sábio medita a partir disso, ou seja, repensa os pensamentos que criam figuras fragmentadas sobre o universo. Se ocupa em não aceitar os pensamentos que criam essa fragmentação. Essa é a meditação para ele. “ah, aquilo está me dizendo que eu sou eu e aquela é outra pessoa. Não, isso não existe. Eu e ela estamos interligados, somos unidos.”

sobre o desapego...

Repensa os pensamentos buscando o desapego. Ou seja, repensa os pensamentos se ocupando em libertar-se dos apegos contidos neles. Por estar atento a esse detalhe o homem lúcido não se deixa enrolar pelas criações do ego que geram apego.

Mas, o que é o apego? São as posses que o ego cria: a posse material (é meu é do outro – ter uma propriedade particular); a posse sentimental (eu amo ou eu desamo); e a posse moral (eu sei, o outro está errado).

Portanto, o ser lúcido medita todos os seus raciocínios para não se escravizar a questões colocadas pelo ego que estejam ligadas a essas características. Ou seja, quando o ego coloca um pensamento, o homem lúcido vai procurar nele os elementos de possessão, para poder libertar-se da ação deles.

Onde houver um “é meu” o homem lúcido diz “não tenho nada”. Onde houver um “eu amo”, o homem lúcido pensa: “estou uno com todos, por isso não posso amar um e desamar outro”. Onde o ego colocar “eu sei”, o homem lúcido irá declarar: “só sei que nada sei”.

Essa é a meditação do homem lúcido nesses pontos, mas ainda falta outras coisas presentes no texto.

sobre a similitude que há entre o céu e o atma, onipresente substrato de tudo que parece móvel e imóvel.

O céu nesse caso é o reino do céu, o paraíso. É aquela ideia de um bom lugar para depois da vida carnal, independente de nome ou forma. O sábio medita entre a similitude desse bom lugar e a sua existência humana.

Cristo ensinou assim: “o reino do céu não está acima nem abaixo, está dentro e fora de cada um”. O Espírito da Verdade ensinou: “o reino do céu e o umbral não são lugares circunspectos”. A partir desses ensinamentos o homem lúcido sabe que o paraíso buscado já está presente aqui e agora. Não se trata de um lugar a ser alcançado.

De posse dessa consciência, o homem lúcido medita a partir a vida a partir dela. Ele está sempre pensando os pensamentos para não se prender a declarações que afirmem que há um céu a ser alcançado nem um inferno a ser vivido. Quando o pensamento gera esse tipo de declaração, o homem lúcido responde: ‘mas ego, já estou no céu, porque o céu está dentro de mim.‘ Com isso anula a ação impositiva do ego que através de percepções, emoções e pensamentos levam o ser a viver o aqui e agora como um inferno preparatório para esperar um paraíso.

Portanto, aí está, agora na íntegra, a base de raciocínio de um ser lúcido. Ele pensa a partir do ser e por isso só aceita pensamentos que tratem de desapego. Só aceita pensamentos que fundamentam tudo numa única coisa. Só aceita pensamentos que vivenciem a existência do reino do céu na Terra onde a equanimidade está presente como emoção.