O espírito e a vida humana

O espírito e o sofrimento

Participante: o sofrimento do espírito, mesmo que ilusório, se dá quando se esquece que tudo são ideias para provas e se apega às percepções humanas como se fossem verdades e realidades. Certo?

Errado. O espírito não sofre.

Duas coisas diferentes: a realidade e o mundo das ideias. O sofrimento está no mundo das ideias enquanto que na realidade o que existe é uma provação. A provação é constituída pela ideia de sofrer, mas o sofrimento é ilusório.

Sendo assim, o espírito não sofre, mas vive uma prova. Durante a provação pode vivenciar duas novas atividades: apegar-se ao sofrimento gerado pelo ego ou não. O apego é a atividade que está acontecendo e não o sofrimento.

Ao realizar a atividade de apegar-se imagina-se com sofrimento, mas isso não é real. Pode imaginar que está sofrendo, que está vivenciando dor, mas isso não é real. O que realmente está fazendo é apegando-se à ideia gerada pela personalidade humana.

Viver um sofrimento, ou seja, sofrer, é uma prova, mas não uma atividade do espírito. O sofrimento é apenas o cabeçalho da pergunta e não uma vivência. Você quando lê um cabeçalho de uma pergunta não vive o que ele diz, mas sim o ato de estar lendo o cabeçalho.

Apegar-se a uma ideia não é viver a ideia. Por isso, apegar-se ao sofrer criado pela razão não quer dizer que o espírito esteja sofrendo.

Se acreditássemos no sofrimento do espírito teríamos que afirmar que ele deseja, tem vontades, paixões, ganâncias, mas não vive nada disso. Essas coisas são atividades materiais e não espirituais.

Participante: o sofrimento é uma prova, então. A ideia de ter o sofrimento é a prova. É isso?

Sim, a ideia de ter um sofrimento é a prova e não o sofrer. Na verdade o sofrimento não existe e por isso afirmo que no universo ninguém sofre.

Nem mesmo você, humano sofre de verdade. Quando imagina estar sofrendo, na realidade essa ideia é a formação do cabeçalho explicativo da questão que será apresentada ao espírito. Vou explicar isso melhor...

Digamos que alguém lhe calunie e por isso você, humano, sofra. Esse acontecimento do mundo humano serve como cabeçalho da pergunta que será feita ao espírito: ‘e agora, se apegará à mente e acreditará na história que foi contada ou amará a Deus acima de todas as coisas’?

É mais ou menos como a seguinte questão de uma prova: ‘se uma conta sai por vinte reais e outra por trinta, quanto você gasta’? Nesse exemplo, a afirmação dos valores da conta corresponde a ideia de alguém ter falado e por causa disso existir um sofrimento; a pergunta sobre o total gasto, a questão que é apresentada ao espírito.

Portanto, o espírito jamais sofre.

Participante: a ideia de sofrimento que o espírito pode vir a se apegar gasta muita energia. Será que o ser pode vir a se render pelo cansaço? Aproxima-se de Deus por não ter mais energias para se apegar às ideias humanas?

Eis aí um grande exemplo do que estamos falando hoje: a análise da coisa espiritual pelos valores humanos ...

Quem é que se cansa? O que é cansar-se? Cansar é uma atividade humana, por isso não podemos afirmar que o espírito se cansa por qualquer coisa.

Na verdade, quando você, humano, se sente cansado, seja física ou moralmente, isso é uma provação para o espírito. Ele não se cansa, não brinca, não namora, se sente bem ou mal: todas as sensações são atividades humanas e, portanto, provas para o espírito.

A única atividade que o espírito pratica é a livre opção entre amar a Deus sobre todas as coisas ou ao ego. Mais nada ...