O espírito e a vida humana

Encerramento 2

Bom, vamos encerrar nossa conversa sobre o espírito e a vida humana?

Falamos que os humanos devem conviver com o espírito sem compreensões, certezas ou conhecimento algum sobre essas coisas. Isso, no entanto, não vale apenas para o elemento espírito, mas para tudo que é espiritual, ou seja, além da matéria.

Toda ideia que se tem sobre universo, Deus, espírito, matéria universal ou qualquer outra coisa é uma atividade humana e, portanto, uma prova para o espírito. Não basta apenas lidar com o ser universal sem preconcepções: é preciso lidar com tudo que está além da percepção humana sem ideias formadas, sem verdades.

Não se pode ter uma ideia sobre Deus, sobre o universo, sobre a atividade universal, sobre a matéria espiritual.

Gosto muito, por exemplo, quando o ser humano fala em energias. Aquele que diz que é capaz de manipula-las. A quem fala sobre a manipulação de energias e acredita que sabe o que está dizendo, pergunto: o que é energia?

O ser humano não tem ideia alguma sobre a energia universal. O que conhece é a energia elétrica, a material. Mas esta, como não é a universal, não tem nada a ver com o elemento do universo espiritual?

“27a. Esse fluído será o que designamos pelo nome de eletricidade? Dissemos que ele é suscetível de inúmeras combinações. O que chamais fluido elétrico, fluído magnético, são modificações do fluído universal, que não é, propriamente falando, senão matéria mais perfeita e sutil e que se pode considerar independente”. (O Livro dos Espíritos)

Se você não sabe o que é a energia universal, como acredita que é capaz de trabalhá-la? Será possível o ser humano determinar o jeito certo de dar um passe, de fazer um reiki, uma mandala, se nem sabe o que é a energia universal?

Toda atividade universal, não importando que elemento do universo esteja envolvido, deve ser vivenciada com verdades universais e não humanas. Como o ser encarnado não possui a compreensão formada por essas verdades, deve vivenciar os acontecimentos humanos sem nada saber, sem utilizar-se de conceitos pré-estabelecidos.

Lembro que numa palestra anterior me foi perguntado a respeito do trabalho com cristais. Respondi da seguinte forma: ‘sabe como trabalhar com cristais? Vou lhe ensinar. Pegue o cristal e faça o que quiser. Não importa o que está fazendo, pois sempre estará agindo como deve, já que será Deus quem estará criando a ação”. Falei assim porque não há como ensinar um ser humano a trabalhar espiritualmente um cristal se não conhece nada sobre as matérias universais.

Quem naquele momento esperou que fosse dar uma receita de como se age com o cristal ou com qualquer outro elemento que é usado para interagir com o mundo espiritual, se deu mal. Como sou sabedor do desconhecimento que vocês têm do mundo espiritual, sempre direi que façam o que fizerem, do jeito que fizerem e na hora que acontecer de fazerem será sempre o que tiver que ser feito.

A única coisa que oriento a qualquer um é que esteja atento, pois no momento que está interagindo com coisas espirituais conhecidas, está vivendo um acontecimento humano. Ou seja, uma atividade da encarnação do espírito. Portanto, o que está vivendo é uma provação e não um ato. Ao invés de se preocupar ou imaginar que sabe como deve agir, naquele momento o ser deve ocupar-se em amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Sei que para vocês ensinar dessa forma, ensinar a agir dizendo que não há forma certa de agir, é algo que parece completamente ilógico, mas não é. Trata-se de algo extremamente lógico a partir dos ensinamentos que os espíritos trouxeram.

Não se preocupar se existe uma forma certa de lidar com o mundo espiritual é a forma como o ser humano deve se relacionar com as coisas daquele mundo. Se isso não for observado, o ser humano conviverá com o que é universal com conceitos que pertencem apenas à razão humana.