O espírito e a vida humana

O bem e o mal

Quando você está exercendo atividades humanas, que são múltiplas, a reação também é múltipla. Para cada atividade humana, o ser pode reagir de diversas formas. Já o espírito não vive essas atividades e sim a provação. Por isso, para ele só existem duas possibilidades de reações: escolher entre o bem e o mal.

“258. Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena? Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso se consiste o seu livre arbítrio”.

“851. Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre arbítrio? A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que vem achar-se colocado. Falo das provas físicas, pois pelo que toca as provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o seu livre arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou resistir”.

(O Livro dos Espíritos)

O bem é Deus, o amor do Pai. Não estamos falando de bom, ou seja, o que supre os desejos. Por isso, optar pelo bem não é escolher o que é melhor para você, mas optar estar em uma relação amorosa com Deus.

O mal é o individualismo, o amor a si mesmo. Quem opta pelo mal é aquele que tem prazer quando é satisfeito e sofre quando isso não ocorre.

Trocando em miúdos, posso dizer que quem opta pelo bem é aquele que ao exercer ilusoriamente a atividade de arrumar um armário está amando, no coração e não na razão, Deus acima de sua atividade e ao próximo como a si mesmo. Já quem opta pelo mal é aquele que tem prazer em fazer porque acredita que é certo ou sofre porque acha errado fazer ou não queria fazer. Esse último está em relação amorosa apenas com as suas ideias e não com Deus nem com o próximo. Sendo assim, enquanto o humano vivencia uma das múltiplas reações possíveis a uma atividade, o espírito apenas ocupa-se em amar individualmente ou universalmente.

Essa é a resposta a todas as perguntas que me fizerem. Qualquer que seja a atividade que comentem, será uma provação e por isso existem apenas questões possíveis: você está amando universalmente ou individualmente nesse momento? Por isso, não me preocupo se deve ou não esvaziar o seu armário, mas sim se ao fazer isso está mando universalmente ou individualmente.

Respondendo, então, a última questão que me foi dirigida (como colocar em prática o que estamos conversando) digo que a prática só será alcançada quando, ao invés de estar preocupado com as múltiplas reações que a mente diz que pode acontecer, ocupar-se em saber se está amando universalmente ou não. Ocupando-se com essa questão, estará exercendo a atividade espiritual e com isso estará praticando o que estamos conversando.

Quando a consciência estiver voltada para a realidade espiritual, a real, pouco importa se a mente diz que gostou ou não do resultado de uma ação: amará a tudo o que fez e a tudo que resultou da sua ilusória ação. Quando a atividade for a do espírito, mesmo que a mente acuse sofrimento por não ter o que quer, você poderá manter-se na neutralidade. Isso acontecerá porque estará atento a forma como está amando naquele momento.