O espírito e a vida humana

Conversando 2

Participante: se tudo é prova e missão, então não há espaço para o acaso ou coincidência. Todas as interações humanas são criadas no sentido da provação dos espíritos.

Isso é o que diz, como vimos, o Espírito da Verdade. E é por causa disso que ele responde, quando perguntado sobre a fatalidade, que ela existe, pois o espírito ao escolher um determinado gênero de provações cria para si uma espécie de destino. Nessa afirmação está intrínseca a comprovação de que para os espíritos o que rege o relacionamento entre os dois mundos é a vinculação entre o elemento humano e o objetivo da encarnação dos seres universais.

Aliás, neste aspecto, está outra grande diferença entre a doutrina dos espíritos e a espírita humanizada. Essa última acredita que a atividade humana é fruto do livre arbítrio do homem, enquanto o transmissor dos ensinamentos afirma que o livre arbítrio é do espírito e é exercido antes da encarnação.

Como seguimos a visão espiritual dos ensinamentos transmitidos pelo Espírito da Verdade, concedemos o livre arbítrio ao espírito, antes e durante a encarnação. Por isso ensinamos também que a atividade humana segue rigidamente o escolhido antes do início de uma encarnação.

Quem no início de nossa conversa perguntou sobre a diferença entre as duas doutrinas, está compreendendo agora o que quis dizer? Para mostrar o que existe de diferente não criei novas informações, mas apenas citei o que está em O Livro dos Espíritos.

Participante: estamos todos caminhando para o amor universal, o alinhamento com o Cristo.

Concordo, mas sem a compreensão do que é a vida humana para o espírito garanto que não se chega a ele.

Para se alinhar com Cristo é preciso compreender o que é a vida humana para o espírito, pois ele sabia. Por saber, o mestres disse: se um soldado inimigo lhe faz carregar um peso por um quilômetro, carregue-o dois. Para ensinar assim, tinha que entender que a atividade humana é uma boa oportunidade para o espírito provar a si mesmo que ama a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo.

Participante: se agora estivesse no mundo espiritual sem o corpo, ou seja, morto, como estaria me comportando referente à nova compreensão da razão, das percepções e outras coisas do mundo de lá?

Não saberia lhe responder essa questão.

Para isso teria que saber como está fora do corpo humano nesse momento. Essa informação não tenho agora.

Apesar disso, posso garantir que ainda estaria vivendo provas. Digo isso porque a humana é a sétima consciência. Mesmo que já tivesse se desapegado dela, ainda iria para a sexta, onde também existem as mesmas provações pelas quais está passando agora.

Participante: pode se vivenciar a mesma essência de provação em diferentes encarnações? Não me refiro apenas às humanizadas, mas sim a qualquer outro tipo de nível consciencial, mesmo que não se possa traduzir em palavras para os humanizados essas outras manifestações.

Vou lhe responder apenas sobre a essência humana, pois como você mesmo disse, sobre outras consciências não dá para colocar em palavras que gerem uma compreensão.

Qual a essência de qualquer acontecimento humano, ou seja, qual o gênero de provas que um espírito passa? A vivência do amor universal ou do egoísta.

Não importa que atividade humana o espírito esteja vivenciando, o que está em provação sempre é o direcionamento do amor que viverá. Não importa se atividade humana se traduz em matar ou dar a luz, acariciar ou atacar, elogiar ou criticar: em qualquer uma delas está sempre ocorrendo a provação do direcionamento que o ser dará ao seu amor.

Sendo assim, aquele que mata e o que dá a luz estão vivendo o mesmo gênero de provação. Por isso digo que na verdade todas as provações em todas as encarnações estão vinculadas a esse gênero.

Participante: você diz que fala a espíritos. Como seres universais estamos todos ouvindo e nos libertando?

Não. Como espíritos estão vivendo provações neste momento.

Lembre-se: o espírito não ouve nada. A cada momento está sempre realizando provas e cumprindo missões. Por isso, tudo o que é traduzido como ouvir e compreensão que surge dessa atividade é, na verdade, uma provação para o ser universal. Vivendo a prova, ele tem a livre opção de se libertar ou não.

Sendo assim, não podemos afirmar que está se libertando nesse momento, mas sim tendo uma oportunidade para isso. Afirmar categoricamente que a libertação está acontecendo, como já respondi anteriormente, não posso, pois não tenho essa informação agora.

Participante: como nos libertar das responsabilidades que nos foram impostas e por ignorância assumimos para findar o ciclo da razão humana?

Você humano não pode se libertar dessas responsabilidades, pois se conseguisse praticar essa atividade o espírito não teria a sua provação. Portanto, você, humano, não pode acabar com as responsabilidades que a razão possui.

Mas, se não pode acabar com elas, pode reagir de uma forma diferente. Ao invés de prender-se ao que é dito, pode amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Como isso pode ser compreendido racionalmente? Se fizer fez, se não fizer não fez.

Quem ama egoisticamente é aquele que cobra dos outros e de si mesmo as questões pelas quais se sente responsável. Quem ama universalmente, mesmo que vivendo responsavelmente, não cobra nada de si ou de outros.