O espírito e a vida humana

A prática

Participante: hoje arrumei o armário e pensei: porque guardo tanta coisa velha. Então, joguei muitas coisas fora, pensando que elas só servem para essa encarnação. Será que devemos nos desfazer das coisas para treinar o desapego e estarmos mais próximos da verdade espiritual e menos da ilusão de humanos?

Aí está um grande exemplo do assunto de nossa conversa de hoje: o que é a vida humana para o espírito.

Você acredita que abriu o armário, reparou na quantidade de coisas que estavam lá, pensou sobre o que viu, retirou diversos objetos e depois os jogou fora. Ainda por cima agora quer saber se está certo ou errado o que aconteceu? Como posso responder se não se pode julgar o que não existe ou como afirma Salomão: como contar quando não há números para isso?

Tudo o que você fez são atividades humanas, portanto, apenas realidades ilusórias. Enquanto estava vivendo tudo isso, não estava vivenciando a realidade, ou seja, o que representa a vida humana para o espírito.

Você não abiu armário: quando teve a ideia de estar fazendo isso, na realidade, estava vivenciando uma provação. Quando reparou, pensou, decidiu, retirou e jogou fora coisas, na realidade não fez nada disso. Todas essas coisas são realidades ilusórias que servem apenas para que o espírito tenha a sua atividade provação.

Só que não parou apenas naquele momento. Agora, no momento em que acreditou estar fazendo essa pergunta, além de continuar fazendo provas, está cumprindo uma missão, pois outros a ouviram.

Veja a diferença entre o que imaginava que tinha vivido para o que realmente estava sendo vivenciado. Agora, repare numa coisa: se nem sabia que estava em provação, como poderia realizá-la a contento? Ou seja, perdeu toda essa série de oportunidades de aproximar-se de Deus.

Essa é a aplicação prática do que estamos conversando. Caso não troque a realidade que vive, vivendo a real e não a ilusória, jamais compreenderá que está em provação e com isso não conseguirá aproveitar a oportunidade da encarnação para elevar-se.

Vocês encarnam para fazer provas, mas, ao invés disso, vivem as múltiplas atividades criadas pela mente e com isso não fazem o que viveram fazer. É disso que estamos tratando aqui.

Estamos falando sobre o que representa a vida humana para o espírito para podermos nos conscientizar do que é irreal e substituirmos pelo que é real. Estamos falando que ao ter a percepção de que abriu o armário deve conscientizar-se de que esta atividade é ilusória e que na realidade real está realizando uma provação. Se não fizer isso, não aproveitará a oportunidade que está tendo.

Por isso estou me prendendo muito a palavra atividade. Para o ser humano existem milhares de atividades, mas aquele que se considera buscador sabe que só existem duas, que são reflexo do fato de estarem encarnados: vivenciar provações e praticar missões.

Portanto tudo que me perguntarem sobre o que estão fazendo dentro da percepção humana, se foi certo ou errado fazer ou deixar de fazer, responderei que isso não importa: o importante é saber se aproveitou aquela atividade de uma forma espiritual.

Quem se considera um buscador de Deus não deve, portanto, viver as atividades humanas. Em seu lugar deve vivenciar a espiritual: uma prova ou uma missão.

Se alguém, por exemplo, se sente dependente monetariamente de outro, não deve viver essa dependência. Deve sentir-se como um espírito em prova e servindo a Deus como instrumento da provação dos outros (missão). Quando arruma ou desarruma um armário, considerando-se um buscador, não deve acreditar que está praticando essa ação, mas vivendo uma prova. Quando me ouve, não deve se sentir um ouvinte, mas sim um ser universal realizando uma provação. Só alterando dessa forma as consciências a busca do aproximar-se de Deus terá algum sentido.

Por isso, volto a repetir, estou usando muito a palavra atividade. O buscador, para ser diferente dos outros, precisa trocar a vida humana pela encarnação> para fazer isso deverá trocar as múltiplas atividades por apenas duas: viver provas e realizar missões.

Participante: existe um jeito de colocar em prática o que nos ensina? É preciso raciocinar? Pergunto isso porque não sei quando sou espírito e quando sou humano.

Você é cem por cento ego. A prática que estou falando existe apenas no coração e não na razão. Mas, para falar disso preciso me estender um pouco mais no assunto de hoje.