Ensinamentos de Krishna - Resumo

Zelar pela sua espiritualidade

28 - Porém, ó tu de braços poderosos! Sabe que os Sábios discernem corretamente a verdade relacionada à distinção dos gunas e do Karma (ou ação intencional e sua conseqüência). Percebem claramente como os gunas, em seu papel de sentidos (pensantes ¬pensados), se pousam sobre os mesmos gunas, mas agora em seu papel de objeto (pensado, gunas esses que são a falsa dualidade psicofísica sobreposta), e graças a essa reta percepção o Sábio jamais se apega a nada. (Bhagavad Gita – Capítulo III)

O sábio sabe que tudo que tudo que vive como realidade é fruto da sua intenção. Ao ter esta consciência, ao invés de declarar que aquilo é verdade, luta contra a sua formação sacrificando o fruto da sua intencionalidade a Deus. Ele não sacrifica a prática da ação, mas o fruto dela.

Os sábios percebem que as qualidades que aplica as coisas surgem do seu individualismo e por isso busca sempre a intenção universal. Por exemplo. Um banco, conforme a percepção de cada um pode ser sujo, bonito, feio etc. A intenção universal, no caso, é saber que está percebendo um banco; já as qualidades creditadas a ele, desde a forma até sua limpeza e estado de conservação, estão fundamentadas no individualismo de cada um.

Agora, engana-se aquele que pensa que o sábio não tem formações mentais que afirmem que o banco não é limpo. Ele tem, mas sacrifica a qualidade que está na formação mental criada pelo guna a Deus. Ele zela para pensar desta forma: 'ali existe um banco, já a sujeira que estou vendo nele é coisa da minha cabeça, do meu individualismo'.

O que Krishna está dizendo neste trecho é que o sábio sabe quando sua percepção repousa sobre a Realidade Real ou não. Por exemplo: o que é sua esposa? O sábio diria apenas que é um instrumento do seu carma; o aprisionado ao seu individualismo diria que é sua companheira, a qualificaria como bonita ou feia, afirmaria se gosta ou não dela, etc.

Quando há uma desavença entre o casal, o sábio, ao invés de culpar a esposa pelo que fez, zela para pensar desta forma: 'eu acho que ela não deveria ter feito isso, mas se fez, tinha de fazer'. Com isso ele está sacrificando o seu achar a Deus.

Por este sacrifício, o sábio denota o seu zelo pelas coisas espirituais. Já o não sábio critica a esposa. Com esta crítica, ele demonstra o seu zelo pelo individualismo, por sua vontade de estar certo. Para sustentar esta vitória está sempre atento em descobrir erros nos outros para poder criticá-los.

Para se alcançar a verdadeira sabedoria é só estar atento ao pensamento e zelar para vivenciar o universalismo, para viver para o ser.

43 - Ó tu, o de braços fortes!, comungando com aquele que é su¬perior ao intelecto, e subjugando o (falso) ser (personificado) pelo SER, destrói a esse inimigo na forma de desejo, tão difícil de vencer! (idem)

Comungando com aquele que é su¬perior ao intelecto é o mesmo que comungando com o Ser. É amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Comungar com o espírito é viver na felicidade de estar participando do mundo de Deus, não importando o que esteja acontecendo. 'Minha mãe morreu, mas eu amo a Deus acima da morte da minha mãe'. Quem vive deste jeito está comungando com o seu espiritual, com a sua consciência espiritual. Para este a mãe não morreu, porque nem mãe ele tinha. Ele sabe que tanto ele como a suposta mãe são espíritos filhos de Deus, ou seja, irmãos...

É a questão que já falamos neste estudo: o zelo. É a questão do direcionamento que dá para sua vida. Você só vai conseguir vencer nesse processo quando a sua busca for amealhar bens no céu e não na Terra. Isso porque o bem terrestre é o fruto do individualismo. É o prazer: eu quero, eu gosto e acontece, sou feliz.

É isso que Krishna está falando: você só vai subjugar a paixão e o desejo quando abrir mão da felicidade material. Quando não tiver mais motivos para ser feliz e for feliz com tudo que está acontecendo terá realizado alguma coisa na busca da elevação espiritual. Você só será terá realizado alguma coisa na elevação espiritual quando ao receber um tapa na cara permanecer feliz porque ama a Deus acima de todas as coisa e ama o agressor como se fosse você mesmo. Mas, enquanto viver como real, certo, o seu lado humano que diz que é errado apanhar, terá que reagir e perderá a felicidade.

 Portanto, quando lhe disserem 'você não sabe', responda: 'não sei mesmo'. Não siga o que a sua mente diz: 'quem é ela pra me dizer alguma coisa, eu sei muito mais do que ela'. Quando alguém lhe disser 'eu tenho certeza' deixe-o ficar com a certeza dele e mantenha sempre a sua dúvida... Não se preocupe em contestar, em ensinar. Mantenha-se unido a Deus e liberte-se da necessidade de vencer, de provar que está certo, de ter que dobrar o outro ao seu saber...

 A comunhão com o espiritual é o universalismo; é participar do Universo harmonicamente. Se o Universo para você agora é receber um tapa na cara, louve a Deus. Assim estará harmonizado com Ele. Comungar com o espiritual é viver o ecumenismo, ou seja, a consciência amorosa nessa vida e a ligação direta com Deus. Sem o espiritualismo (a vida fundamentado no valor espiritual) sem o ecumenismo (a fusão de todas as verdades em uma) e sem o universalismo (harmonizar-se com o Universo) não há comunhão com o espírito.

Em 1999 foi fundado o Espiritualismo Ecumênico Universal, mas só agora vocês conseguem compreender porque escolhemos esse nome. Ele reúne as três coisas básicas da vida para quem quer realizar a elevação espiritual. Sem espiritualismo, ecumenismo ou universalismo não há comunhão espiritual. O que existe é a satisfação pessoal, mesmo quando pretensamente se realiza uma obra para o Universo.

Enquanto vocês estiverem me acompanhando porque querem, porque gostam ou achando que estão ganhando com o aprendizado, estão andando para a elevação espiritual, mas a passos lentos. Isso porque vêm pelo prazer e quando não conseguem vir sofrem. É necessária a comunhão com o Espírito para subjugar o ser humano, mas só a vivência da ação com espiritualismo acaba com o materialismo; só a vivência da ação com ecumenismo acaba com as leis ditatoriais do ser humano; só a vivência da ação com universalismo acaba com o individualismo.