Função espelho

Vivendo a função espelho

Participante: Então, o viver a vida e não acreditar em nada nem ninguém, inclusive em nossa própria mente, implica-se em interiorizar-se ao máximo e calar a mente?

Implica-se em interiorizar-se ao máximo para conhecimento da verdade que gerou determinada compreensão para o acontecimento, mas não quer dizer que você conseguirá ‘calar a mente’.

Isto porque o ego funciona por comando de Deus. É o Pai que cria o funcionamento do ego e faz isso para que o mundo interior (a compreensão dos acontecimentos da vida) do ser humanizado seja criado e , assim, ele possa ter a oportunidade da sua provação.

Então, você não pode calar a mente. Quem poderia seria Deus, mas isso ele não fará porque senão estaria desperdiçando oportunidades de elevação para Seu filho. O que você precisa fazer é libertar-se da ação da mente.

Sendo assim, ninguém conseguirá, por exemplo, fazer a mente parar de dizer que, sob determinados aspectos, ele foi ofendido. O que poderá fazer sim, é se libertar desta ‘razão’ criada pelo ego. Parafraseando Krishna o “Sábio” compreende isso e interpenetra nesta Realidade e por isso não tenta ‘mudar’ ou ‘calar’ a mente, mas aprende a conviver com ela recebendo as conclusões que formam a realidade do que está sendo vivido através da razão, sem acreditar nela.

Portanto, o que estou dizendo é diferente do que você está falando. Não é silenciar, calar, ou seja, não mais raciocinar ou ter pensamentos, pois isso acontecerá até o momento do desencarne ou até além disso: na vida errante vivida com a mesma personalidade de hoje. O que estou afirmando que precisa ser feito é estar viver-se ‘acima’ do que o ego diz que é real.

Participante: Ignorar o ego...

Exato. É uma boa palavra o ignorar.

Participante: Quando um sem terra, revoltado por não ter terra, quebra os espaços públicos, está agindo por individualismo, sendo um instrumento cármico ou as duas coisas ao mesmo tempo?

Podem acontecer as duas coisas ao mesmo tempo ou não.

Quando ele age quebrando está sendo um instrumento cármico. Agora, se quando ele participação desta ação dando asas ao seu prazer (“tenho que quebrar mesmo, tenho que me desforrar daqueles que nada fazem por mim e só pensam em roubar”), aí está sendo individualista além de ser instrumento cármico.

Eu costumo dizer que age assim é um cafetão, um gigolô: aquele que tira proveito individual do trabalho dos outros. Quem tem prazer quando Deus faz determinado ato, é gigolô do Pai. Isto porque é Ele quem ‘trabalha’ e o ser humanizado se aproveita da Sua ação para ter prazer. Este ser humanizado é aquele que quer os frutos do trabalho de Deus para si.

Respondendo, então, a sua pergunta, pode haver as duas coisas. O ato em si não é individualista, mas cármico. No entanto, a reação que cada tem ao acontecimento, ou seja, com que sentimento vivencia o ato, é que determina se houve individualismo ou não.

Participante: Quer dizer que eu posso sair por aí ‘errando’?

Se você é espelho do outro jamais ‘errará’. Se a função espelho é comandada por Deus, pode ter certeza que a Inteligência Suprema jamais ‘errará’. .

Agora, enquanto a função espelho age de uma forma Perfeita, porque é fruto da Causa Primária de todas as coisas, o seu ego lhe diz que você ou o outro estão errados. Portanto, o valor ‘errado’ não está no que você faz, mas foi uma criação do seu ego.