Função espelho

O prazer

Já falamos do elemento ‘dor’ (culpa) do binômio resultante de quem participa como ‘espelho’ de seu irmão durante os acontecimentos da vida carnal. Falemos agora do seu oposto: a exultação do prazer.

Se você pratica alguma atitude, mesmo aquelas que pelos padrões humanizados (pela lógica que prioriza a felicidade terrestre à individual) é transformada em ‘errada’, mesmo que aparentemente o outro ‘sofra, você não deve sentir-se ‘culpado’ pelo que praticou, mas também, de forma nenhuma, deve achar que está ‘certo’ em praticar. Não estamos falando em ‘certo’ ou ‘errado’, mas em necessário, em imperioso que acontecesse.

Por isso a reação com prazer (“fiz mesmo, ele precisava, ele merecia, eu tinha que brigar mesmo, ele que se vire”) é um descumprimento do ‘dever’ do ser humanizado como instrumento de auxílio na Obra do Pai (o auto conhecimento do que reformar-se)

NOTA:

Pergunta 132 – “visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim da aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta”.

Isto porque nesta reação está demonstrada a ausência da real compaixão (consciência do sofrimento dos outros sem exultar-se ou sofrer por isso) que está presente quando o amor (sentimento como qual o ser humanizado reage a um acontecimento) não é universal, desapegado de individualismo, egoísta.

Como o espírito é instrumento de Deus, o prazer (encontrar satisfação no que faz) que ele sente torna-se um descumprimento do ‘dever’ dele como instrumento do Senhor. Para que este ser humanizado cumprisse à risca seu ‘dever’ seria necessário que ele tivesse a equanimidade (igualdade de ânimos) em tudo o que vivencia.

Sendo assim, aquele que cumpre realmente o seu ‘dever’ deveria imaginar da seguinte forma a sua participação nos acontecimentos: “tinha que acontecer desse jeito e eu tinha que ser o instrumento de Deus para tanto. Louvado seja o Pai”.

Então, aí está a função espelho no seu sentido mais amplo. Todos os acontecimentos que ocorrem no Universo e dos quais toma ciência, são imagens que refletem o seu interior e eles acontecem dessa forma para que você aprenda a se auto conhecer em profundidade. Mas, tudo que você faz frente ao próximo, também é um ‘serviço’ à comunidade espiritual, pois está representeando um ‘papel’ criado por Deus de tal forma que ele reflita o interior do próximo. E, como é Deus que cria a fala, a ação e a interpretação daquele papel, você não tem motivos para acusar-se ou vivenciar o acontecimento num estado de soberba (prazer), se auto elogiando por ter sido espelho do próximo.

Este é, em suma, o ensinamento que pode lhe ajudar a viver esta vida sem motivações individuais. Este é, na prática, o ensinamento que pode lhe levar a viver esta vida (carnal) com equanimidade, apatia pelos acontecimentos da vida. Por quê? Porque tudo que acontece (o que você faz e o que os outros fazem) não é a vida em si, mas sim Deus criando personagens e situações para que os espelhos se reflitam.