Unidade - Capítulo 1

Versículo 71

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Faixa 1

 71. Não desfruto, nem deixo de desfrutar os atos que foram ou estejam sendo cometidos. Esta é minha crença firme.

Não desfruto nem deixo de desfrutar... Para vocês viver assim parece impossível...

Para os humanos tudo que existe está preso ao dual. Sendo assim, todos acreditam que ou se faz algo ou de deixa de fazê-lo. Não existe alternativa para vocês, mas na verdade existe... Vamos entendê-la...

O mestre diz que não desfruta, ou seja, não ganha nada pessoalmente, individualmente, com o que está acontecendo. Apesar disso ele diz que não deixa de desfrutar, de ganhar algo pessoalmente agindo assim. Por que ele fala assim?

No primeiro caso, do desfrutar, se fala daquele que busca para si, o individualista. Ele quer desfrutar, quer receber alguma coisa em troca. Esta é uma forma de vivenciar um acontecimento. Ela acontece quando você busca estar “certo”, estar “errado” – neste caso, quando se quer estar “errado”, se ganha, desfruta-se quando se é considerado como “errado”. Ela acontece quando se vivencia os acontecimentos presos ao “bom” e ao “mal”, “bonito” ou “feio”.

Em todos estes momentos você sempre ganha alguma coisa, desfruta do momento, porque acredita estar “certo” do que está acontecendo. Isso o mestre diz que não faz, mas também afirma que não deixa de desfrutar, ou seja, não deixa de ganhar alguma coisa.

Este desfrute que o verdadeiro buscador sente é diferente do desfrute que o ser humanizado comum vive. Enquanto que o ser humanizado desfruta individualmente das coisas, ou seja, a partir das suas verdades, o espírito elevado desfruta dos acontecimentos pela emanação de Deus que são.

É um desfrute diferente, onde ele individualmente não ganha nada, mas não deixa de ver e louvar a Deus a cada momento. Com isso ele ganha, mas não egoisticamente, não ganhando de outro... Este é o não deixar de desfrutar que o mestre fala.

Para termos uma compreensão melhor, vou usar algo que já falamos. Anteriormente dissemos que o desfrutar do verdadeiro sábio não está preso nem a agitação da felicidade, o êxtase do prazer, nem a depressão da dor. Dissemos que este desfrutar é vivenciado na apatia...

Acontece que o termo apatia remete vocês à idéia de estar nulo na situação, de não ter desfrute. Mas esta idéia é irreal. O verdadeiro sábio desfruta das situações dentro de uma neutralidade e não dentro de uma nulidade.

O não deixar de desfrutar que Dattatreya ensina acontece quando você entra nesta nulidade, ou seja, quando não está em nenhum dos lados. O desfrute preso ao prazer ou a dor é um desfrute egoísta; o desfrute na nulidade é o desfrutar universal, porque é preso à comunhão com Deus.

Quando falamos em apatia, a idéia que lhes veio à mente foi a de não agir. Mas, isso não é real... Não estamos falando de não agir, mas em agir sem que aja ganho individual sobre os outros... Um desfrute sem vantagens individualistas, mas alcançada pela sintonia amorosa com Deus onde todos ganham...

Esta é a diferença entre o desfrutar e o não deixar de desfrutar que o mestre ensina neste trecho.

Sendo assim, o verdadeiro ser elevado participa das coisas não desfrutando pessoalmente da ligação com as coisas, mas desfrutando da comunhão com Deus, da sua ligação com o Eu Superior, da sua Unidade com o Um.