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60. Que maravilhosa é Maya, causa das noções de unidade e dualidade, pelas quais este universo parece um e intacto!
Acho que o mestre ficou maluco, não? Ele afirma que o maya é maravilhoso... Por que ele fala assim? A resposta esta nas próprias palavras de Dattatreya: o maya é maravilhoso porque somente por causa dele existe o dualismo no Universo...
Quando não houver mais maya, não haverá mais dualismo no Universo. O maya ou a ilusão ou as verdades contidas no ego é o fato que cria o dualismo no Universo. Mas, porque é maravilhoso haver dualismo no Universo?
Participante: Porque parece que o dualismo foi criado por Deus para as provas do espírito...
Ou seja, o dualismo é a prova. A partir disso, volto a perguntar, porque é maravilhoso haver o dualismo? Porque sem o dualismo todos estaríamos na inércia... Não existiria o que se fazer no Universo...
Este sistema que Deus criou (o sistema dualista, dos mayas) que criou a ação universal. Se todos vivessem na unidade não haveria o que se realizar no Universo.
Os espíritos só têm uma coisa a realizar no Universo: lutar contra os seus mayas... Todo resto é, por assim, dizer, realizado automaticamente e não por ação espiritual. Se não houvesse o maya e a possibilidade de exercer o livre arbítrio entre optar por Deus ou pelo maya, o espírito seria estático...
É o maya que nos movimenta para lá e para cá. É o maya que lhe dá a possibilidade de amar. Sem ele, você não saberia o que é amar, porque não teria o não amar. Você só conhece o que é amar na hora que tem a possibilidade de saber o que é não amar.
É neste sentido que o mestre está nos dizendo que o maya é uma maravilha...
Temos falado muito aqui no sentido da luta contra o maya, da luta para se libertar dele. Já falamos inclusive que maya é o diabo, o tentador. Mas, aquele que realmente busca a liberdade do maya ama a tudo, inclusive as próprias ilusões. Então, aquele que alcança a elevação espiritual ama a tudo, inclusive o próprio maya...
Apesar de dizermos que você deve lutar contra o maya, contra as ilusões, dizemos também que você não deve não gostar do maya. É isso que o mestre está falando.
O maya é fenomenal, é fantástico, é perfeito, porque se vivêssemos num mundo sem maya, não teríamos o que realizar, pois a única coisa que os espíritos têm para realizar neste Universo é lutar contra ilusões. Toda e qualquer outra coisa que você imagina fazer é apenas ilusão, pois é Deus quem faz. Você só acha que está fazendo...
Participante: O dualismo é obra de Deus, mas como Deus sendo Uno pode criar coisas duais? Não seriamos nós mesmos os criadores do dualismo?
Não.
Veja: Deus é o Criador do Universo. Então, tudo que existe foi criado por Deus. Mas, Deus não cria coisas duais: ele cria a ilusão de haver dualismo.
Ele cria a ilusão do “certo” e “errado”, do “bonito” e “feio”. Ele não cria o “bonito” e o “feio”, mas a ilusão que você vivencia algo bonito ou feio. Neste momento, você pode optar em viver o adjetivo dualista proposto por Deus ou pela integração na unidade não acreditando nestes adjetivos...
Mas, ele não faz isso apenas por fazer, mas por amor. Isto porque quando você combate o maya se liberta de sujeiras e chega mais perto da Unidade.
Participante: O dualismo não é uma forma distinta de ver o Uno?
Não, o dualismo não é uma forma distinta de ver o Uno, mas um sistema que desmembra ilusoriamente o Uno.
O ser humanizado não vive na Unidade, mas na multiplicidade. Ele subdivide o Uno em diversas partes.
Agora, se pensar por outro lado, ou seja, partindo da lógica que Deus é tudo e tudo é Deus, sim. Isto porque, raciocinando a partir desta lógica, tanto faz você viver o “bonito” ou “feio”, estará vivendo Deus.
Então, poderia até ser, mas na realidade não é. Na verdade a Unidade existe e você é que a vivencia optando pelo dualismo.
Participante: Considerar que o dualismo existe e que foi criado por Deus não é a mesma coisa que considerar que o maya existe e foi criado por Deus?
Sim, mas é exatamente isto que estou dizendo: o maya existe e foi criado por Deus.
Deixe-me dizer algo. Você vivencia o maya através do pensamento. O pensamento é dual e ele lhe dá os mayas, ou seja, a ilusão de que existe o feio e o bonito. Mas, quem lhe dá os pensamentos?
Nós estudamos isso em O Livro dos Espíritos recentemente: os espíritos, a mando de Deus, lhe dão os pensamentos. Sendo assim, quem lhe dá os mayas é Deus.
Agora o Senhor não o obriga a se escravizar ao maya. Pelo contrário: ele lhe dá o maya como uma oportunidade para que você, espírito, exercendo o seu livre arbítrio, prefira viver na Unidade e não na dualidade.
Este é o objetivo de Deus ao lhe dar o maya: criar uma prova para o espírito. Só isso...
Participante: Mas, a ilusão não somos nós que criamos?
Não, o espírito não cria nada... Deus é Causa Primária de todas as coisas...
Definitivamente precisamos acabar com a idéia de separar o todo em partes. Deus é Causa Primária de todas as coisas: assim afirmou o Espírito da Verdade. Apesar disso, os seres humanizados querem afirmar do que Deus é Causa Primária e do que não é... Se Deus não fosse Causa Primária de todas as coisas, o Espírito da Verdade ensinaria que ele é Causa Primária de algumas coisas.
Portanto, se Deus é Causa Primária de todas as coisas, ele é a origem de tudo, inclusive do maya. Mas, para se compreender isso não é preciso nem muito raciocínio. O maya é a prova que o espírito vivenciará e quem escreve as questões desta provação é Deus baseando-se nos assuntos que o espírito escolhe para provar durante a encanação.
Então o maya é criado a partir dos objetivos da encarnação escolhidos pelo espírito como prova para ele...
Participante: Mas, se considerarmos maya como uma criação de Deus, não teríamos que considerá-lo como real, posto que foi criado por Deus? Isso ainda não ficou claro para mim...
Maya é real: você tem maya, isto é uma realidade. Agora, acreditar no que o maya diz como verdade, realidade, é que é ilusão. O maya existe, mas a compreensão que ele cria é ilusão... Vou dar um exemplo...
O seu pensamento lhe diz que alguma coisa é “bonita”. Isso é real: realmente você tem um pensamento que diz que alguma coisa é “bonita”. Mas, o fato daquela coisa ser classificada como “bonita” é irreal.
Sendo assim, o maya em si é algo real: não se pode dizer ao contrário. Você não pode dizer que se ilude pensando que tem um pensamento: você o tem realmente. Agora, dizer que o que maya diz é verdade é ilusão. O que o maya diz é ilusório, é irreal.
Agora deu para ficar claro? O maya é um elemento do Universo: isso é Real. Mas, o que o maya transmite é ilusão.
Participante: Como é que o maya pode ser real e ilusão ao mesmo tempo?
O maya não é ilusão... Ele contém uma ilusão...
Olha o exemplo que eu lhe dei. Você tem um pensamento que diz que determinada coisa é “bonita”. Isso é real, isso é maya... Agora, o que é o maya diz (aquilo é “bonito”) é ilusão. A “beleza” da coisa é ilusão, não o fato de você ter pensado...
Você pensou... Isso é real... Mas, o que o maya fala é uma ilusão...