Unidade - Capítulo 1

Versículo 6

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 6. Aquilo que é o Atma sempre refulgente de tudo; pelo tempo ilimitado como espaço, puro e sagrado por sua própria natureza; isso eu sou, sem dúvida.

Você é ilimitado pelo tempo e pelo espaço: o que quer dizer isto? Você não tem idade, nunca teve infância, juventude ou velhice, acordar ou dormir. Você é ilimitado pelo tempo.

Este ensinamento é muito importante para se viver esta existência com felicidade. Muitos colocam a sua prisão em períodos de tempo como condicionador da felicidade, mas não entendem que o tempo não existe. Para se ser feliz não é preciso, por exemplo, ser eternamente jovem, mas sim eternamente feliz.

Como vocês mesmo afirmam: “velhice é uma questão de cabeça”, é uma questão de se sentir velho ou não. Se você não se sentir velho, poderá ser eternamente feliz, mesmo que o corpo demonstre sinais de velhice.

Mas, se isto é verdade a necessidade de dormir também é uma “questão de cabeça”, ou seja, se você não “sentir sono” poderá não dormir. Seu sono surge da sua criação fantasmagórica que afirma que precisa dormir tantas horas por noite. Ilusão, maya, ou seja, aquilo que você se entrega como verdade.

Por esta prisão à ilusão como verdade, você gera o sono e se entrega a ele. O sono, porém, não é real. Foi você que o criou naquele momento. No entanto, agiu desta forma porque acredita que existe a “hora de dormir” e a necessidade deste repouso.

O ser humanizado não precisa dormir, não precisa se sentir criança nem velho. Você só se sente velho quando “se sente velho”, só sente sono quando “sente sono”.

Você é ilimitado pelo tempo, mas também pelo espaço. Pode estar onde quiser, na hora que quiser. Não há espaço que lhe separe de nada. Pode separar o corpo, mas não você, pois você não é o corpo.

Mesmo assim vive limitado pelo espaço, vive preso ao lugar que está, porque acredita que é o corpo. Se ele não se locomover você não vai acreditar que foi, mas que “criou na sua cabeça” (imaginou) a ida. A ilusão não foi o que você criou, mas o achar que não foi.

Para se viver a Realidade é preciso acreditar em você como espírito e em todas as suas propriedades espirituais como já existentes. Para isto é preciso lutar contra as verdades que você vivencia atualmente e que lhe limitam em tempo e espaço. Você é o Atma, o espiritual, ilimitado com relação a tempo e espaço.

Você é refulgente, é brilhante, é puro espiritualmente falando: assim declaram os mestres. No entanto, você não se considera assim.

Imagina-se um espírito encarnado no nível de elevação de provas e expiações e por causa desta condição imagina que não presta, que não é elevado. Acredita-se um atrasado, não evoluído espiritualmente falando, um pecador, etc.

Todas estas verdades a seu respeito são ilusões que você mesmo criou, que fez acontecer. Elas, no entanto não são reais, pois você, na sua essência, é brilhante, refulgente e puro.

Buda nos ensina: o espírito é luz e ele está sujo pela poluição adventícia. O espírito é luz e ele não está sujo pela poluição adventícia. Cristo também diz: vocês são deuses.

Todos os mestres ensinam assim: o espírito é luz. Não importa se você acredita nisso ou não. Aliás, o não se achar puro é a poluição adventícia, os mayas, as ilusões, aquilo que surge pela razão que lhe diz que você não é puro.

Todos os mestres foram claros quanto à sua descendência: você é filho de Deus. Apenas por isto já deveria se considerar puro.

O Senhor do Universo, a Perfeição, não pode gerar nada que não seja Perfeito, Puro. Deus não pode gerar nenhum espírito sem que ele seja tudo o que o Pai é. Portanto, você é puro e refulgente por herança genética.

Agora, você não consegue exercer esta sua pureza porque não acredita nela, mas sim que é impuro e sujo. Só para fazer um jogo de palavras, eu diria que você está sujo porque acredita que está.

Na hora que lutar contras as impurezas que lhe afirmam que está sujo, conseguirá caminhar para Deus vivendo a sua essência luminosa. Mas, enquanto se achar um pobre coitado não pode chegar ao reino do céu nunca.

Você é sagrado; todos nós somos sagrados. Você dá valor de sagrado a hinos, músicas, mantras, mestres ou imagens, mas não consegue fazê-lo a si mesmo porque não acredita que você é um espírito, filho de Deus.

Você é sagrado para o Universo. O Universo lhe vê desta forma, mas você não. Os espíritos elevados conhecem esta Realidade e lutam para lhe ajudar a se despoluir, para que volte à consciência do que é na Realidade.

Lutam contra você para que não se acuse de ser ruim, pois se acredita como “pequeno”, incapaz, apenas um ser humano, um pecador que fez maldades em outra vida e por isso merece está aqui é não honrar a sua filiação.

Dizer que você é um pobre coitado, um enjeitado, que o mundo não lhe ama é não honrar a sua filiação: Deus, seu Pai. Dizer que a sorte foi madrasta, que só dá azar, que nada acontece de bom na sua vida é não honrar a sua filiação.

É por causa da ilusão que você diz que é e vive, é que vai se prendendo aos pensamentos, transformando o mundo fantasmagórico do seu raciocínio em realidade. Quando acredita no fruto do seu raciocínio como verdade cria ainda mais ilusões e cada vez mais encobre o seu “sagrado” com a poluição do maya.

Você precisa se libertar desta poluição para poder deixar que o seu “sagrado” que se encontra no fundo do mar lamacento das suas ilusões ressurja. Por isto estamos afirmando que o trabalho da reforma íntima não é conseguir coisas novas (elevação espiritual, pureza), mas agir em destruição do que se têm para poder reaver o já se é.

Todo ser humanizado luta a vida inteira para ser feliz, mas ele já é feliz, já tem a felicidade dentro dele. O problema é que a busca que faz está direcionada para o lugar “errado”: procura a felicidade na satisfação de que seu maya se transforme em realidade, ao invés de voltar-se para o seu eu sagrado.

Na hora que se voltar para dentro, que buscar a felicidade no seu ser refulgente, neste deus que você já é, poderá dizer ao seu ego: que você se dane. “Pode produzir qualquer verdade fantasmagórica que quiser que eu não mais cairei nesta ilusão, pois me descobri. Eu não vou mais me deixar levar por você. Eu sou livre”.

Pergunta: Ainda sobre a questão da materialidade, eu espírito ajo através do perispírito, que é matéria, sobre o corpo carnal. Portanto, preciso de matérias.

Não, o espírito não age através do perispírito. A ação espiritual é amar, é sentir, é sentimento, não ato físico, executado através de uma matéria. Para se sentir não é preciso matérias.

Se você precisasse do perispírito nunca se libertaria dele, como afirma o Espírito da Verdade que isto acontecerá um dia. Além do mais, você, o filho de Deus, o princípio inteligente do universo, seria muito pouco, pois estaria dependente de uma matéria eternamente para existir.

Você é livre por natureza, não tem dependência nenhuma. Só precisará do perispírito enquanto achar que precisa dele.

Pergunta: Apesar do espírito nunca se cansar, o corpo material (carnal) precisa descansar, pois é uma máquina.

Este é um maya muito comum entre os seres humanizados. Mas, veja bem, nada do corpo material descansa durante o que você chama de sono.

Os membros continuam funcionando assim como o dorso, pois “você” se mexe na cama. Os órgãos internos continuam funcionando tal qual quando se imagina acordado, senão você morreria. O que diferencia uma situação de outra e que dá o descanso? Só a posição? Por isso não: muitos dormem sem deitar e acham que descansam.

Não há descanso para ninguém. Aliás, Cristo ensina. Os passarinhos têm os seus ninhos e as raposas têm suas tocas, mas o ser humano não possui onde repousar – Evangelho de Mateus – Capítulo 8 – Versículo 20. Quando você coloca o corpo na horizontal ele está funcionando como se estivesse “acordado” e você, o espírito também não descansa, pois está sempre “trabalhando”, espiritualmente falando.

Não há descanso nem para um nem para outro. Então, o que lhe traz a sensação de descanso? A ilusão de achar que dormir é descansar.

Pergunta: Mas se o ser humano não precisa comer nem descansar, como viver?

Volto a repetir: não é para você a partir de hoje não dormir nem comer. Isto só poderá ser alcançado como fruto da evolução. O que precisa agora é acabar com a dependência, com a necessidade de dormir.

Libertando-se desta dependência quando você dormir e comer ou não praticar estes atos, não fará diferença. O seu estado de espírito não se alterará porque você não é mais escravo da satisfação das suas verdades.

Sabe o que é fome ou sono? É o resultado da sua dependência em ter de comer ou dormir. Se você não tiver mais esta dependência não terá mais fome ou vontade de dormir.

Mas, volto a repetir: não é para começar a fazer amanhã. “Vou deixar de comer amanhã porque aprendi que isto é possível”. Não é isto que estou ensinando.

O que estou lhe dizendo é que é possível se viver desta forma, como sem muito mais coisas que hoje você considera indispensável para tanto. A prática, no entanto, é o resultado natural de um processo que você alcançará ao desapegar-se das suas verdades, porque o ensinamento é Real.

A prática, no entanto, não surgirá do nada ou de uma decisão individual sua, mas para que ela aconteça é preciso caminhar em direção a Deus, ou seja, a cada dia lutar contra a dependência que se tem das verdades que o ego impõe.

A reforma íntima não se trata em aprender a não comer ou não dormir, mas reflete-se na mudança interior, ou seja, na luta contra a dependência de comer ou dormir assim como de todos os condicionamentos a que você se sujeita.

A elevação espiritual não se constata por não mais precisar dormir, ou qualquer outra ação mística contrária à realidade, como muitos imaginam. Ela é alcançada quando ocorre a liberdade da dependência criada pelo ego, sem que para isso seja preciso se revolucionar as leis materiais.

 O ser elevado dorme na hora que estiver dormindo e não sofre quando isto não acontece. Ele é equânime com os acontecimentos da vida porque se libertou das dependências para ser feliz.

Isto é real e já foi alcançado. Agora, o não dormir nunca, é uma ilusão e enquanto encarnado não poderá acontecer. Apenas para ilustrar este ensinamento, deixe-me contar-lhe um caso.

Quando começamos a transmitir os ensinamentos dissemos àqueles que nos ouviam que um espírito poderia viver com apenas quatro horas diárias de sono. Algumas pessoas disseram que era impossível, que precisavam de no mínimo oito, dez horas, se quisessem sentir-se descansado.

Ao longo dos anos de ensinamentos, lutando contra suas verdades, contra suas dependências, eles caminharam no sentido da reforma íntima. Não alcançaram o “deixar de dormir”, mas, no entanto, hoje, mesmo que fiquem menos horas “dormindo” ou quando têm uma noite mal dormida, no outro dia não ficam “caindo” pelos cantos de sono.

Porque isto? Porque estão buscando se libertar das dependências e isso se reflete na de dormir determinada quantidade de horas para ser feliz: “se eu dormi, dormi; se não dormi, não dormi. Louvado seja Deus”.

Para eles isto já é possível, mas enquanto você tiver a dependência e lamentar-se porque não conseguiu dormir, vai morrer de sono pelos cantos, mas permanecerá “acordado”.

Pergunta: Mas, além do que o senhor falou, existe a possibilidade de se ter sono para fugir do maya do dia a dia, não?

O que você fala não é uma possibilidade: é a Verdade, a Realidade. Você cria o sono não para descansar, mas para fugir dos seus mayas, para descansar de tanto viver se iludindo.

É uma ação inconsciente do espírito que não mais suporta o peso dos condicionamentos e busca um momento de paz. Por isto você se “apaga” (desliga o consciente) libertando-se da realidade carnal que pelo excesso de não realidade (Ilusão) é “sufocante” para espírito.

Portanto, veja, se você lutar contra esta dependência durante o período que está acordado, não precisará criar o sono.