Unidade - Capítulo 1

Versículo 53

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 53. Não existe o Guru nem sua instrução, tampouco upadhi ou ação. Conhece o que é imaterial, livre como o espaço. Eu sou puro por minha própria natureza.

Upadhi=não ação

Não existe o guru, nem o seu ensinamento.

Todo o espírito encarnado no planeta Terra vive dentro de uma freqüência muito parecida porque o Universo é feito de similitudes de padrões de vibracionais. O guru seria alguém muito acima da média dos outros que estão encarnados, alguém que seria capaz de guiar outros, um mestre, mas não é assim...

Na verdade, os gurus são espíritos buscando a sua elevação espiritual. Se ele ainda está buscando a elevação dele, como é que ele pode servir de guia para você? Isso é impossível... Até porque, o verdadeiro guru nunca acha que realizou nada, por isso não aceita a posição de mestre.

Só você pode realizar a sua reforma íntima, agir em benefício de si mesmo. Isto porque a ação em direção à elevação espiritual é fruto do livre arbítrio que Deus lhe deu.

Quando você restringe a sua própria caminhada a seguir passos dos outros abre mão dessa opção para seguir alguém, ou seja, seguir as opções de outro, está jogando fora o presente, a dádiva, que Deus lhe deu...

Eu não estou falando dos mestres – aliás o último que encarnou foi Cristo, de pois não teve mais nenhum mestre encarnado. Estes devem ser ouvidos e seguidos na caminhada. Estou falando de outros seres que se intitulam mestres ou gurus. A estes não devemos seguir. Aliás, no estudo que fizemos sobre hipocrisia, Cristo disse: não chame ninguém de mestre, pois vocês são irmãos entre si e têm apenas um único mestre: Deus.

Aliás, deixe-me dizer uma coisa: você não vive nenhum ensinamento dos mestres. Por quê? Porque todo ensinamento de um mestre passa por aquilo que chamamos crivo da razão, ou seja, você raciocina o ensinamento e cria uma compreensão... Durante este raciocínio você alterou a essência com o qual o ensinamento foi pronunciado.

Então não se baseie em ensinamentos de seres humanizados, porque eles vão colocar na hora de transmitir a sua impressão individual e ela vai alterar a essência e o direcionamento do ensinamento.

Participante: Pode falar sobre livre arbítrio consciente e inconsciente?

Livre arbítrio consciente, depois de encarnar, não existe já que todo pensamento lhe é dado por espíritos fora da carne. O que existe é o livre arbítrio inconsciente: a escolha do amor ou de um sentimento...

Esta escolha é inconsciente para você, porque ela não passa pelo processo raciocínio, ou seja, não é formado por idéias, formas, palavras, por assuntos.

Participante: Como se escolhe alguma coisa se a escolha é inconsciente?

É o seu “eu supremo” que escolhe: não você...

Isto acontece assim porque você se acha humano... Na hora que se libertar da sua humanização, terá consciência do que escolhe hoje.

Agora, tenha a certeza de uma coisa: chamo de inconsciente essa escolha simplesmente porque você não tem a consciência dela, não isto quer dizer que ela seja feita no escuro, calada da noite, por baixo dos panos. Ela é o fruto do livre arbítrio do ser espiritual que neste momento está bem consciente...

Participante: É aquela história de camuflar o verdadeiro sentimento, é isso? Raramente conseguimos descobrir o verdadeiro sentimento que está atrás de cada pensamento e conseqüentemente de cada ato...

Isso... Agora, se você não sabe que sentimento está vivendo, só ame.

Participante: Então eu não mando nada na minha vida? Aliás, nem posso chamar de minha vida...

Não, você, o ser humanizado, não manda nada na sua existência carnal. Mas, você, o ser supremo que está ligado a esta carne, comanda totalmente a sua existência espiritual...

Saiba que você, pela sua consciência humana, pelo seu raciocínio, pela lógica e pela razão, não comanda nada.

Participante: Então não preciso fazer nada também?

Precisa se livrar de tudo isso: da sua humanização, dos seus conceitos, da sua consciência, dos cinco agregados que nós já estudamos...

É isso que você precisa fazer: se libertar, ou seja, não se aprisionar a essas coisas. Na hora que você não se aprisionar a isso, atinge a consciência espiritual e aí o que era inconsciente passa a ser consciente.

Participante: O senhor diz que precisamos nos libertar dos conceitos e até dos pensamentos que Deus nos dá?

Quantas vezes já não veio à sua cabeça um pensamento sobre alguma coisa e logo depois um ensinamento a respeito daquela forma de pensar?

Participante: Mas isso eu não comandei para acontecer desta forma...

Deus está comandando...

O desejo de se elevar e a luta contra os seus conceitos é dado por Deus... Mas, Ele faz isso só na mente dos sábios, ou seja, aqueles que procuram a Deus.

Participante: Como fazer isso na prática?

Na prática, você deve agir assim: o seu pensamento lhe diz “que coisa ruim” e você responde ao pensamento que não há nada “bom” ou “ruim”, pois tudo é perfeito. O seu pensamento lhe diz que fez algo e você responde a ele: não fui eu que fiz; foi Deus... O seu pensamento lhe diz que aquela pessoa não presta e você responde: eu não sei julgar ninguém... Não vou me prender a esta idéia como verdade.

Como eu disse: é libertar-se e não acabar com o pensamento. Não se trata de destruir um pensamento ou de querer achar que pessoa que você acha “ruim” é “boa”, mas sim não aprisionar-se á imagem criada sobre aquela pessoa pelo pensamento. Isso é a prática: você não viver com os seus pensamentos sempre desconfiando deles.

Agora, a consciência de desconfiar quem vai dar é Deus. Então se você desconfiou, desconfiou; se não desconfiou, também não desconfiou...

Não queira praticar cem por cento do tempo porque você não vai conseguir. Não existe não agir ou agir dentro de determinado acontecimento... Por quê? Porque é Deus quem dá a ação...

Então veja, você agir de uma determinada forma ou não agir de forma nenhuma independe do que você queira, do seu desejo... Independente até da sua escolha consciente...

Você vai passar pelo aquilo que tiver que passar, viverá o ato que tiver que viver... Isso tem que ficar muito claro, porque tem muita gente que me acusa que eu prego que todo mundo fique sentado. Isso não é verdade... Se alguém ficar sentado, ou seja, alcançar a inação por causa do que falo, é porque já ia passar por aquilo e não porque eu falei.

Nós precisamos tirar do mundo a lógica humana: se eu entro num carro e o ligo e começo a andar e eu vou sair de um lugar para outro. Isso é ilógico porque o carro pode quebrar e você não vai a lugar nenhum...

Esperar que determinada situação leve forçosamente a outra é uma ilusão, é um maya. Esperar que uma situação ocorra por causa de uma anterior também é uma ilusão. Acreditar que esta seqüência é real lhe leva a ficar remoendo aquela ilusão sofrendo ou tendo prazer.

É a velha história que diz que quem fuma morre de câncer... Não é essa a lógica do Universo. A lógica universal diz que todos podem morrer de câncer, fumando ou não...

O fumo não dá câncer ou pelo menos não garante a morte por esta doença... Você pode ter uma pneumonia e morrer antes... Pode atravessar uma rua e ser atropelado e morrer antes... Se tudo isso pode acontecer, a lógica já está quebrada...

Sendo assim, posso afirmar que não é porque você faz determinada coisa que aconteceu aquilo... Agora, posso afirmar o contrário: você fez isto para acontecer aquilo... Você não sai de casa para trabalhar: trabalha para sair de casa...

A lógica espiritual é ao contrário da material... É isso que vocês precisam entender e pôr em pratica no que se refere à ação, porque senão vão continuando vivendo a sua vida como se fosse um filme, ou seja, fotografias que passam tão rápido que vocês têm a ilusão do movimento, mas que na verdade são fotografias completas por si só.

O câncer é uma coisa; o fumar é outra. Não há vínculo entre uma coisa e a outra, a não ser para sua ilusão. Isto porque há muitos que fumam não têm câncer e muitos que não fumam e têm câncer.

Então não existe ação ou inação, e as ações não se refletem em acontecimentos futuros, previamente e logicamente dispostos.

Continuemos o estudo do ensinamento do mestre. "Conhece o que é imaterial". O que é imaterial? Neste trabalho é chamado de atma.

Portanto, o mestre diz conhece o atma... Nós já estudamos isso neste trabalho.

Atma é o espiritual, aquilo que você chama de espiritual, mas que nós chamamos de Universal, de Real... O que você precisa conhecer sobre a realidade das coisas? Que o universal é livre das suas vontades, das suas razões, dos seus desejos, das suas intencionalidades.

O universal, o espiritual, é livre do ser humanizado, mas também é livre dos espíritos... Isto porque o universal é a casa de Deus e só o Pai pode, por ser a Inteligência Suprema do Universo, agir nele.

Então o atma, o espiritual, é livre de todos os espíritos... Ele só se prende a Deus...

É por isso que eu posso lhe garantir que o mundo não está aqui para lhe satisfazer... Ele não está preocupado com o que você acha, quer, sonha ou espera, porque o mundo é livre de você. Ele age sem se importar com você, mas apenas levando em consideração o "faça-se" de Deus.

No outro dia eu disse: não confiem em ninguém... Hoje digo mais: não confiem em nada...

Vivam a vida liberto de tudo e de todos, inclusive de si mesmos... Vivam livres das suas verdades, vontades e desejos, porque o Universo não vai conspirar a seu favor...

Ele vai conspirar a favor de Deus... A favor do amor que Deus tem por você e não a favor do amor que tem por você mesmo, que nós chamamos de individualismo.

Participante: Eu nas minhas andanças me defronto quase todos os dias com pessoas... Muitas vezes elas me fazem lembrar as aulas do Joaquim, pois devo aceitá-las como são sem julgá-las nem se indignar com suas posturas agressivas. Enfim, devo praticar o amar indistintamente e levar uma mensagem melhor sempre que oportuno.

Isso não é só você, são todos.

Todos os que convivem em sociedade se defrontam com esse tipo de pessoa, porque essa é a característica do ser humanizado: “tudo para mim”, “eu sou o centro do Universo”, “todo o mundo tem que girar em torno daquilo que eu quero”.

Participante: A prática exige que sejamos como escoteiros: tentar estarmos sempre alertas... Acho que me ralei demais e acabei aprendendo pela dor...

Louvado seja Deus: se não vai pelo amor, vai pela dor.