Unidade - Capítulo 1

Versículo 52

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Faixa 1
Faixa 2

 52. Eu sei que teu eu supremo está livre e onipresente como o espaço visível. Tudo o mais (o mundo) é ilusório como miragem.

Eu não sei se vocês se lembram ou se vocês estavam aqui, mas quando estudamos um dos itens do Avadhut Gita, perguntei a uma pessoa: você acredita que é preciso ter compaixão dos outros? Falei isso baseado no exemplo do cachorro que estava perturbando uma moça e uma pessoa estava preocupada em tirar o cachorro dela. Por que esta preocupação?

Participante: eu achava que era uma questão de compaixão.

Mas, compaixão a quem?

Participante: À pessoa incomodada.

Ao ser humano... Mas porque você acha que deve ter compaixão pelo ser humano?

Participante: Quando tínhamos estudado compaixão a uns tempos atrás eu tina entendido que era pelo ser humano. Hoje eu percebo a grande diferença do ser humano do espírito...

 Sabe por que você quer ter compaixão do ser humano? Porque você não reconhece no outro a essência espiritual... É isso que o mestre está dizendo.

Você sabe que o ‘eu supremo’ está livre do aborrecimento com um cachorro, de vontades e desejos com relação a isso e todas as coisas, mas como você não reconhece em você e no outro a presença do ‘eu supremo’ busca satisfazer o ser humano ao invés de buscar amar o espírito que está vivendo uma experiência humana.

Tudo que você vivencia através das formações mentais deveria partir do reconhecimento de que você e as outras pessoas são um ser superior liberto de toda materialidade e não as forma e personalidades físicas. Você não deve se prender à sua percepção que diz que você é humano e lidar com você e com os outros se baseando ‘eu supremo’ que são.

Esta deveria ser verdade, ser padrão de raciocínio para todo o espiritualista: lidar com os outros espíritos encarnados na realidade do ‘eu supremo’ que cada um é. Mas, não é assim que vocês lidam com a vida...

A mãe quer lidar com o filho como mãe, o marido quer lidar com a esposa como marido, o filho quer lidar com o pai como filho... Eles não se reconhecem como um ser supremo que está preso na carne, e por isso fundamentam-se pelas relações humanas. É por isso que choram o destino de uma criancinha, de uma mulher atacada por um homem: porque não reconhecem o ‘eu supremo’ que está dentro daquela forma.

Mesmo aqueles que se dizem espiritualistas e que gostam falar difícil para mostrar o quanto conhecem a respeito das coisas universais, não lidam com o ‘eu supremo’ que está à sua frente, mas sim com o humano. Mesmo quando para provar os seus conhecimentos cumprimentam-se uns aos outros com o namastê – cumprimento hindu que significa o meu divino interior cumprimenta o seu divino interior – se esquecem do ‘eu interior’ e relacionam-se com os outros de uma forma humana. Eles saúdam o ‘eu interior’ do outro, mas depois ficam observando o lado humano: se é mulher, eles reparam se ela é bonita, se dá vontade levar para cama; se é homem, tem nariz torto, se te macho mesmo....

O que é que adiantou cumprimentar dessa forma? O que adianta você dizer estas palavras se não vive com a realidade que elas expressam?

Tudo que se aprende no sentido espiritual não pode ser simplesmente um ensinamento. De que adianta você saber que existe um ‘eu supremo’ que está intelectualizando a massa se não convive com o mundo sendo ele?

Quando se fala em espiritualização, em elevação espiritual, você precisa muito mais do que saber: precisa viver como e com o ‘eu supremo’. Mais: a convivência precisa ser baseada na Realidade do Universo, ou seja, na realidade do ‘eu supremo’.

Quando esta prática for alcançada, você não terá mais compaixão pelo ser humano, porque reconhecerá que em cada um existe um ‘eu supremo’ na verdade é liberto de paixões e desejos...

O aviso do mestre para nós é neste trecho é muito profundo, pois mexe conosco no sentido de nos fazer viver uma vida diferente.