Unidade - Capítulo 1

Versículo 37

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Faixa 1

 37. Quando alguém chega a conhecer Brahman, todo este mundo de matéria aparece sem base, como o ar. E então não resta dualismo em Um.

Quando você conhece Deus de verdade, nada mais existe... Portanto, é melhor pararmos de buscar pela lógica humana o mundo espiritual, pois senão nunca sairemos do mundo material...

Disseram, justificando o viver a matéria como Realidade: o espírito não tem consciência de si mesmo... Sim, não tem, já que vive a matéria como verdade, como realidade...

O espírito encarnado não possui consciência de si ou de seu mundo porque vive a matéria como verdade. Como para ele a matéria é realidade projeta o seu próprio mundo de acordo com a sua verdade de hoje.

Querem um exemplo? Afirmam que no mundo espiritual há fontes, rios e cachoeiras. Mas, no mundo espiritual tem água? Nem aqui tem...

Existe água neste planeta? Claro que não... O que existe é fluído cósmico universal, a matéria universal...

Discutem se no mundo espiritual existe tempo... Mas, o tempo é uma criação do movimento do sol em torno da Terra... Antes deveriam se questionar: existe sol no mundo espiritual? Não, não existe sol nem aqui nem lá...

Tanto no mundo material como no espiritual o que existe é o fluído universal. Isto vocês já sabem do estudo de O Livro dos Espíritos, mas mesmo esta informação não pode virar uma realidade, uma verdade...

Por que? Porque vocês não sabem o que é um fluído universal. Porque não há como descrever o átomo universal, a única matéria que existe, que é Real...

Por isso temos que parar de querer descrever o mundo espiritual com palavras humanas: ele está acima do conhecimento da humanidade, acima dos valores e formas do mundo material.

O mundo espiritual é o mundo espiritual e na Terra não existe nada que você conheça que se compare à Realidade espiritual. Na verdade, aqui existe sim um mundo espiritual, mas que você não vive porque vivencia esta vida com valores espirituais.

É o exemplo que já dei com a idéia de uma mesa. Você diz que convive com uma mesa, mas isso é irreal, pois não existe mesa, mas sim fluído cósmico universal. Agora, você quer saber se tem mesa no mundo espiritual? Não, existe fluído cósmico universal lá e aqui...

Enquanto achar que aqui tem mesa, dirá que lá também existe e que para cortar laços também é preciso ter tesoura...

Participante: Por que o homem espírita atual se preocupa mais com o mundo espiritual do que com a sua reformulação interior?

Porque quer ser sábio, quer saber como é o mundo espiritual. Para que?

Outro diz fiz uma palestra num lugar que existiam centenas de pessoas que estudavam a questão de sair do corpo, de buscar a realidade espiritual, a ciência espiritual e disse: estão aqui aprendendo a ser espíritos? Mas, será que não são nem nunca foram espíritos?

Esta história de querer conhecer o mundo espiritual durante a encarnação é para enganar, pois aí não se sentem obrigados a fazer reforma íntima, a amar...

Mas enganar a quem? A si mesmos, pois Deus é Onisciente...

Enganam-se dizendo que estão dedicando suas vidas ao espiritual, quando na verdade querem apenas elevar-se materialmente. Com a cultura adquirida viram sábios e discute e batem o pé para provar que estão certos, quando deveriam estar servindo o próximo doando a razão...

Sim, você está certo: os o homem espírita atual está muito preocupado em conhecer o mundo espiritual. Mas, esta preocupação não é motivada por verdadeiras crenças espirituais...

Eles se preocupam com a sua suposta espiritualização apenas para fingir que estão buscando Deus, quando na verdade estão buscando cultura para si para poderem ganhar a fama e serem reconhecidos como homens sábios...

Participante: Para alimentar o ego...

Isso... Ao invés de buscarem Deus, vão para os cultos alimentarem o ego (adquirirem cultura) e com isso obter a fama...

Olha os professores da lei que Cristo ensinou: “Fazem tudo para serem vistos. Vejam como são grandes os trechos das Escrituras Sagradas que eles copiam e amarram na testa e nos braços”.

NOTA: Ao estudar este trecho do Evangelho de Mateus (Capítulo 23, versículo 5), o amigo espiritual Joaquim disse:

Os sacerdotes (“professores da Lei”) no tempo do Cristo, tinham por hábito copiar pedaços dos textos sagrados em pergaminhos e prender nas roupas. Com este gesto afirmavam que possuíam o conhecimento daquele trecho. Isso é tradição até hoje: os judeus ainda enterram na porta da casa um pedaço da Tora com a mesma finalidade.

Hoje não existe mais esse hábito entre os “professores da lei” das diversas religiões, mas o ensinamento do Cristo tem que ser universal: valer para todos os tempos. Portanto, vamos buscar a compreensão dele para os tempos atuais.

Os “professores da lei” de hoje não mais amarram nas suas vestes os textos bíblicos ou textos das leis, mas ainda mostram quanto sabem citando-os constantemente. Portanto, o ensinamento de Cristo ainda está vivo, porque o “professor da lei” de hoje ainda quer mostrar o quanto sabe citando a lei. O “professor da lei” de hoje é aquele que gosta de discursar para mostrar o quanto ele sabe.

Ele age desta forma não para auxiliar o outro, mas para ser visto, para ser reparado. O “professor da lei” cita os textos sagrados não para transmitir ensinamentos, para conversar, para trocar idéias: esta não é a sua postura. Age dessa forma para mostrar que ele sabe aquilo (é sábio) e, por isto, os outros têm que ouvi-lo e aceitar a tudo o que ele diz como “verdade”.

É a questão da cultura: o professor da lei se imagina o culto, sabe tudo. Ele é, em sentido figurado, uma estante: cheia de livros (ensinamentos) na cabeça.

Cita todos eles de ponta a ponta, mas age desta forma para ganhar a fama. Não faz isto com a intenção de ajudar, mas sim para demonstrar o quanto ele é sábio, o quanto sabe.

Com este modo de proceder cria para si uma falsa ascensão moral que tem como objetivo dar legitimidade nas obrigações que coloca nos outros. Neste modo de proceder está o ensinamento de Cristo quando fala que coloca tabuletas na sua roupa com os textos das Escrituras Sagradas, seja de que religião for.

O “professor da lei” não cita o texto sagrado apenas para mostrar o quanto é sábio, culto, mas serve-se desse expediente principalmente para ter a legitimidade para mostrar o “erro” dos outros a respeito da lei que ele é sábio. É alguém que deve ser ouvido, pois o texto das Escrituras Sagradas é universal, mas não seguido no destino que dá ao seu conhecimento (não praticá-lo).

É alguém que têm coisas que você precisa aprender, mas não se transformar em discípulo, ou seja, aceitar a sua falsa ascensão. Se isso acontecer, lhe amarrará um fardo pesado e não ajudará a carregá-lo nem com um dedo.

E no caso do ser humanizado, quem podemos afirmar que é aquele que amarra na sua roupa pedaços da lei? É todo aquele que diz: “eu sei a verdade, você não sabe nada”.

Aquele que diz que sabe, por exemplo, o lugar do copo ou o que é uma casa arrumada e que diz para o outro que ele não conhece as coisas, é o “professor da lei” ser humano. Ao agir dentro desse padrão de realidade automaticamente cria obrigações nos outros porque quer mostrar o quanto sabe, o quanto é importante. Se não for ele jamais a casa estará arrumada, o copo não estará no lugar, ninguém estará “bem vestido”.

É isto que Cristo está nos ensinando e a partir da compreensão do ensinamento, podemos verificar o que devemos fazer para chegar a Deus: parar de dizer que sabemos o lugar “certo” das coisas, o que tem que ser feito, como se guardam as coisas, etc.

Agindo assim o ser humanizado não se transformará em um “professor da lei” e não gerará obrigações.