Unidade - Capítulo 1

Versículo 30

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Faixa 1

 30. Quando um vaso se parte, seu espaço interior surge para o espaço universal; similarmente, na mente pura, apenas o Atma imaculado permanece. E então nenhuma diferença, em absoluto, existe para mim.

O vaso que ao qual o mestre se refere neste trecho é o corpo. Quando o corpo se parte, ou seja, há o processo chamado morte, o interior, o espírito, volta para o Universo.

Sendo assim, podemos dizer que não há morte, já que nada morreu, nada acabou. O espírito continuará a sua existência no Universo dentro do seu grau de consciência e a carne vai para baixo da terra se transformar em adubo que semeará as hortaliças que amanhã você vai comer.

Então, porque ficar chorando morte, por que ficar chorando um defunto? Por causa do egoísmo...

Saiba de uma coisa: ninguém chora o defunto. Choram a sua saudade do defunto.

Choram porque não mais verão aquela pessoa, por que não mais falará mais com ela. Choram porque sofrerão com a ausência, ou seja, estão preocupados consigo mesmo e não com quem foi...

Se estivessem realmente pensando no próximo, fariam uma festa. “Olha que coisa boa, o espírito que era o meu pai voltou para casa. Que maravilha, vamos festejar”. “O espírito que era meu irmão (minha mulher, meu filho, meu amigo), agora poderá viver no Universo, no Atma, no espiritual. Vamos festejar, vamos manter nossa felicidade”.

Mas não é assim que os seres humanizados reagem... Eles choram porque estão preocupados com o seu próprio sofrimento ao invés de glorificarem-se pelo irmão espiritual.

Tem mais: choraram para mostrar quanto são bons, que têm sentimentos humanos. Estão preocupados com a sua fama humana, pois se não chorassem, seriam criticados, apontados como frios... Isso eles não querem...

Mas, estão chorando o que? A sua mãe? Mas, ela está viva... O que desapareceu foi a carne e não a sua mãe...

Sim, o ser humanizado chora por causa da carne e não por causa do espírito. Então não amava a mãe, mas a carne.

Se você ama carne (a figura, a estampa humana), vai ao açougue compra carne e coloca na sua cama... A abraça, faz carinho nela...

Estou falando algo errado? Não, a carne de vaca é igual à carne humana, pois como já vimos, tudo fluído universal, tudo é constituído do mesmo átomo universal.

Então, compra um bife e dorme com ele que é a mesma coisa que dormir com o corpo de sua mulher...

Participante: Que horror...

Não tem horror; tem verdade. Sei que o que estou dizendo está lhe chocando, mas temos que nos chocar com a hipocrisia do ser humano, se quisermos fazer alguma nesta vida pelo nosso lado espiritual...

É hipocrisia. Diz que está chorando pelo outro, mas está chorando é a sua saudade, a sua vontade de estar com ela... Isso na minha terra tem outro nome: egoísmo.

Chorar pelo outro é egoísmo, pois com isso se prende este ser que poderia se lançando no espaço aqui neste mundo, simplesmente para você se satisfazer. Simplesmente para que possa ter a sua mãe do seu lado...

Estou falando isso para mostrar ao ser humanizado como ele é hipócrita ao dizer que está chorando a uma mãe, quando, na verdade, está chorando o seu próprio sofrimento...

 Estou falando assim, para que vocês, ao invés de chorarem nos velórios e enterros, possam fazer uma festa porque o seu ente querido está entrando na glória de Deus, porque este espírito se libertou desse campo de batalha chamado vida humana...

Participante: Voltando ao assunto do preparo do espírito para a morte, se todos estão preparados como disse, como é que a literatura fala de trabalhadores que libertam seres que estão presos ao corpo mesmo dentro da sepultura. Se estivessem preparados, teriam que abandonar o corpo depois da morte deste...

Veja o que eu disse: conscientemente podem não estar preparado, mas inconscientemente está.

No consciente pode não estar preparado porque viveu a vida toda se preparando para sempre estar vivo. Agora, na sua consciência espiritual – que, aliás, é a única coisa real – encoberto pelo véu do esquecimento, existe este preparo...

O ser humanizado leva a sua vida inteira preparando-se para as diversas etapas dela, mas não se prepara para a única que é certa: a morte... Prepara-se para casar, criar filhos, construir um futuro profissional, gozar uma aposentadoria, mas se esquece de que tudo isso pode ou não acontecer, mas a morte chegará inevitavelmente...

Por que não se preparam para morrer? Porque, mesmo tendo a informação de que é um espírito, não se vêem como espíritos...

Todos os espiritualistas têm a informação de que é um espírito, mas quer viver a vida humana como ser humano...

Eles precisam aprender a viver a vida carnal como espírito, pois, como dizem vocês, “é o hábito do cachimbo que deixa a boca torta”. Se não viverem à vida como uma consciência “ser espírito”, no momento da morte, ficarão presos à carne...

O saber cultural nada vale neste momento... Por mais que o espiritualista diga que sabe que é um ser universal, sem alterar os valores de sua existência carnal para aqueles que pertencem ao universal, ficarão presos à carne depois do desencarne e assistirão os bichos comendo a sua carne...

Participante: Os budistas comemoram o desencarne...

É, toda cultura oriental comemora o desencarne. Só a ocidental tem o apego à matéria. Mas, isso é carma também...