Unidade - Capítulo 1

Versículo 29

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Faixa 1
Faixa 2

 29. Não existe outro senão o Um eterno, nenhum outro senão o princípio da existência. Apenas Atma é a verdade mais elevada. Não existe um que mata, nem o ato de matar.

Ouviram? Não existe um que mata, nem o ato de matar... Sabe por que? Porque ninguém morre, ou melhor, nada morre...

O livro máximo dos hindus, o Bhagavad Gita, é exatamente uma conversa de Arjuna com Krishna onde o mestre diz ao seu seguidor que ele tem que ir lutar e matar seus parentes. Ensinando ao discípulo, Krishna diz: o espírito não morre, nem a matéria. Ela se transforma.

Sendo assim, qual o problema, então de haver um assassinato? Será que o problema está realmente na morte do próximo? Não, os seres humanizados não querem que os assassinatos aconteçam porque eles não querem que os outros morram... Porque vão sofrer pela saudade do outro... Porque acham que este acontecimento não devia acontecer...

Ou seja, repugnam o assassinato por causa de si mesmo, por causa de suas verdades e desejos e não por causa de quem morreu... Isso é egoísmo puro...

Não estou dizendo que tem que se matar os outros, mas que isso faz parte da existência. A morte é apenas um acontecimento da vida: nada mais do que isso...

O que estou dizendo é que não deve haver um apego à vida que transforme o assassinato em um crime hediondo...

Que crime? Eu diria – e esta informação está em O Livro dos Espíritos – que o melhor momento da existência de um espírito humanizado é quando ele se liberta da personalidade temporária que vivencia durante aquilo que é chamado de encarnação, ou seja, morre. É um momento de felicidade suprema para o espírito...

Tal felicidade existe independente da forma como o espírito desencarna. Em O Livro dos Espíritos não está escrito que é o momento máximo só quando ele morrer por morte natural, por doença ou sem dor... Está escrito: no desencarne existe o melhor momento para o espírito. Apesar disso, a humanidade – e entre os humanos os próprios espíritas – se arvora em juiz e julga e critica os outros...

Deixe-me falar uma coisa: o exemplo mais usado na literatura espírita para abordar o assunto do carma é “eu matei na outra vida, tenho que ser morto nesta” Isso acontece toda hora na literatura. Por que lá está certo e na vida real não?

A morte ou qualquer acontecimento da vida carnal é carma, ou seja, é a justa reação a uma ação anterior sua... Aquele que é assassinado está vivendo um carma. Ele não está sendo assassinado, mas vivenciando o seu carma.

É por isso que o mestre diz: não existe assassinado ou assassino; existe um carma sendo vivido e um agente carmatico que participa desse carma...

Vocês poderiam então me dizer: a partir do que o senhor falou, não vamos mais prender bandidos... Não é isso que estou dizendo. Para os agentes carmaticos do assassinato existe o carma da prisão...

Agora, aqueles que não autoridades responsáveis por este carma (agentes carmaticos do carma da prisão), que tomam apenas conhecimento do assunto e que um dia, por situação carmatica, podem ser assassinados, não devem se revoltar contra o assassino. Não devem se arvorar em juízes e julgar as pessoas.

Os seres humanizados responsáveis por isso podem cumprir a lei encarcerando aqueles que mataram, mas nem eles e mais ninguém pode dizer que aqueles não prestam, são safados ou monstros... Isso não pode ser feito, pois é resultado de uma prática individualista.

Aliás, Cristo ensinou a amar a todos, principalmente o inimigo... Ou é isso, ou não sei mais o que Cristo ensinou...

Participante: O que o senhor falou a respeito do desencarne ser o momento mais feliz para um espírito é verdade, mas quando a libertação é em caráter normal e este espírito está preparado compreendendo que a vida prossegue e não ao contrário.

Veja bem... Existe uma pergunta em O Livro dos Espíritos que tira nossa dúvida a respeito disso...

“853a Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda não chegou, não morreremos? Não; não perecerás e trens disso milhares de exemplos. Quando, porém, soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas. Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do homem e muitas vezes o Espírito também o sabe, por lhe ter sido revelado, quando escolheu tal ou qual existência.”

Ou seja, todo mundo morre na hora certa de uma forma pré-conhecida por Deus e pelo espírito. Se ele sabe, posso dizer que está preparado no inconsciente para a sua hora. Agora no consciente, onde comandam as verdades individuais nutridas pelo egoísmo caracterizador da humanidade, não está preparado e mais: repugna a morte...

Deixe-me dizer algo: nenhum ensinamento, seja de que mestre for, pode ser dual. Ou seja, valer algumas vezes e não a outras.

É muito fácil adaptarmos os ensinamentos dos mestres à nossa vontade... Por exemplo, é muito fácil Cristo dizer que devemos amar a todos, mas nós escolhermos a quem amar; estar escrito em O Livro dos Espíritos o texto que citamos, mas assim mesmo imaginarmos que uns sabem e outros não a hora da morte ou que a este acontecimento pode chegar por meios que Deus desconhecia ou em momento indevido...

Isso não pode acontecer... o ensinamento é Absoluto, ou seja, aplica-se a todos e a tudo... Cristo ensina amar a todos. O bandido, o assassino, faz parte do todo, então você tem que amar a todos...

Participante: Mas, Kardec fala que existem espíritos que não estão preparados para a morte...

Olha, Kardec não é o porta-voz da doutrina dos espíritos, mas sim o Espírito da Verdade. A função de Kardec foi apenas a de compilar os ensinamentos, mas o único que pode falar pela doutrina dos espíritos é o Espírito da Verdade e ele disse o que transcrevemos acima...

Além disso, entenda uma coisa: não pode haver espíritos encarnados não preparados para a evolução espiritual. Isso porque senão Deus não os colocaria na carne. É, a encarnação é concebida por Deus e administrada por Ele. O espírito não encarna porque ou quando quer: isso está em O Livro dos Espíritos.

Agora, se houvesse um Deus que colocasse na carne um espírito que não estivesse preparado para a batalha, este seria um senhor sádico e não justo e amoroso. Deus dá a cada um a cruz que o espírito pode carregar.

O que pode haver são espíritos que encarnam e que não estão preparados para o espiritismo: neste ponto posso concordar com você. Mas, eles são evangélicos, católicos, budistas, hindus, mulçumanos ou seguem quaisquer outras doutrinas que lhes serve como caminhada para aproximar-se de Deus, ou seja, para fazer a evolução espiritual.

Ou seja, não quer dizer que por não serem espíritas não podem alcançar a evolução espiritual. Todos os mestres ensinaram a evolução espiritual. Aliás, Cristo disse que ele era o caminho e, se não me engano, naquela época não existia o espiritismo, a doutrina espírita. Será que ele não alcançou os céus por causa disso?

Saiba de uma coisa... Se o hindu faz o que Krishna ensinou, mesmo que nunca tenha ouvido falar de Kardec, alcançou a evolução espiritual. Se o evangélico fizer tudo o que Cristo ensinou, ele vai realizar a evolução espiritual, mesmo que não acredite em espírito ou em reencarnação.

Participante: Falamos de espírito encarnado... O véu do esquecimento apaga a memória de quando estava errante. Isso acontece com todos os espíritos, espíritas ou não...

Sim, o véu do esquecimento encobre a memória, mas para isso existe o ensinamento religioso: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Você pode até nem saber que existe um espírito ou que existe reencarnação, mas com certeza já ouviu isso...

Portanto, ame a Deus e ao próximo acima de tudo que acha, que gosta, que quer, que alcançará o Reino do Céu...

Para encerrar, só quero colocar bem claro uma coisa: todo espírito está preparado e dispõe de todos elementos necessários para realizar os objetivos da encarnação, não importa a religião que freqüenta. Aquele que é evangélico, por exemplo, está preparado para a evolução espiritual dentro dos ensinamentos de Cristo.

Agora, ficar discutindo e defendendo uma verdade individual é prova de não cultura espiritual, é prova de não amor universal. Saiba: o único que sabe a Verdade no Universo é Deus, mais ninguém, e amá-Lo acima de todas as coisas é doar a Ele a compreensão perfeita de tudo.