Unidade - Capítulo 1

Versículo 24

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Faixa 1
Faixa 2

 24. Tu és a essência imutável pura, sem forma e sem morte. Como podes dizer que sabes isto e não sabes aquilo sobre o Atma?

Como você pode dizer que sabe alguma coisa sobre o mundo espiritual se só consegue ver (perceber) com os olhos humanos que não capta nada do mundo espiritual? Como pode afirmar que o mundo espiritual é assim ou assado se não possui a lembrança de como era? Por que os outros disseram? Não pode...

Você já é a Verdade. Mas você é a Verdade sem qualificações e qualquer ensinamento no qual acredite será formado por uma qualificação, pela criação de uma consciência...

Estou dizendo que os ensinamentos que até hoje receberam estão errados? Não... Estou dizendo que os ensinamentos aos quais tiveram acessos até hoje são caminho e não fim...

Todos que estão aqui não estariam se não tivessem vivido tudo que viveram até hoje, aprendido tudo o que aprenderam até hoje... É exatamente por estarem buscando através da participação de outros ensinamentos que Deus lhe deu o desejo de estar aqui hoje, como vimos no item 01 deste capítulo.

Acontece, no entanto, que é preciso criar um divisor de águas. Até agora você viveu um caminho, num processo, que lhe levou a cada vez mais penetrar nos mistérios do Universo. Justamente por ter realizado este caminho, que deve glorificar e não acusar, que chegou até aqui. Agora, preciso se libertar deste caminho para seguir outro.

O que estou querendo dizer? Que quem quiser entender o que eu digo a partir de um ensinamento que um encarnado passou anteriormente baseando-se numa doutrina humana, não entenderá o que digo. Quem quiser julgar o que falo a partir de um ensinamento já recebido, não entenderá.

Agora, se alguém quiser buscar diretamente no ensinamento de qualquer mestre da humanidade, o que digo, encontrará. Se alguém quiser tirar a prova dos noves utilizando-se para isso os textos atribuídos aos mestres, encontrará.

Perguntaram-me outro dia, quando falávamos dos cinco agregados, se o que eu falo também não é maya. Eu respondi: verifique se os ensinamentos não estão de acordo com os dos mestres... Eles estão, pois todos os mestres disseram que o caminho para Deus é a libertação do mundo material.

Apesar disso, meu ensinamento é um maya, para você. Isso porque você está querendo compreender o que digo e, com isso, está criando uma nova verdade. O ensinamento em si não é um maya, mas a sua compreensão sobre ele é...

Para se aproximar de Deus é preciso abandonar todas as verdades para poder chegar a Deus. Isso ensinam todos os mestres. Mas, transformar este ensinamento numa verdade, isso é maya...

Participante: Se não é para compreender o que o senhor fala, o que é para fazer então?

Simplesmente atingir a consciência de que deve apagar tudo que tem...

Participante: Como assim?

Libertar-se de tudo que você acha, de tudo que tem como verdade.

Agora, neste processo, se quiser compreender o que eu digo, ou seja, achar que eu estou “certo” e tem que fazer determinadas coisas porque compreendeu isso a partir do que eu disse, estará criando um novo achar, uma nova verdade. Com isso não apagou todas, mas apenas algumas...

É preciso apagar todas as verdades que você possui, inclusive a compreensão que está tendo agora, pois ela é uma verdade que está sendo criada...

É aquela história que conversamos quando no estudo dos ensinamentos de Buda falamos sobre conceitos. Nós dissemos então que não se pode ter conceito, mas não se pode criar o conceito de não ter conceito...

Participante: Então, é fazer o que vier no coração?

É fazer o que estiver fazendo e manter o coração puro, ou seja, distante daquilo que a razão está criando sobre o que está sendo feito...

Se hoje você está fazendo o que a sua razão diz que gosta, mantenha seu coração em paz, ao invés de ir ao êxtase do prazer. Fazendo o que a razão diz que você não gosta, mantenha-se em paz ao invés de ir à depressão da dor e do sofrimento por não gostar do que está fazendo.

É isso. Eu não falo de atos, mas sim de sentimentos. O que ensino é que você deve sentir de uma forma equânime, ou seja, ter no coração permanentemente a paz, a felicidade e a integração com o todo deixá-lo viver a exultação do prazer ou na depressão da dor.

Participante: Ou seja, manter o equilíbrio... É isso?

Manter-se equilibrado.

Quando falamos que temos que manter o equilíbrio, estamos dizendo que temos e sabemos o que é o equilíbrio... Não é isso...

Participante: Escolher sempre a felicidade?

Estar sempre feliz.

Para se escolher há a necessidade de haver um julgamento, já que toda escolha resulta da opção entre duas possibilidades. Sempre que houver um julgamento haverá uma análise e para isso há a necessidade de haver verdades... Se há verdades, não há felicidade incondicional, pois toda verdade, que é uma paixão, condiciona a felicidade através da realização do desejo... Portanto é estar sempre feliz, independente da vida que tem...

Aquele que consegue viver com o seu coração liberto das razões é o espírito elevado, é o espírito puro.