Unidade - Capítulo 1

Versículo 17

Reproduzir todos os áudiosDownload
Faixa 1
Faixa 2

 17. Tu não tens nascimento, morte ou mente. Liberdade e confinamento, bem e mal não te afetam. Por que choras, criança'? Nem tu, nem eu, temos qualquer nome ou forma.

A primeira parte deste ensinamento - até “por que choras criança” - está baseada nas “Quatro Nobres Verdades” ensinadas por Sidarta Gautama o Buda.

A primeira destas verdades nos diz: tudo é sofrimento. Nascer é sofrer, morrer é sofre; estar perto de quem ama é sofrer, não estar também. Por quê?

Por que tudo é sofrimento? Por que tudo que você sabe, conhece, acredita é sofrimento, mesmo quando alcança o que chama de alegria? Porque tudo que você acredita, vê ou faz é um condicionamento à felicidade.

Acreditando que gosta da roupa branca, estando ou não com ela, estará sofrendo. Por quê? Porque condicionou a felicidade em estar com a roupa branca. Quando não estiver, sofrerá, mas quando estiver, imaginará que está alegre e não verá que, por causa da impermanência das coisas (vicissitudes) , amanhã não estará e aí sofrerá.

Sabendo disso, porque sofre? Sabendo que o que lhe faz sofrer não é exatamente o acontecimento, mas o condicionamento que criou para ser feliz, porque chora?

Pare de chorar e diga para você mesmo: “seu eu parar de condicionar minha felicidade serei feliz eternamente”. Ao invés de ficar perdendo tempo querendo que o mundo se mude para que o seu condicionamento sempre aconteça, lute para acabar com os condicionamentos. Na hora que acabar com qualquer condicionamento, você será feliz com tudo que acontecer.

Vocês “perdem” tempo lutando contra o mundo para que aconteça aquilo que querem, ao invés de “ganharem” tempo lutando contra vocês para viverem felizes não importando o que está acontecendo.

Participante: O senhor pode falar um pouco mais sobre o “achar que deve” ser ilusão?

Você acha que precisa comer... Isso é uma ilusão, não é necessário comer. Você acha que deve estudar para alcançar a elevação espiritual... Isso é ilusão, é você que acha, porque a evolução espiritual não está em aprender mais nada, mas será alcançada quando destruir tudo que sabe.

Isso é ilusão: você achar que deve e que precisa de alguma coisa mais quando já é tudo que pode ser. Quem acha que precisa de alguma coisa para ser feliz não reconhece quem é ele mesmo: a luz que vive na felicidade plena.

É ilusão porque na verdade esse querer, esse buscar, faz parte da sua prova. É Deus perguntando: você vai ficar preso para depender de estudar para Me amar ou vai Me amar mesmo sem estudar? Aí está a sua prova.

Amar sem saber o que, quando,como, onde, para que: simplesmente amar. Qualquer um destes argumentos que você diga necessário para amar é um condicionamento ao amor que acaba com a universalidade e a incondicionalidade necessária para a existência real deste sentimento. Quem ama condicionalmente, na verdade, não ama, já que o verdadeiro amor só acontece incondicionalmente.

Participante: Nós os encarnados somos criaturas de Deus, certo? Então ele nos criou sujeito à maya. Daí pergunto: será que maya não é necessário ao nosso desenvolvimento como encarnados?

Sim, o maya é extremamente necessário. Não para o desenvolvimento como encarnados, mas para o desenvolvimento como espírito. O maya é o diabo lhe tentando; as ações dele representam as tentações que Cristo passou no deserto.

Se você não tiver o maya (as tentações), não têm nada a vencer. Se não vence nada não tem merecimento. O maya é importante e necessário porque ele lhe dá a credencial de chegar perto de Deus e dizer: eu fiz...

Se não houver o maya você nada fará. Nesse sentido o maya é fundamental e serve para que você aproveite a oportunidade da encarnação para a elevação espiritual libertando-se das tentações. Foi para que o espírito tivesse esta oportunidade que Deus criou o sistema maya: o ego que gera a ilusão.

Digo que Deus criou o sistema porque os seus próprios mayas (a sua compreensão ilusória sobre as coisas) foram criados por você antes da encarnação. Lembre-se do que já estudamos em “O Livro dos Espíritos”: Deus deu ao espírito o livre arbítrio de escolher aquilo que ele quiser enfrentar durante a encarnação.

Mas, o ensinamento deste versículo vai mais longe... Analisamos até aqui a primeira parte. Agora vamos ao restante, onde Dattatreya afirma: não temos nome ou forma.

Vocês sabem o que é o espírito?

Participante: É luz...

Um brilho. O que é um brilho? Sei lá...

Vocês não são capazes de saber o que é um brilho. Podem perceber um brilho, mas não compreendê-lo. Como então dão nomes, formas e atributos (mulher e homem; criança, maduro e velho; bonito e feio, Maria ou João) a brilhos? Trate a todos iguais: sem diferenças de sexo, cor, religião, cultura... Trate a todos como iguais, pois todos são iguais. Ver no outro espírito qualquer diferença ou identificação, é um maya, é uma ilusão, é apenas o que você acha que ele é...