Unidade - Capítulo 1

Versículo 15

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Faixa 1

 15. Associação e separação, não existe qualquer delas para ti ou para mim. Não existes tu, não existo eu neste mundo. Tudo isto é Atma, sem dúvida.

Existe um ensinamento budista que fala do “não-eu”. Este ensinamento não afirma, apesar de assim deixar transparecer o nome, que o ser humanizado não é ninguém. O que ele afirma realmente é que nenhum ser humanizado existe como uno, mas que todos são formados por tudo que existe. Ou seja, que o ser humanizado é o resultado da soma de todos que existe.

Por exemplo: você lava a mão depois que come? Mas, por que faz isso? Porque sua mãe lhe ensinou assim. Este ato, então, não é seu, mas sim da sua mãe. Por causa deste e de outros hábitos que ela lhe ensinou, posso dizer que ela lhe completa, faz parte de você, vive dentro de você.

Participante: O senhor diz isso porque este ato foi imposto pela mãe?

Imposto ou não, não importa: o que interessa é que ele é um reflexo da presença dela na sua vida... Com isso, este e outros hábitos se transformam num pedacinho dela que fica dentro do filho.

Todo ser humanizado, na verdade, é formado por tudo que lhe transmitiram, já que nasceu sem saber nada. Cada um que transmitiu alguma coisa, direta ou indiretamente, ajudou a formar aquele ser humanizado e, por isso, permanece dentro dele.

Agora repare bem... Nada do que um ser humanizado possui como cultura ou conhecimentos é dele. Apesar disso, ele quer defender seus pontos de vistas dizendo que é seu, mas não é: são elementos que pertencem a outros. Como já foi dito aqui: somos cadáveres orgulhos...

Mas, por que tanto orgulho, se nada do que temos é nosso, mas nos foi transmitidos por outros e, portanto, são deles? Tudo que você compreende não é sua compreensão, pois não nasce de você, mas foi transmitido por alguém...

É a soberba de querer ser e saber que leva o ser humanizado a se apropriar das coisas do mundo como sua. Por causa dela, o espírito imagina-se separado do Um. Digo imagina, porque a separação ocorre apenas na ilusão, no maya. Na verdade todos são unos.

Você falou com alguém? Este alguém estará eternamente dentro de você, mas você também morará eternamente dentro dele.

A partir daí podemos constatar uma grande verdade que acontece no subconsciente do ser humanizado. Quando você, por exemplo, critica o outro que mora dentro de você, sofre, porque está ofendendo algo que está dentro de você mesmo.

Precisamos compreender que existem milhares de espírito que compõem o Universo, mas pela interdependência das coisas e pelo “não-eu”, todos estão dentro de todos. A partir disso, precisamos tratar ao outro como a nós mesmos.

Só neste momento descobriremos realmente que o bem que se faz ao próximo se faz a si mesmo. Aí, então, poderemos começar a servir ao invés de querer ser servido por ele.

Este é outro raciocínio sobre o qual precisamos, como foi dito, meditar. Precisamos aprender a meditar que o ladrão ou estuprador está dentro de você e você dentro dele.

É preciso meditar no “eu” uno com Deus e com o Universo. Mas para isso e preciso parar de meditar no eu individual, eu sou eu quero.