5ª Conversa - Limitações físicas, Sofrer pela situação política do país

Situação política - O carma e a ação

Participante: sou formada em sociologia. Entrei em uma série crise na minha carreira depois que conheci sua mensagem, pois não faz mais sentido lutar pelas desigualdades e injustiças sociais. Mas depois compreendi que se lutar lutei, se não lutar, não lutei. Não é isso?

Exatamente.

Nunca disse que você não deve lutar pelo fim das desigualdades. Nunca disse que não se deve defender a natureza. O que sempre disse é que essa ação não pode lhe causar sofrimento. Para isso, é preciso viver a ação sem expectativas, sem esperar mudanças. Essa é a diferença entre o que digo e o que vocês compreendem.

Por exemplo: digo que o assassinato e o estupro não têm problema algum, espiritualmente falando. As pessoas entendem que digo que se pode e deve se matar. Não é isso. O que estou dizendo é que ao se deparar com um estupro ou um assassinato você não deve julgar, condenar ou criticar. Essa é a diferença.

Se sua formação lhe faz lutar pelo fim da desigualdade, viva, faça. Até porque não é você quem vai fazer, mas a própria vida, o ego. Só que faça sem expectativas, esperanças, sem achar que vai resolver o problema do desnível social. Porque isso não vai.

O mundo, como vocês conhecem, existe há cerca de 7 mil anos e sempre houve as classes e as desigualdades entre elas. Se até hoje não acabou, você acha que você vai conseguir acabar?

Faça, se a vida fizer, mas tome conta do seu interior para que aquilo que sua vida faz, não lhe tire a paz. Só isso.

Participante: sempre me falaram que deveríamos ter foco na vida. Na minha profissão fiz faculdade, mas nunca tive um foco sobre onde deveria chegar. Se tivesse foco na vida, teria dado certo na profissão? Sou uma pessoa que nunca tive foco e objetivo na vida, no emprego, na profissão... Meu carma é não ter esse foco e por isso achar que esse é o motivo de nada ter dado certo, profissionalmente falando?

Se é isto que você vive, esse é o seu carma.

Nada do que é vivido acontece porque você ou qualquer outra pessoa fez acontecer. Nada é resultante de ação nesta vida, mas sim o carma de quem vivencia o acontecimento.

Você tem a opção de viver condigo do jeito que é, se amando e amando a tudo e a todos, ou viver achando que poderia ser diferente. Achando que se tivesse foco, aconteceria outra coisa ou isso ou aquilo...

Só que se prender a essa possibilidade não lhe leva a lugar nenhum. Você é o que é, aconteceu o que aconteceu e isso não pode ser mudado. A única coisa que pode ser mudado é como interage com o que aconteceu.

Nada poderia ser diferente. Se você hoje é o resultado de tudo que foi, ame aquilo que é hoje e o caminho que teve. Saiba que se lá atrás tivesse mantido o foco, não seria quem é hoje. Seria outra pessoa.

Participante: então, devemos agir conforme nosso entendimento do dia a dia, pois o que importa é o que vamos sentir durante uma prova. Nunca deixar de acreditar nas nossas verdades. Correto?

“Agir conforme nosso entendimento” ... É sua mente que está colocando isso como se você decidisse agir ou não e de que forma. Essa é a grande ilusão da vida.

Você não pode agir desse ou daquele jeito, porque a ação lhe é apresentada. A ação acontece. Ela pode ser vivenciada com o pensamento que diz que você escolheu, mas esse pensamento é apenas para lhe enganar. Ele apenas quer sugerir que escolheu este ou outro caminho.

Você não pode agir desse ou daquele jeito. A ação lhe é apresentada. Imaginando que agiu, seja de que forma foi, vai julgar a ação que aconteceu. Concentre-se apenas em manter-se em paz, harmonia e feliz. Não importa o que aconteceu. Não importa o que você ou o que o outro faça.

Participante: hoje não consigo suportar os sociólogos, pois eles acham que os problemas sociais têm as causas que definem pela ciência e que podem ser resolvidos pelas soluções que apontam. A ciência me parece, nesse momento, negar com seus próprios objetivos a existência de Deus, pois aquele que procura uma causa, uma explicação, nega a ação de Deus. Estamos longe ainda das transformações do novo mundo onde ciência e religião se encontrarão?

A ciência vai sempre negar Deus; toda matéria científica em qualquer segmento vai negar Deus. Mas, não está errada por fazer isso ...

Em O Livro dos Espíritos é dito assim: “a ciência lhe é dada para evolução em todos os campos”. Não é só para evolução material, mas também para a moral. A ciência nega a Deus para ver se apesar dela fazer isso, você também O nega. Se apesar da ciência dizer que ela constrói, continuará vivendo a fé em Deus.

A ciência é um instrumento da provação do espírito, porque ela seria o anticristo.

Participante: Qual é o sentido de não ter sentido?

É você querer ter um sentido.

O problema é como você é? Como você se vê? Como você se coloca na vida? Você se coloca como materialista, como alguém que ainda busca o bem material? Então o seu sentido é alcançar isso. Se você busca um bem espiritual, quer aproveitar a encarnação e promover a sua universalização, você tem um sentido. O problema é quando você quer alcançar uma coisa e se diz outra. Isto vira hipocrisia.

Se você quer alcançar o bem material, louvado seja Deus, entregue-se a esta busca. Vá buscar o seu sucesso, o seu comodismo, as coisas materiais. Mas se você se diz espiritualista e preza o seu outro eu, você precisa entender que meu reino não é deste mundo, como ensinou o Cristo.

Participante: Nós já viemos com a profissão determinada? Devemos viver da nossa profissão, pagar nossas despesas e se não der para isso o que devemos fazer, mudar de profissão ou não adianta, é o carma?

Você não veio só com a profissão determinada. Se você veio com uma marquinha de nascença? Ela já estava predeterminada. Tudo que acontece está predeterminado, então a sua profissão também.

- “Mas não consigo viver com ela...”, não? Já estava predeterminado que não poderia.

- “Mas se eu trocar de emprego? ” Só se tiver predeterminado que você irá trocar.

Quando que você entende que a vida é uma encarnação e que esta serve para uma provação que acontece através dos acontecimentos humanos. Você se preocupa com a provação e não com os acontecimentos e você passa a não querer mais governar o mundo.

Não estou querendo dizer com isso que você não possa querer trocar de emprego ou até que troque de emprego. Trocar ou não trocar, não é importante para você. O que você deve se dedicar é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, que você não faz quando lamenta o salário que tem.

Participante: Com relação à culpa, ultimamente não tenho achado paz na maneira que convivo com o meu próximo, não acho que tenho sido honesta, tenho sido impaciente e julgado a todos. Pode falar sobre isso?

Posso dizer para você. Esteja em paz estando assim. Você precisa se amar do jeito que você é.

Participante: Se meu reino não é deste mundo a minha cruz humana é?

É. A sua cruz humana é deste mundo, pertence às coisas deste mundo.

S ó vive a cruz humana aquele que quer ser humano. Porque quem é espírito sabe que o fogo não fere, a água não molha, nada vai feri-lo. Nem física e nem moralmente. Como ensinou Krishna.

Participante: Quando se faz algo que é condenado moralmente, o que fazer? Já vi que não há forma de se agir diferente. Cheguei à conclusão de que tudo que se faz é aquilo que se deveria fazer. Porém uma voz na cabeça me julga e critica por isso. Como lidar?

Mais do que compreender que não se poderia fazer diferente, você precisa não julgar o que fez.

Ame você do jeito que você é. Ame você do jeito que o mundo acontece.

Parece que as perguntas estão saindo do tema, mas não estão.

Estamos falando de resultado de ações físicas. E estas coisas que vocês sofrem, é o resultado de ação física. Estas coisas que vocês vivem só são sofrimento porque vocês estão neste país, em outro, não seria tratado como sofrimento, não causaria sofrimento

Participante: Este não julgar, seria me perdoar?

Não. Seria amar a você, amar o que você fez. Você agiu ferindo o outro. O que você pode fazer? Nada, já agiu. Como você mesmo diz, não consigo me mudar. Então é preciso amar você.

“Eu feri o outro...”. O que eu posso fazer? Nada. Tem que amar a si, amar o que você fez, amar o que aconteceu. Amar a Deus e a todos, inclusive a você.

Amar a Deus é amar a tudo, porque Deus é tudo e tudo é Deus. E dentro do tudo está aquilo que você faz, o que os outros fazem, bem como, o que o político, o ladrão e todos fazem.

Participante: Como fica este carma nesta situação?

O carma não é pelo você fez, mas pela acusação e pelo julgamento que você fez a você mesmo. Cristo ensinou: Não julgue. E você aceitou o julgamento que a mente criou. É isto que vai gerar o carma e não o que você fez.

Lembre-se que Deus julga cada um pela sua intenção e não pela ação.

Participante: Poderia se dizer então que não existe ferir o outro porque nós cumprimos o carma do outro?

Não existe ferir o outro, mas agir de uma maneira que o outro se sinta ferido. É o outro que aceita o ferimento, não é você que o feriu

Não falei isso tão diretamente antes para não ficar somente na justificativa do ato, mas tem-se que ir além disso. Já se conscientizou que não é ele quem faz, o próximo passo é começar a amar o que é feito por alguém.

Participante: então é só apertar o play e esperar o filme terminar?

Não. Ele já está ligado. A vida não para. Não precisa apartar botão para começar. É só ver o filme que já está passando na sua frente. Já está ligado.

Participante: Eu ouvi o estudo “aquele dia”, onde se fala que quando o tal momento chegar, uma espécie de questionamento mental e observação da mente e questionamento do que ela sugere será feito a todo momento e nós não vamos conseguir parar este processo e que serão as verdadeiras tribulações e terremotos de transição para a regeneração, pode falar sobre isso?

Exatamente o que você falou, aquele dia vai ser marcado pelo questionamento do mundo interno

Participante: Se só existe este filme e o expectador, como age?

O expectador ama ou não ama. O que o expectador faz não aparece no filme e tudo que lhe é consciente está no filme.

Não é uma peça de teatro com atores vivos. É um filme e você, ser humano, é um personagem do filme, não é expectador. O expectador é o espírito.

Participante: Se no futuro este processo será automático, quer dizer que Deus acionará um botão que fará a reforma íntima em nós?

Espere o futuro chegar, não entre nessa. Você está se perdendo. Se ficar preocupada com o que vai acontecer no futuro, você não vive o agora.

Participante: Mas se você tem que aceitar tudo que já foi feito, um pensamento de melhoria é considerado inútil?

Eu não disse que o pensamento de melhoria é inútil, errado..., mas também não é bom e nem certo. É somente um pensamento. E se você se prende ao pensamento de melhoria, você gera um desejo. O problema não é o pensamento, mas a forma como você se relaciona com ele. Se você deseja o que o pensamento traz, este tipo de relação vai te fazer sofre lá na frente. Você vai perder sua paz enquanto não conseguir e pode perder se não conseguir.

Participante: você disse que o expectador ama. O que é este amar? Sinceramente confesso que não sei o que é amar. Consegui em muitas situações criar afirmações que combatem as afirmações da mente e através disso consigo não ver erros em muitas coisas que julgava errado, porém quando me dizem para amar, eu não sei o que é isso.

Que maravilha. Como posso responder a você se você não é o expectador, mas o personagem. Deixe o expectador amar, não se preocupe com isso.

Participante: Na minha profissão muitas vezes tenho que omitir a verdade para as pessoas que estão sob o meu comando e não é fácil. Muitas vezes tenho que avaliar e julgar. Procuro me manter em equilíbrio. É sofrido.

Por que omitir ou mentir informações é sofrível?

Porque você acha isso errado. O sofrimento não é porque você mente ou omite. Mas porque você acha errado fazer isso. O trabalho, então é mudar o que você acha do que faz. É isto que vai lhe dar paz e felicidade não mudar o que você faz. Se você eliminar as razões de achar que isto está errado você vai viver tudo isso sem sofrer, em paz.

Você fala: “no meu trabalho, eu preciso ” e se não fizer você vai ser demitido, não vai ter emprego. Então diga “eu não posso agir de outro jeito, senão quem vai passar fome sou eu...”, você já não vai mais sofrer.

Participante: Seus ensinamentos preencheram certos buracos quando descobrir que além do que eu podia ver, ouvir e sentir existe algo mais, várias questões se apresentaram. Por que outras entidades não falam sob o mesmo ângulo?

Porque cada um tem uma missão, cada um ocupa um papel dentro do mundo de prova dos espíritos. Não são melhores ou piores, nem eu sou melhor o melhor que ninguém. Cada um cumprindo seu papel.

Estamos falando no sofrer pelo que acontece. Sofrer com a realização do carma. Tudo que vocês estão me falando é o carma de vocês. Se você não gosta do que faz, não ama o que faz, acha que poderia ser diferente, tudo isso é o seu carma.

Não é só o governo que faz você sofrer, não é só o governo que gera seu carma. É o dia a dia, os hábitos e costumes e liberdades de um povo. É isto que constitui um plano de provações. O governo, o político, o jogador de futebol, o cantor, o professor são apenas outros elementos. É importante vocês terem esta consciência. Cada um sofre pelo que cada um destes elementos faz. Tudo isto faz parte de uma cultura, hábitos costumes de uma cultura de um povo. E esta cultura é totalmente organizada para atender nos mínimos detalhes às necessidades do espírito.

Por isso todas as perguntas estão dentro do tema, apesar de aparentemente terem fugido.

O que se quer saber não são os atos dos políticos, mas do sofrimento que eles causam. E para ele se libertar do sofrimento precisa-se entender que os políticos são instrumentos carmáticos e quando entender isso passa-se a entender que tudo que acontece em um país é instrumento carmático.

Participante: Como é não se preocupar com o amanhã se nos dias de hoje tudo depende de uma ação nossa?

Tudo depende de uma ação sua. Você acredita nisso, então age em prol do que quer diariamente. E, se você acredita nisso, você consegue tudo que quer... isto é verdade ou é mentira? Ou você consegue de vez em quando e na maioria das vezes, mesmo agindo em prol de alguma coisa, não consegue?

Então, nada depende do que você vai faz. Você pode agir para conseguir um objetivo e pode alcançar ou não. Então, tem muito mais coisas que vão decidir o que vai acontecer do que somente aquilo que você tem que fazer.

Participante: O niilismo também é um desejo?

Niilismo: substantivo masculino

1.redução ao nada; aniquilamento; não existência.

2.ponto de vista que considera que as crenças e os valores tradicionais são infundados e que não há qualquer sentido ou utilidade na existência.

Tudo é um desejo. O desejo do nada. O nada pode acontecer ou pode ser desejado a acontecer. Então se você quer ter um nada ou se você nada quiser ter, é um desejo.

Participante: Nossa vida é aqui, escola, trabalho, pagar aluguel, supermercado, etc...

Sim. A vida do ser humano é aqui. A vida do espírito não. Meu reino não é deste mundo.

Se você ainda acredita que sua vida é aqui, eu lhe dou um conselho: Pare de buscar a elevação espiritual. Porque não se serve a dois senhores ao mesmo tempo.

Participante: Nós somos livres e precisamos viver em paz, viver a vida e não sofrer a vida, não é?

Aliás, Paulo também disse, Cristo veio lhe trazer a verdadeira liberdade. A libertação do ter que ser para ter e ter que ter para ter. A libertação das coisas materiais, do mundo material, para que você possa viver para Deus, em Deus, com Deus.

Participante: Uma vez uma pessoa me falou: aja de acordo com o que você prega. Isto é o mais correto a fazer para ser feliz?

Não sei. Para ser feliz, é preciso ser feliz e não fazer alguma coisa que lhe leve à felicidade. É preciso que você coloque felicidade nas coisas e não que as coisas lhe tragam felicidade. Se você consegue por felicidade ao agir com o que acredita ou a não agir com o que não acredita você será feliz. Agora se você não coloca felicidade em nenhuma ação jamais você será feliz.

Participante: Ter acesso a seus ensinamentos é indício de que teremos algum papel específico neste mundo? Por que temos acesso a estes conhecimentos? Sempre fico me perguntando porque penso sobre coisas, supostas verdades, as quais ninguém tem acesso.

Há uma máxima no espiritismo que diz assim: O primeiro destinatário de uma psicografia é o médium que a fez. Toda mensagem que você recebe, o primeiro destinatário é você. Então esqueça se você vai ter ou não um papel neste mundo. A primeira pessoa que a mensagem quer alcançar é você. O resto, deixa acontecer.

Porque você tem acesso a estes conhecimentos é a mesma questão porque você está vivendo em um país que tem o governo que tem. Porque é seu carma. Antes de qualquer coisa o ensinamento é um carma, uma prova, uma oportunidade para você amar individualmente ou universalmente.

Não estou falando em acreditar em mim, mas amar o ensinamento que recebe, acreditar é outra coisa.

Amar o ensinamento que recebe é não criticar, não julgar, não acusar. Acreditar é dizer: isto é verdade. Você pode que não acredita e não acha certo e tem todo o direito de falar, mas você está amando e não acreditando no que foi dito.

Participante: Nada que não seja eterno não é real, sendo que tudo que morre ou acaba com o tempo não pode nos dar felicidade. Até a própria felicidade como buscamos não é duradoura.

Sim. Umas das clausuras de que uma coisa seja universal, verdade universal, é que ela nunca tenha sofrido mudança. Tenha sido sempre a mesma coisa. Tem mais uma é necessário também que ela seja única para todos. Se alguém discordar de alguma verdade ela não é universalmente verdadeira.

Participante: A reforma é do íntimo, mas a maioria fica na dependência de querer reformar o externo.

Exato. Fica preocupado com o que faz com o outro, como trabalha, com a conta para pagar. Todos se preocupam com o lado de fora, em manter seu nome, pagar em dia as contas, em comer, mas ninguém se ocupa com o interno, com a mudança interna com o amar universalmente ou egoisticamente.