O nobre caminho

Renúncia

A Segunda Nobre Verdade do sofrimento que levou o Buda a alcançar a sua iluminação é a descoberta das raízes do sofrimento, ou seja, daquilo que leva o ser a sentir sentimentos diferentes da verdade universal.

Esses sentimentos nascem sempre da fuga da realidade universal, ou seja, da existência sendo conduzida por uma consciência que trate seus valores como verdade absoluta.

Essa consciência é nutrida por sentimentos que espelham uma contrariedade, um sofrimento pelo sofrimento dos outros e pelo medo ou falta de confiança em Deus. Essa consciência quer sempre ganhar e tem medo de perder, busca a satisfação e tem medo da insatisfação, quer a fama e teme a infâmia, busca o elogio e tem medo da crítica.

Age dessa forma porque possui moralmente as pessoas, acontecimentos e objetos, aplicando a elas a sua verdade relativa como absoluta. Pelo conhecimento intrínseco do motor do universo (lei de causa e efeito) sabe que um dia será alvo dessa mesma forma de proceder e por isso se protege da realidade universal atrás do escudo criado pelas suas verdades relativas (individuais).

Toda essa forma de proceder advém de sua consciência não conter a verdade absoluta do universo: Deus e Sua ação. Sem ela, o ser jamais alcançará a entrega e confiança absoluta no Pai necessária para ser feliz.

“Aqui, monges, está a Nobre Verdade da causa do sofrimento. O desejo de nascer de novo, o deleite em nascer de novo, o apego aos prazeres encontrados nisso ou naquilo. Uma necessidade premente de gozar dos prazeres sentidos, de se tornar algo ou de não se tornar”. (Samyutta Nikaya V 20)

Por isso, no “Discurso Girando a Roda do Dharma” o Buda nos diz que o desejo de nascer de novo nasce pelo deleite que o ser encontra durante a existência carnal. Esse deleite surge pelo apego aos prazeres encontrados quando se goza os prazeres sensuais (sentidos) de se tornar algo ou de não se tornar.

Por mais que um ser humano busque a sua elevação espiritual ele não conseguirá enquanto não renunciar ao deleite aos prazeres sensuais. Enquanto o ser deleitar-se em mostrar a quem lhe contraria que está certo, buscará sempre ganhar, ter prazer, pois assim será elogiado e alcançará a fama.

Enquanto o ser deleitar-se em sofrer com o sofrimento dos outros terá sempre o sentimento de que é superior, pois ganha mais felicidade e sente mais prazer que quem está sofrendo, o que lhe deixa famoso e provoca elogios a sua pessoa. Enquanto o ser tiver medo, poderá mostrar o quanto é mais corajoso ao enfrentar a situação, ganhando mais elogios e fama e, por isso, alcançando o prazer de ser superior.

Apenas a renúncia a esses prazeres pode levar o ser a começar a sua mudança. Querer preservar todos esses prazeres prenderá o ser entre humano e na carne o que o tornará um professor da lei.