Carmas humanos - Texto

Relação sexual

Vamos abordar este tema em diversas etapas. Primeiro tema: o dogma que se faz a respeito da relação sexual, ou seja, a questão do assunto relação sexual não poder ser comentada porque é um assunto feio, chulo, que não deve ser comentado com os outros porque faz parte da intimidade de cada um. O ato sexual é da natureza humana e animal e até as plantas praticam o sexo, sem se tocar. Portanto, é um ato da natureza.

Ele não deve ser objeto de vergonha ou de tabus. Não é assunto que só deve ser abordado em sigilo, quase em confidência. Não se trata de um assunto que não deve ser abortado em certas rodas de conversas como alguns afirmam que não deve ser. É assunto que pode ser comentado abertamente em todos os lugares, inclusive num trabalho espiritual ou religioso como estamos fazendo.

Deste primeiro tema sobre o assunto já nos grita uma conclusão: aquele que fala abertamente da sua relação sexual não deve ser alvo de críticas. Quando um ser humanizado fala de suas experiências sexuais muitas vezes as demais pessoas sentem-se ofendidas com o tema e criticam aquele que está falando. Isso é posse moral, é saber o que pode ou não ser falado publicamente.

Porque muitos elementos da humanidade imaginam que sexo não é assunto que pode ser comentado abertamente? Por que existem convenções que falam isso. Mas, o que são as convenções sociais da humanidade? Elementos gerados pelo ego, ou seja, instrumentos de ações carmáticas. Portanto, é um instrumento gerador de possessão moral.

Aquele que usa as convenções sociais para distinguir o certo e o errado das coisas deste mundo não está vendo que aquilo são apenas criações do ego para poder gerar os carmas do espírito encarnado. Estas regras não são universais e, portanto, não são elementos que precisam ser seguidos por todos. Quem não vive deste jeito dá asas ao seu egoísmo, pois destas convenções, com certeza existem algumas que ele mesmo não se atrela e as quebra constantemente. Justamente por elas não serem vividas por um ser humanizado na universalidade (na totalidade e em todo momento) é que a subordinação aos quesitos que ele quer seguir são apenas ações egoístas e não certas.

Quantas vezes vemos pessoas criticando quem usa o sexo em suas conversas abertamente ou através de duplos sentido que dá para o que os outros falam? Repare se estas mesmas pessoas mais adiante também não quebram outros quesitos das convenções sociais? Claro que sim. Por isso é que a vivência daquele momento não é prefeita, mas uma ação egoísta.

As normas da sociedade humana, portanto, são instrumentos geradores de carmas e aquele que busca a elevação espiritual precisa se libertar de viver a sua existência pautado por elas. No tocante ao assunto que estamos conversando agora (sexo) diria que ele precisa assumir a sua sexualidade publicamente sem vivê-la apenas na sua intimidade.

Os tabus que são criados pelas regras societárias a respeito de sexo e de outras coisas – por exemplo, tirar meleca do nariz – são apenas tabus e não algo certo. Estas leis não foram criadas por Deus para serem seguidas, mas sim como instrumento gerador da ação carmática que vai possibilitar o espírito trabalhar o seu íntimo para adequar a sua vivência aos ensinamentos dos mestres. Será que alguém está seguindo o ensinamento do mestre quando critica quem tira meleca do nariz? Acho que não, pois a crítica é a sentença de um julgamento e Cristo ensinou que não se deve julgar. Será que alguém está seguindo o ensinamento do mestre quando critica aquele que sempre se utiliza de elementos sexuais como duplo sentido de sua conversa? Claro que não, pois a crítica é uma condenação e como Cristo ensinou, ao invés de condenar devemos perdoar sete vezes setenta.

Portanto, aquele que está concentrado em aproveitar a oportunidade de encarnação, quando o ego cria a crítica para aqueles que não seguem os tabus das convenções societárias humanas, não se deixa levar por estas idéias. Com isso vence o carma, vence uma possessão e assim alcança a sua provação.

Agora reparem que falei em não seguir a idéia que a mente cria e não em mudar a que ela produz. Ninguém pode deixar de ser assaltado por idéias fundamentadas nas convenções societárias humanas, pois se isso acontecesse, este ser não teria a sua provação. Sendo assim, é necessário que a mente creia nestes tabus.

Eis, portanto, o primeiro aspecto sobre o carma no tema relação sexual que queria abordar: o tabu. Vamos ver outro, mas antes disso precisamos entender o que é uma relação sexual.

O ato sexual não é uma ação física. Vocês imaginam que aquilo que acontece durante o ato sexual, ou seja, o toque entre elementos dos dois corpos é o ato em si, mas isso não é real. Através dos toques o que se tem são percepções criadas pelo ego. Sendo assim, estas percepções não são universais e o sexo é algo universal. Se a percepção gerada pelo toque fosse o ato sexual, quem faria sexo era o ego e não você. Por causa disso, teria que dizer que espírito não faz sexo, mas isso também não é real. O espírito, mesmo os sem carne, fazem sexo. Sendo assim, o ato sexual tem que ser algo diferente do simples ter percepções.

Desta análise do ato sexual surge, então, o segundo aspecto carmático do ato sexual: imaginar que é preciso um ato físico para haver sexo. A necessidade de ser tocado para atingir o ápice do êxtase sexual é um carma.

Se o ego lhe diz que você só pratica sexo quando tem percepções de um ato físico está vivendo um carma que é fundamentado na posse do elemento material. Ou seja, a necessidade de uma percepção para a realização é um carma e ele atrapalha muito a vida do espírito quando encarnado porque não o deixa atingir o êxtase do sexo espiritual. Já vamos falar sobre isso mais detalhadamente, mas neste segundo aspecto do carma gerado pela atividade sexual saiba que acreditar que é preciso haver percepções físicas, suas ou de parceiros(as), é apenas um carma e não uma realidade.

Quem acredita no ego e por isso acha que só pode haver o êxtase sexual havendo toque, sendo do parceiro ou de você mesmo, é um prisioneiro do ego e, por isso, vive preso ao ciclo do prazer e da dor.

Vimos, portanto, dois aspectos importantes quando se fala em ato sexual ou relação sexual como carma. Primeiro os tabus e dogmas a respeito do se falar a respeito do ato sexual e segundo a prisão às percepções do corpo para alcançar o êxtase sexual. Vamos ao terceiro...

Falamos em êxtase sexual. O que é isso? É o que o próprio nome diz: uma sensação de explosão interna. Trata-se de uma explosão sentimental interna que enleva o ser universal. Não importa que relacionamento sirva para se alcançar esta explosão, quando ela acontece, há o gozo do êxtase.

Vocês chamam a sensação de atingir esta explosão interna de prazer sexual. Com isso restringem a vivência desta emoção apenas ao momento onde está havendo a percepção da conjunção carnal de dois seres. Mas, ela pode – e é – alcançada em momentos onde não há esta conjunção. Quem nunca atingiu esta explosão numa simples troca de olhar? Quem não conseguiu atingir este êxtase com a realização de determinado acontecimento muito desejado? Nestes momentos o ser viveu um gozo sexual e nem sabe disso. Por que não sabe? Porque acha que esta emoção só pode advir de uma conjunção carnal.

Da mesma forma, o assunto que leva o ser humanizado a vivenciar este êxtase pouco importa. Pouco importa de quem sejam os olhos que encontram com os seus; pouco importa a que assunto esteja ligada a realização, o êxtase é o mesmo. Por isso disse que os espíritos praticam o sexo.

Quando os seres desligados da mente humana se concentram em oração eles se ligam a Deus. Quando esta ligação atinge a sua plenitude, alcançam a mesma explosão que vocês quando do ato sexual.

Eis aí, então, um dos grandes carmas ligados à relação sexual, ou seja, uma das grandes compreensões que o ego lhe dá sobre este tema que não lhe deixa vivenciar a realidade universal: o de que você deve buscar o seu êxtase apenas na relação sexual. Isto é carma, pois na realidade este êxtase pode ser alcançado pensando-se apenas no próximo, sem a presunção de uma idéia carnal. Você pode atingir o êxtase apenas ligando-se a uma pessoa em pensamento por qualquer assunto. Não precisa necessariamente ter pensamentos que falem de atitudes sexuais.

Participante: qual a diferença entre o prazer sexual que vivemos e o êxtase que você comentou?

Realmente parece que o êxtase que comentei está ligado ao prazer que segundo Buda é uma poluição adventícia, mas isso não é real. No prazer há um individualismo satisfeito, já o êxtase surge de um relacionamento perfeito.

Quando se compreende que o êxtase não precisa de atividade sexual para ser alcançado, mas que basta apenas um relacionamento entre dois seres para que isso aconteça, é preciso, também se compreender o ensinamento máximo de Cristo: amar ao próximo como a si mesmo. Para que este êxtase não seja um prazer é preciso que haja uma comunhão de interesses. Por isso, no relacionamento deve-se sempre observar a questão de unir-se ao próximo e não apenas em satisfazer-se.

Na verdade este é o quarto aspecto do carma relacionado à atividade sexual. Muitos entram nesta atividade, mesmo que seja realizada com conjunção carnal, buscando apenas a sua própria satisfação. O que é alcançado com isso é apenas o prazer e não o êxtase que vivenciam os espíritos.

Sendo assim, posso dizer que o quarto aspecto com relação a relação sexual como carma é o de não buscar o relacionamento que servirá para alcançar a explosão interna de emoções apenas pensando em si mesmo, em se satisfazer, mas buscando a comunhão perfeita entre todos os seres envolvidos nele.

Resumindo, para se vencer os carmas relacionados com a atividade sexual temos que acabar com os tabus – e entre estes tabus coloco a questão da opção sexual de cada um, seja com relação a parceiros(as) ou posições. Segundo: acabar com a idéia de que o ato sexual necessita de contato entre dois corpos, que é realizado através das percepções do corpo. Terceiro: não depender do contato físico para alcançá-lo. Quarto: é preciso lutar contra o ego, que insiste para que cada um pense primeiro em seu próprio prazer e somente depois se o outro alcançou o prazer ou não.

Tem apenas um detalhe que gostaria de comentar que na verdade não é sobre carma. Quero aproveitar a oportunidade para dizer que a relação sexual dos espíritos pode ser feita solitariamente ou em conjunto. Outro detalhe: o êxtase que se alcança é formado pela felicidade incondicional e não pelo prazer humano.

O ato sexual de espíritos existe quando ele comunga com outros ou consigo mesmo e alcança a felicidade incondicional ou a graça de Deus. Estar cheio da graça de Deus é um êxtase para o espírito e por isto podemos dizer que é o resultado de um ato sexual do espírito.