Carmas humanos - Texto

Prostituição

Participante: e o homossexual que além de se sentir renegado ainda utiliza do seu corpo para fazer dinheiro, ou seja, se prostitui, o carma é ainda maior.

Vamos usar sua pergunta e falar um pouco sobre prostituição, mas primeiro deixe-me responder-lhe a questão de haver um carma maior ou menor par alguém. Sabe qual é o pior carma? É o seu que está sendo vivenciado agora. O pior carma não é nem aquele que você vivenciou ontem ou a alguns momentos atrás, mas aquele que está vivenciando neste momento. Sempre o seu carma de agora é o pior, pois é aquele que precisa ser resolvido neste momento.

Claro que isso é apenas uma figura para poder lhe levar a compreender que todos os carmas de um ser humanizado são iguais. Isso acontece desse jeito porque todo carma é uma luta contra o egoísmo, não importando através de que figuras e verdades ele está sendo expresso. Sendo todos os carmas fundamentados na mesma coisa, não há, portanto, maior ou menor.

Dito isso posso falar do resto da sua pergunta. Você afirma que há uma gravidade maior na situação onde um ser prostitui-se entregando seu corpo para fazer dinheiro. Mas, se como já conversamos aqui, não existe corpo, como esta situação pode agravar alguma coisa? Lembre-se: todo mundo externo é maya, é uma criação da mente. Sendo assim, não existe o corpo, o dinheiro nem mesmo o ato sexual em si. Todas estas coisas são meros instrumentos carmáticos que servem para gerar uma compreensão a todos que tem conhecimento da ação gerando, assim, o carma de cada um.

Portanto, não há mal algum naquele que se prostitui, mas sim carmas. Aliás, nela existe um carma para você...

A compreensão racional que você tem de que o fato de entregar o corpo para fazer dinheiro é um agravante na vida de um espírito encarnado é o seu carma neste momento. Aliás, não só seu, mas de toda humanidade. Todos que compactuam com o julgamento feito pela mente daqueles que se prostituem estão vivendo o seu carma e nem se dão conta disso, pois estão preocupados com o ato.

Completando, então, a minha resposta, posso lhe dizer que o ato de se prostituir é uma ação carmática que levará quem pratica esta ação a vivência do seu carma. Este está vinculado a uma possessão do elemento material (dinheiro). No entanto, este mesmo acontecimento também serve para que toda a humanidade que tenha conhecimento deste fato também vivencie o seu carma: deixar-se levar pelo julgamento feito pelo ego ou não. Este carma está vinculado a uma possessão moral, ou seja, a uma certeza sobre alguma coisa.

Sobre este assunto, aliás, acho que já falamos. Uma vez contei a história de uma prostituta e de um monge que bem ilustra esta questão.

Conta-se que uma mulher que morava em frente a um mosteiro exercia a profissão de prostituta. Sabendo disso, um monge foi até ela e lhe disse que aquilo era contrário aos princípios da doutrina que ela professava. A mulher lamentou-se muito estar exercendo aquela atividade, mas disse ao monge que não sabia deste preceito e que não mais a exerceria.

Acontece que sem o seu ofício a mulher não conseguia dinheiro para comer. Foi definhando aos poucos até que se viu obrigada a prostituir-se novamente para poder comer. Sabendo do seu retorno à profissão, o monge a visitou e novamente a recriminou. A mulher, então, lhe disse que tinha muito respeito pelos ensinamentos da seita que seguiam, mas que infelizmente não tinha outra forma de sobreviver.

O monge, então, partiu para o castigo. Informou à mulher que ia ficar observando a casa dela e para cada cliente que recebesse ia colocar uma pedra no seu jardim. Quando a pilha já ia alta o monge e a prostituta morreram no mesmo horário. Atendido por um anjo, o monge observou que estava sendo levado para baixo. Na sua descida passou pela prostituta, que também estava sendo carregada por um anjo, só que para cima.

Indignado o monge questionou o anjo: ‘porque eu que sempre dediquei minha vida a Deus estou sendo levado para baixo enquanto que aquela mulher que pecava está sendo levada para cima’? O anjo, então, lhe respondeu: ‘porque o seu coração está muito pesado com as pedras que depositou no jardim dela’.

Acho que nesta história fica a resposta perfeita sobre o tema prostituição. O carma pior não é o ato de se prostituir, pois isso é apenas um instrumento da ação carmática que levará a viver um carma. O pior seria, se fosse possível um carma ser mais grave que outro, criticar aquele que se prostitui.

Apesar de ter afirmado estas coisas a partir de sua pergunta, saiba que não estou me dirigindo diretamente a você. Na verdade estou me dirigindo a toda sociedade humana que, apesar de dizer que segue os mandamentos dos mestres, ainda criticam aqueles que estão dentro dos padrões humanos considerados como ações certas, apesar de nenhum mestre ter feito isso. O próprio Cristo abandonou a mesa dos doutores da lei para ir jantar com prostitutas...