Das penas e gozos futuros

Prgunta 969

Que se deve entender quando é dito que os Espíritos puros se acham reunidos no seio de Deus e ocupados em lhe entoar louvores?

Isso é uma explicação espírita para uma crença católica. A questão dos espíritos entoarem louvores a Deus é uma visão católica. Por isso digo que vamos receber agora um ensinamento espírita decodificando essa questão.

Volto a repetir o que tenho dito sempre: não se trata de negar nada, mas sim de compreender de outra forma. A religião católica não está errada, mas quando se lança a luz dos Espíritos as coisas tomam outra realidade.

É uma alegoria indicativa da inteligência que eles têm das perfeições de Deus, porque o veem e compreendem, mas que, como muitas outras, não se deve tomar ao pé da letra. Tudo em a Natureza, desde o grão de areia, canta, isto é, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Não creias, todavia, que os Espíritos bem-aventurados estejam em contemplação por toda a eternidade. Seria uma bem-aventurança estúpida e monótona. Fora, além disso, a felicidade do egoísta, porquanto a existência deles seria uma inutilidade sem-termo. Estão isentos das tribulações da vida corpórea: já é um gozo. Depois, como dissemos, conhecem e sabem todas as coisas; dão útil emprego à inteligência que adquiriram, auxiliando os progressos dos outros Espíritos. Essa a sua ocupação, que ao mesmo tempo é um gozo.

Acho que a questão de ser alegoria ficou claro. Vamos apenas entender a alegoria em si.

Primeiro ela fala que os Espíritos superiores estão em Deus. Estão reunidos no seio de Deus, estão em Deus. O que se pode entender disso?

É a figura que temos repetido há muito tempo. O Universo é como um quebra cabeça. Cada elemento é uma peça desse quebra cabeça. Cada elemento possui uma parte da figura final, mas essa só existe quando todas as peças se encaixam perfeitamente.

Os espíritos puros são peças conscientemente, perfeitamente encaixadas no quebra cabeças do Universo. Se encaixam ao próximo e ao todo porque sabem que só o trabalho de todos juntos pode construir alguma coisa. Já o espírito menos evoluído, aquele que, por exemplo, está no mundo de provas e expiação, está perfeitamente encaixado, pois o Universo é equilibrado, mas acha que a sua figura é mais importante. Por isso acha que merece maior crédito do que dos outros, acha que deve ser atendido na frente dos outros.

Isso é estar no seio de Deus. Os espíritos puros estão conscientemente ligados ao Todo. Os menos evoluídos também estão, mas se imaginam independentes desse Todo.

Quanto a cantar louvores, afirmo que todos no Universo louvam a Deus. Mas, o que seria louvar a Deus? É ter internamente uma emoção de acordo com o que está na Bíblia: Santo, Santo é o Seu nome.

Os espíritos elevados santificam a Deus. Quem é Deus? Essa é a pergunta que temos que fazer agora. Não adianta falar em santificar a Deus sendo Ele uma alegoria, uma ilusão.

Deus é Tudo e Tudo é Deus. Deus é um Espirito? Sim é um ser, mas também é tudo o mais que existe. Como é a Causa Primária de Todas as Coisas, tudo que existe é emanação Dele. Por isso, um grão de areia, você, seu ego, é Deus. Não o Deus, o espírito, mas uma emanação de Deus.

Então, o Todo Universal, ou seja, tudo o que existe é Deus. É a esse Tudo que todos os espíritos cantam odes. Não ao ser Deus, porque se o Senhor fosse idolatrado, se encerraria a igualdade do Universo. Os espíritos cantam odes ao Universo, louvam o Universal, a ação de Deus, Tudo que existe.

Tenha a certeza de que Todas as Coisas que acontecem são santas, santificadas, e são louvadas pelos espíritos mais elevados. TUDO, desde aquilo que você considera bárbaro, até aquilo que considera sublime. Todas as coisas são santas. Por isso, os espíritos elevados, como estão perfeitamente encaixados com o Todo e conhece a realidade, santificam Todas as Coisas.

É isso que se deve entender dessa alegoria. Entender que os espíritos puros reconhecem o Universo como emanação de Deus e se fundem a Ele, a Tudo que existe, para auxiliar o Senhor na Sua obra. Ou seja, servem como instrumentos da Causa Primária.