Das penas e gozos futuros

Pergunta 982

Será necessário que professemos o Espiritismo e creiamos nas manifestações espíritas, para termos assegurada a nossa sorte na vida futura?

Se assim fosse, seguir-se-ia que estariam deserdados todos os que não creem, ou que não tiveram ensejo de esclarecer-se, o que seria absurdo. Só o bem assegura a sorte futura. Ora, o bem é sempre o bem, qualquer que seja o caminho que a ele conduza. (165-799)

Só o amor, a caridade, o desapego das coisas materiais e o não usar o egoísmo podem levar um ser a aproximar-se de Deus.

Nenhuma religião, nenhum ritual, nenhum cumprimento de obrigações morais, materiais ou religiosas é passaporte para Deus. Só o amor, o amor livre e desapegado, aquele que é liberto do amor próprio. Amar o próximo: só isso pode lhe aproximar de Deus.

Esse amor, porém, jamais poderá ser alcançado por compreensões racionais. Elevação espiritual não é fruto de um conhecimento. Pelo contrário: é fruto de uma atividade sentimental, de um amor.

Para alguns pode ser preciso o que estamos fazendo aqui: conversando, trocando ideias, aprendendo o que é amar. Só que o que fazemos não garante evolução espiritual. Só a pratica do que estamos falando pode levar a Deus.

No fundo de tudo que digo está implícito: ame, ame a Deus acima de todas as coisa e ame ao próximo como a si mesmo. Por isso, a prática do que falamos pode ajudar.

Então, não queiram ser cultos. Afinal de contas, o elemento mais culto do universo é a estante: tem dentro a informação de muitos livros. Queiram ser amorosos!

Sobre esse assunto, Cristo ensinou: ‘louvado seja Deus, que esconde dos sábios o que mostra aos simples’, aqueles que só amam.

Participante: ainda me referindo a questão anterior, o ego. É por isso que devemos despossuir, desligarmos de tudo que for material?

Sim.

Tudo que for material é ego. Permanecendo preso a isso, está preso à personalidade humana. Se acredita em si como o corpo que veste, vai sofrer durante a vida e depois, pois continuará acreditando no que crê hoje.

Deixe-me dizer uma coisa para vocês: a morte não traz em si nenhum poder magico de transformação. Acabei de falar que a vida dura um micro fração de tempo. A morte é, também, uma micro fração de tempo que liga duas micro frações.

Ela não tem nada em si, não conduz a transformação alguma, nem a nenhum autoconhecimento sobre si. Você é e sempre será aquilo que pensa que é.

Acreditando que é marido, morrerá e continuará sendo marido. Acreditando que é dono de empresa, morrerá e continuará dono de empresa. Acreditando que possui posses materiais, morrerá e continuará tendo posses materiais.

Além disso, como já vimos aqui, se reclamam da vida de hoje no tocante ao sofrimento, saibam que conviver como ego depois do desencarne produz sensações dez vezes mais forte que quando na carne. Reclamando hoje de ter sido ofendido, fora da carne irá ouvir a mesma palavra coisa, mas se sentirá dez vezes mais ofendido.

Resumindo, sim, é preciso fazer agora, trabalhar agora, porque assim se garante um bom lugar quando sair daqui.