Mas, será necessário que Deus atente em cada um dos nossos atos, para nos recompensar ou punir? Esses atos não são, na sua maioria, insignificantes para ele?
Deus tem suas leis a regerem todas as vossas ações. Se as violais, vossa é a culpa. Indubitavelmente, quando um homem comete um excesso qualquer, Deus não profere contra ele um julgamento, dizendo-lhe, por exemplo: Foste guloso, vou punir-te. Ele traçou um limite; as enfermidades e muitas vezes a morte são a consequência dos excessos. Eis aí a punição; é o resultado da infração da lei. Assim em tudo.
Ações, atos. Deus tem as leis que regem todas as ações do ser humanizado. Isso é um aspecto fundamental da vida.
A sua ação é regulada por uma lei de Deus. Qual é a lei de Deus como resumida por Cristo? A lei do amor: a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. É esse amar que gera o carma, a oportunidade de elevação.
Portanto, todos os seus atos são regidos pela lei do Amor Sublime. É ela que dá a cada um segundo as suas obras. É por esse mecanismo que a vida humana acontece. Ponto final.
A partir dessa consciência, temos que compreender uma coisa: Deus não julga ninguém. Quando o ser ama, ou seja, a cada momento da existência, de acordo com o objeto desse amor (a Deus e ao próximo ou a matéria e a si mesmo) a lei do carma estabelece um próximo momento.
Deus jamais julga um ser. Porquê?
Participante: creio que seja porque cada um é instrumento de Deus para o carma do outro. Isso é feito através dos atos físicos não espirituais.
Certo. Deus não julga os seus atos físicos. No entanto, estou falando de não julgar em termos espirituais, ou seja, a sua participação como espírito no carma.
Vamos dizer assim: você pela lei do carma viverá um ato. Durante ele terá uma reação sentimental, reagirá com determinado tipo de amor. Afirmo que Deus não julga essa reação sentimental. Porquê?
Participante: não sei a resposta realmente.
Vamos voltar um pouquinho atrás. Há uma resposta do Espírito da Verdade aqui em O Livro dos Espíritos à seguinte pergunta: se Deus é Onisciente, o que o espírito tem que provar para Ele? Resposta: nada. A vida não é uma prova para Deus, mas para si mesmo.
Portanto, as situações pelas quais o ser encarnado passa são oportunidades para provar a si que aprendeu alguma coisa antes da encarnação, não para provar qualquer coisa a Deus. Ele sabe de antemão o que irá acontecer (Onisciência). É por isso que não precisa julgar ninguém.
O espírito estuda antes da encarnação, monta a prova que quer fazer sobre o que estudou. Aí vem para carne provar a si mesmo que aprendeu ou não. Ora, a provação é a si, por que Deus precisa julgar o ser?
Assim que o espírito sair dessa encarnação julgará a si mesmo, ou seja, de acordo com sua consciência espiritual, verá o trabalho que realizou comparando-o ao que estudou e compreenderá o quanto colocou em prática ou não.
É isso que o Espírito da Verdade diz quando fala que Deus tem a sua lei para reger o universo.
Participante: onde fica a lei do carma nisso ai?
A lei do carma vai surgir novamente quando o espírito for montar uma nova personalidade para outra encarnação. Naquele momento escolherá novas provas. Essas virarão atos e esses serão ações carmáticas.
O que estou falando não é novo. Cristo ensina assim: Deus não julga ninguém, nem eu; é o próprio ser se julga no tribunal de sua consciência.
Em que base se julga? No conhecimento da lei divina que é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Ou seja, se julga quando a sua capacidade de ter se mantido permanentemente em um estado amoroso, independente do que estava acontecendo.
Para vocês o que estou falando pode ser uma grande novidade, mas não é novo. Deus não julga o espírito; ele se julga. Deus é a Justiça e a Justiça não julga: cria regras para que os outros se julguem.
Julgar é analisar. Deus não analisa nada. Ele tem consciência de tudo. É completamente diferente.