Das penas e gozos futuros

pergunta 964

Mas, será necessário que Deus atente em cada um dos nossos atos, para nos recompensar ou punir? Esses atos não são, na sua maioria, insignificantes para ele?

Deus tem suas leis a regerem todas as vossas ações. Se as violais, vossa é a culpa. Indubitavelmente, quando um homem comete um excesso qualquer, Deus não profere contra ele um julgamento, dizendo-lhe, por exemplo: Foste guloso, vou punir-te. Ele traçou um limite; as enfermidades e muitas vezes a morte são a consequência dos excessos. Eis aí a punição; é o resultado da infração da lei. Assim em tudo.

Ações, atos. Deus tem as leis que regem todas as ações do ser humanizado. Isso é um aspecto fundamental da vida.

A sua ação é regulada por uma lei de Deus. Qual é a lei de Deus como resumida por Cristo? A lei do amor: a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. É esse amar que gera o carma, a oportunidade de elevação.

Portanto, todos os seus atos são regidos pela lei do Amor Sublime. É ela que dá a cada um segundo as suas obras. É por esse mecanismo que a vida humana acontece. Ponto final.

A partir dessa consciência, temos que compreender uma coisa: Deus não julga ninguém. Quando o ser ama, ou seja, a cada momento da existência, de acordo com o objeto desse amor (a Deus e ao próximo ou a matéria e a si mesmo) a lei do carma estabelece um próximo momento.

Deus jamais julga um ser. Porquê?

Participante: creio que seja porque cada um é instrumento de Deus para o carma do outro. Isso é feito através dos atos físicos não espirituais.

Certo. Deus não julga os seus atos físicos. No entanto, estou falando de não julgar em termos espirituais, ou seja, a sua participação como espírito no carma.

Vamos dizer assim: você pela lei do carma viverá um ato. Durante ele terá uma reação sentimental, reagirá com determinado tipo de amor. Afirmo que Deus não julga essa reação sentimental. Porquê?

Participante: não sei a resposta realmente.

Vamos voltar um pouquinho atrás. Há uma resposta do Espírito da Verdade aqui em O Livro dos Espíritos à seguinte pergunta: se Deus é Onisciente, o que o espírito tem que provar para Ele? Resposta: nada. A vida não é uma prova para Deus, mas para si mesmo.

Portanto, as situações pelas quais o ser encarnado passa são oportunidades para provar a si que aprendeu alguma coisa antes da encarnação, não para provar qualquer coisa a Deus. Ele sabe de antemão o que irá acontecer (Onisciência). É por isso que não precisa julgar ninguém.

O espírito estuda antes da encarnação, monta a prova que quer fazer sobre o que estudou. Aí vem para carne provar a si mesmo que aprendeu ou não. Ora, a provação é a si, por que Deus precisa julgar o ser?

Assim que o espírito sair dessa encarnação julgará a si mesmo, ou seja, de acordo com sua consciência espiritual, verá o trabalho que realizou comparando-o ao que estudou e compreenderá o quanto colocou em prática ou não.

É isso que o Espírito da Verdade diz quando fala que Deus tem a sua lei para reger o universo.

Participante: onde fica a lei do carma nisso ai?

A lei do carma vai surgir novamente quando o espírito for montar uma nova personalidade para outra encarnação. Naquele momento escolherá novas provas. Essas virarão atos e esses serão ações carmáticas.

O que estou falando não é novo. Cristo ensina assim: Deus não julga ninguém, nem eu; é o próprio ser se julga no tribunal de sua consciência.

Em que base se julga? No conhecimento da lei divina que é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Ou seja, se julga quando a sua capacidade de ter se mantido permanentemente em um estado amoroso, independente do que estava acontecendo.

Para vocês o que estou falando pode ser uma grande novidade, mas não é novo. Deus não julga o espírito; ele se julga. Deus é a Justiça e a Justiça não julga: cria regras para que os outros se julguem.

Julgar é analisar. Deus não analisa nada. Ele tem consciência de tudo. É completamente diferente.