Das penas e gozos futuros

Pergunta 960

Donde se origina a crença, com que deparamos entre todos os povos, na existência de penas e recompensas porvindouras?

É sempre a mesma coisa: pressentimento da realidade, trazido ao homem pelo Espírito nele encarnado. Porque, sabei-o bem, não é debalde que uma voz interior vos fala. O vosso erro consiste em não lhe prestardes bastante atenção. Melhores vos tornaríeis, se nisso pensásseis muito, e muitas vezes.

Vamos falar um pouco mais sobre o assunto pena antes de falar da intuição.

O espiritismo nasce como sucessor do cristianismo católico e evangélico. Nasce justamente para acabar com o fogo eterno, o inferno, o castigo que recebe aquele que, vamos dizer assim, peca durante a vida carnal.

Por isso, se nos apegarmos agora à palavra usada pelo Espírito da Verdade como penalização, continuaremos acreditando na necessidade de um julgamento com o objetivo de penalizar o faltoso, que é a base do cristianismo católico e evangélico. Não foi isso que o Espírito da Verdade ensinou a Kardec. O que foi transmitido é a existência do carma, da lei do carma: Deus dá a cada um de acordo com sua obra.

Essa é a mensagem trazida pelo Espírito da Verdade, mas não só por ele. A lei do carma é conhecimento anterior, muito anterior. Entre os orientais (Buda, Krishna) existia há séculos o conhecimento das múltiplas vivencias carnal regidas pelas ações carmáticas, ou seja, baseadas em passado espiritual.

Por esse motivo, de uma vez por todas abolimos a palavra penalização e a transformamos em geração de carma. Agora podemos ir para a análise dessa resposta.

O homem, o ser humanizado, o espírito ligado a um ego tem instintivamente a noção que essa vida é fundamentada pela lei do carma, ou seja, que as ações desse momento são geradas como uma justa colheita do que foi feito anteriormente, Tal consciência nos leva a compreender que também deve existir institivamente no ego humanizado a convicção que essa vida nada mais é do que uma provação, que os acontecimentos dela são instrumentos da provação do ser universal.

A partir disso, aquele que está sendo julgado, criticado, acusado, por alguém, deve ter a consciência que não é isso que está acontecendo. Ele está vivendo uma provação.

Essa conscientização é fundamental para a vida. A partir dela, no momento que colhe, o ser sabe que não há uma história acontecendo, mas sim uma provação. Com isso, tudo na vida muda de figura.

Sabe a ofensa que recebeu? Ela não aconteceu. Não houve ofensa porque não há acontecimentos. O que ocorreu foi uma provação que foi proposta. Sabe a pessoa que deu amor, carinho? Não deu nada. O que aconteceu foi uma provação.

É isso. Em última análise, essa é a consciência que deve surgir no ser humanizado, já que tem instintivamente a consciência de que está em provação, de que existe a lei do carma em ação. Tendo, a vida muda. Não há mais agressões nem mais demonstrações de amor. O ser humanizado passa a se sentir testado a cada momento.

Testado em que? Naquilo que Cristo ensinou: no amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Quem ama a Deus acima de todas as coisas, não fica ofendido, pois o seu amor é superior a qualquer coisa que exista. Ele supera qualquer elemento da vida carnal. Aí está a prova.

Não há uma agressão, mas a geração de uma oportunidade em manter-se firme no amor a Deus. É uma prova para ver se o seu relacionamento com Deus que é superior a qualquer coisa. Sendo, não se sente ofendido.

Testa também o seu amor ao próximo, pois como vimos, a verdadeira caridade consiste em ter a benevolência, a indulgencia e o perdão. Para que o ser ame o próximo precisa ser benevolente, indulgente e perdoar o próximo. Não usando essas posturas, o ser vai se sentir agredido, caluniado, ofendido.

Por isso, no momento que o buscador de Deus é ofendido, diz a si mesmo: ‘vou agir de uma forma benevolente, indulgente e perdoar o próximo. Ele não sabia o que está fazendo. Por isso, para mim não há erro’.

É isso que precisa ser ouvido por vocês. Por isso estamos aproveitando essa pergunta onde o Espírito da Verdade afirma que existe uma consciência intuitiva que a vida é uma provação constante, para dizer como ela deve ser vivenciada.