Desgosto da vida - Suicídio

Pergunta 947

Pode ser considerado suicida aquele que, a braços com a maior penúria, se deixa morrer de fome?

É um suicídio, mas os que lhe foram a causa, ou que teriam podido impedi-lo, são mais culpados do que ele, a quem a indulgência espera. Todavia, não penseis que seja totalmente absolvido, se lhe faltaram firmeza e perseverança e se não usou de toda a sua inteligência para sair do atoleiro. Aí dele, sobretudo, se o seu desespero nasce do orgulho. Quero dizer: se for quais homens em quem o orgulho anula os recursos da inteligência, que corariam de dever a existência ao trabalho de suas mãos e que preferem morrer de fome a renunciar ao que chamam sua posição social! Não haverá mil vezes mais grandeza e dignidade em lutar contra a adversidade, em afrontar a crítica de um mundo fútil e egoísta, que só tem boa vontade para aqueles a quem nada falta e que vos volta as costas assim precisais dele? Sacrificar a vida à consideração desse mundo é estultícia, portanto ele a isso nenhum apreço dá.

‘Sacrificar a vida à consideração desse mundo é estultícia’: belíssima frase.

Estultícia - qualidade ou particularidade de quem se comporta com estupidez, de maneira tola ou imbecil.

Para o espírito, vida não é uma existência carnal. Estar vivo para ele é estar ligado a Deus, vivenciando a graça de Deus. Pouco importa se está ligado a uma massa carnal ou não, o ser espiritual só se considera vivo se estiver ligado a Deus.

Negar a vida dentro desse sentido por conta de elementos materiais é um suicídio voluntario. Negar a sua santidade interior em troca de dinheiro, de posição social, de vaidades, de posses materiais, morais ou sentimentais, é um suicídio voluntario.

Veja bem. Vou dar um exemplo do que é negar a vida: tem gente que se diz católica, espirita, budista, mas não tem tempo para ir ao centro ou a igreja. Por quê? Porque tem que trabalhar, porque precisa se dedicar ao emprego para poder ter uma ascensão material.

Antes que vocês me entendam mal, não estou falando de igreja como espaço físico. O templo de cada um está dentro de si. Portanto, o que quero dizer é que tem gente que interiormente se nega a amar incondicionalmente porque tem que cuidar da família, está buscando uma posição social, quer ser mãe, ser pai. Esses são considerados suicidas voluntários. Tem gente que não busca a Deus para não ter que se submeter aos outros, para não ser manso. Esse é um suicida voluntario.

Quem está só preocupado com a posição nessa vida, quer ser reconhecido, famoso, amado materialmente, não busca a Deus. Com isso acaba não alimentando alguém de amor. Por isso, além do carma decorrente de estar trocando Deus por uma posição social, vai responder também por não ter realizado um trabalho de auxílio aos outros.