As virtudes e o vício

Pergunta 906

Será passível de censura o homem, por ter consciência do bem que faz e por confessá-lo a si mesmo?

Pois que pode ter consciência do mal que pratica do bem igualmente deve tê-la, a fim de saber se andou bem ou mal. Pesando todos os seus atos na balança da lei de Deus e, sobretudo, na da lei da justiça, amor e caridade, é que poderá dizer a si mesmo se suas obras são boas ou más, que as poderá aprovar ou desaprovar. Não se lhe pode, portanto, censurar que reconheça haver triunfado dos maus pendores e que se sinta satisfeito, desde que de tal não se envaideça, porque então cairia noutra falta (919).

Neste trecho o Espírito da Verdade aborda um tema que já conversamos por diversas vezes: o orgulho. Como já afirmamos anteriormente, e agora constatamos que o Espírito da Verdade também o diz, muitos querem castrar o orgulho, mas ele é necessário para o espírito no seu processo de evolução. Deixe-me explicar.

Orgulho é a sensação do dever cumprido, da realização. Sem o orgulho o espírito estagna no processo de elevação espiritual, ou seja, não realiza mais nada. Por quê? Porque não parte para uma nova aventura com a confiança de que pode realizar.

Desta forma, posso afirmar que o orgulho de ter realizado alguma coisa é fundamental para a elevação espiritual. No entanto, quando o orgulho se transforma em soberba, surge um entrave à marcha rumo a Deus.

O que é soberba? A soberba ocorre quando o ser humanizado ao ter a sensação de dever cumprido se eleva frente ao próximo rebaixando-o.

‘Eu fiz, você não, por isso sou melhor que você’. Aí está o problema para a elevação espiritual. Se este espírito houvesse parado no eu fiz, teria tido apenas orgulho e isso lhe motivaria a ter confiança em novas vitórias.

 Quando o ser humanizado ultrapassa o orgulho atingindo a soberba através do enaltecimento a si mesmo e a crítica ao próximo, acaba o amor entre irmãos universais. Na soberba se denota a falta de caridade porque houve a crítica oriunda de um julgamento que não reflete a benevolência, a indulgência e o perdão.

O orgulho não pode se misturar com a vaidade. Ele precisa ser humilde, ser vivenciado com humildade. Quem vivencia as situações de conquista com humildade tem a sensação de ter conseguido realizar, mas não precisa acrescentar a isso a acusação ao próximo de não ter lutado ou de não ter sabido conseguir realizar.

Aquele que vivencia suas conquistas com orgulho louva a Deus porque fez, mas não se sente melhor ou maior porque realizou, nem considera o outro pior ou menor porque não fez.

Aí está, portanto, algo que precisa ser alterado nas religiões e na busca pelo espiritualismo como um todo no planeta Terra. É necessário se alterar urgentemente o conceito do orgulho, descobrindo a soberba, para se manter a força motriz que leva o espírito em frente no caminhar em direção ao Pai.