As virtudes e o vício

Pergunta 900

Aquele que incessantemente acumula haveres sem fazer o bem a quem quer que seja, achará desculpa, que valha, na circunstância de acumular com o fito de maior soma legar aos seus herdeiros?

É um compromisso com a consciência má.

É um compromisso com o seu individualismo.

Aliás, com relação à esta questão de legar bens aos seus, vocês já repararam que normalmente o pai se preocupa em deixar uma fortuna para seus descendentes e os filhos acabam com ela? Não vou dizer que isto é regra, mas não é o normal de acontecer?

Por quê? Porque o espírito que está vivenciando o papel de filho não poderá receber nada que não lhe tenha sido programado como instrumento da encarnação. Não podemos esquecer que este ‘filho’ é um espírito e como tal tem que receber o seu ‘legado’ de seu Pai verdadeiro, Deus, e não do material.

Na realidade, a intuição de legar, o desejo de deixar algo para os filhos, é uma prova para o ser que está vivenciando o papel de pai. Trata-se de uma provação de intencionalidade.

Então, não há desculpas para se justificar o interesse em amealhar bens materiais. Nem a carência própria nem a dos seus pode servir de justificativa para aquele que tem como objetivo de vida juntar bens ao invés de colocá-los à disposição de todos, como ensinou anteriormente o Espírito da Verdade.

Aliás Cristo perguntou: se Deus alimenta os pássaros, porque você se preocupa com o que vai comer amanhã? Se Deus veste as flores com roupas mais lindas dos que as usadas por Salomão, porque você se preocupa com o que vai vestir amanhã? Não se preocupe: Deus provê.

Participante: na verdade, Joaquim, como ensinado, a parte material, o ato de legar ou não, já está escrito. O que vale, neste caso, é o sentimento de querer ou não deixar para os seus. É isso?

Sim. O que está em jogo aqui não é o ato de legar, mas sim o aprisionamento ao desejo de melhorar a vida dos seus, de prover um futuro melhor para eles, pois isso se constitui num interesse pessoal que, como já vimos, pode até ser considerado louvável pelos seres humanizados, mas que não reflete o amor ensinado pelo Cristo.