As virtudes e o vício

Pergunta 897a

Contudo, todos alimentam o desejo muito natural de progredir, para forrar-se à penosa condição desta vida. Os próprios Espíritos nos ensinam a praticar o bem com esse objetivo. Será, então, um mal pensarmos que, praticando o bem, podemos esperar coisa melhor do que temos na Terra?

Não, certamente; mas aquele que faz o bem, sem ideia preconcebida, pelo só prazer de ser agradável a Deus e ao seu próximo que sofre, já se acha num certo grau de progresso, que lhe permitirá alcançar a felicidade muito mais depressa do que seu irmão que, mais positivo, faz o bem por cálculo e não impelido pelo ardor natural do seu coração. (894)

O bem, ou universalismo, é sempre o bem. O amor ao próximo também é sempre o amor ao próximo. Mas, o amor ao próximo interessado é menos elevado (menos universalizado) do que o amor ao próximo desinteressado.

Esse ensinamento fica muito fácil de ser compreendido quando entendemos o desinteresse como fundamento para se viver uma vida que sirva como instrumento de elevação espiritual. Tudo que se faz, espiritual e materialmente, tem importância nessa e em todas as existências do espírito. Mas, aquilo que é feito sem esperar receber lucro pessoal, mesmo que seja apenas um muito obrigado ou a satisfação de ter praticado, é muito mais universalizado e, por isso, serve como caminho para a sintonia com o UM. Já aquelas ações materiais ou espirituais que são realizadas objetivando-se algum bem ainda estão presas ao individualismo e, por isso, não servem para a elevação espiritual.