As virtudes e o vício

Pergunta 893

Qual a mais meritória de todas as virtudes?

Toda virtude tem seu mérito próprio, porque todas indicam progresso na senda do bem. Há virtudes sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto. A mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade.

Virtudes existem muitas, mas qualquer uma delas só se torna sublime quando praticada sem individualismo, sem que o espírito se sujeite às verdades do ego.

Qualquer ato será virtuoso quando o espírito pensar (buscar satisfazer) o próximo antes dele mesmo. O virtuosismo de qualquer ato é alcançado quando o espírito o vivencia com a intenção de levar a felicidade ao próximo, mesmo em detrimento de suas vontades e desejos, e permanece feliz e em paz mesmo assim.

Tal motivação é a sublimação das virtudes porque espelha o mandamento máximo que Cristo deixou: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Quem ama mais a si (é individualista), cobra do seu irmão mudanças de atitudes e conceitos. Quem vive com a intenção de servir ao próximo está sempre vigilante para não deixar seus padrões de atitudes e conceitos servirem como códigos para julgar os outros.

Aquele que se preocupa com a sua satisfação individual exige que o próximo respeite suas paixões e desejos enquanto no respeito ao desejo do próximo está a verdadeira caridade. Sendo assim, quem busca vivenciar sublimemente essa encarnação, está sempre preocupado em não deixar seus desejos interferirem no respeito aos do próximo.

Quem sublima as virtudes desta vida não busca nada para si. Assim sendo, aquele que grita ‘Deus esqueceu de mim’ quando algo não acontece como queria, não se lembrou da maior virtude: o amor ao próximo. Se tivesse lembrado, ficaria feliz, pois quando ele não ‘ganha’ (é satisfeito) foi porque Deus ‘se lembrou’ do outro.

Quem clama aos céus por ele mesmo é uma pessoa interesseira, alguém que busca para si acima de qualquer outro. Esse espírito humanizado se esquece que encarnou (nasceu) para servir o próximo amando-o incondicionalmente, como ensinou Paulo.

Portanto, a libertação da necessidade de que as paixões e desejos do ser humanizado sejam contemplados prioritariamente nos acontecimentos da vida é a atividade espiritual mais importante que um ser encarnado pode executar, pois ela sublima qualquer existência. Não é à toa que foi objeto de ensinamentos de todos os mestres.

Nesse capítulo ainda falaremos muito sobre a doação ao próximo: a sublimação de qualquer virtude.