O nobre caminho

O sofrimento

“Aqui, monges, está a Nobre Verdade do sofrimento. Nascer é sofrimento. Velhice é sofrimento. Doença é sofrimento. Morte é sofrimento. Tristeza, desgosto, angústia mental e perturbação são sofrimentos. Estar com aqueles quem não amamos é sofrimento. Estar separado de quem amamos também é sofrimento. Não conseguir atingir nossa aspiração mais profunda é sofrimento”. (Samyutta Nikaya V 20).

 Toda busca da felicidade universal inicia-se com a constatação de que o sofrimento é constante, ou seja, que a vida humana só é vivida com sofrimentos. Aquele que acredita que pode haver momentos felizes nesta vida não consegue chegar à felicidade universal.

Mas, o que causa o sofrimento? A vivência dos extremos: a vontade de conseguir o que se quer e o medo de perder o que se tem, a vontade de que aconteça tudo de bom e o medo de aconteça o mal. Para quem vive com a existência dos extremos a felicidade nunca existe, pois mesmo que a alcance o medo de perdê-la já não o deixa viver a felicidade em plenitude. Mesmo que este ser viva o bom, o medo de que o mal apareça não lhe deixa ser plenamente feliz.

Apesar disso o ser humanizado acredita que existam momentos de felicidade na sua existência. Enganam-se: o que existe é o prazer, a satisfação. O prazer nada tem a ver com felicidade, pois ele é individual (é alcançado apenas por um ser humano ou grupo deles em cada momento) e temporário. A felicidade a que Buda se refere é universal, ou seja, vivida por todos e o tempo inteiro.

Esta é a consciência que pode levar o ser humanizado a fugir do seu sofrimento: aquilo que se vive como felicidade no mundo humano é sofrimento. É sofrimento porque é temporário e mesmo quando existe é vivenciado com o medo de perder o que se conquistou.

Enquanto o ser humanizado não compreender que o prazer não é a felicidade, nada realiza para ser feliz realmente. É isso que quer dizer Buda quando afirma que tudo é sofrimento...