Comunhão com Deus-Textos-2-Convivendo com Deus

O reto caminho

O caminho, portanto, para se chegar a Deus vem com o esclarecimento e com prática daquilo que ficou esclarecido. Só que Krishna nos ensina que existe um reto caminho para fazer esta caminhada. Ora, se ele fala em um reto caminho, deve existir outro que não seja reto. Vamos ver os dois...

O caminho não reto chega a Deus, mas depois de muito caminhar. Ele é mais longo, mais penoso. Já o caminho reto, que o Bendito Senhor chama de Yoga, leva rápida e diretamente a Deus. Como o não reto é o oposto daquele ensinado por Krishna, vamos ver este segundo e com isso conheceremos os dois.

Antes, uma palavra sobre Yoga. No mundo atual, a Yoga foi transformada numa série de exercícios que facilitam a concentração e com isso ajudam a proporcionar ao ser humanizado um pouco de tranquilidade e equilíbrio. No entanto, não é isso que ensinou o Bendito Senhor. Ele realmente fala em algumas posturas como facilitadores da concentração, mas não liga a Yoga apenas nisso. Ele transmite uma série de princípios que precisam ser observados durante a meditação para servir de caminho para a elevação espiritual, nas estes não fazem parte da Yoga como vivenciada hoje no mundo ocidental.

Yoga quer dizer a ligação entre o humano e o celeste. O conjunto doutrinário que a compõe forma o caminho reto que liga o ser humanizado a Deus. Por isso conhecer este conjunto é importante neste momento em que estamos falando sobre a união com o Pai.

Os princípios da Yoga estão espalhados por todos os Vedas, os livros sagrados dos hindus, mas especialmente no Bhagavad Gita. Este texto, que faz parte do Mahabarata, um livro épico que esclarece os métodos de desenvolvimento espiritual ensinados por Sri Krishna, que é a figura central do hinduísmo, o Jesus Cristo deles.

O Bhagavad Gita narra a conversa de Krishna com um seu primo, Arjuna. Esta conversa acontece num campo de batalha antes que um conflito aconteça. Esta batalha será travada por Arjuna e seus irmãos contra os seus parentes mais próximos, cujo líder da família havia usurpado as terras da família de Arjuna. Preso às questões espirituais, Arjuna nega-se a combater seus parentes por questões materiais. Neste instante, Krishna o incita a guerrear e para isso utiliza a Yoga, a ciência da realização espiritual neste mundo.

No Bhagavad, assim como no Mahabarata, a Yoga é descrita a partir de três pontos fundamentais: o carma, o yajña e o bhakti. Sobre o carma já falamos bastante aqui: tudo que lhe acontece é justa reação a uma ação anterior sua. O bhakti é a forma perfeita de se adorar a Deus. Sobre ele também já falamos aqui, pois consiste-se em viver com o Pai como Causa Primária de Todas as coisas com Justiça Perfeita e Amor Sublime. Já o yajña significa oblação.

Pelo dicionário da língua portuguesa, oblação significa oferecimento de alguma coisa à divindade. Ou seja, o reto caminho é alcançado quando se vive com a consciência do carma, do bhakti, mas principalmente quando se vivencia estas coisas em oblação a Deus.

Voltamos, então, a um ponto que já conversamos hoje: o trabalho da elevação espiritual não deve ser realizado para você ganhar nada, mas como oferecimento a Deus, pelo amor a Deus e não a você mesmo. O reto caminho, portanto, é aquele em que você realiza o trabalho de libertação da razão mal educada, soberba e egoísta como oblação, por amor a Deus e não para que conquiste a elevação espiritual. Sendo assim, o caminho mais longo e penoso é aquele onde o trabalho de elevação espiritual é realizado pura e simplesmente para se ganhar alguma coisa individualmente.

Como eu disse antes, os dois levam ao Pai, mas o segundo é penoso e longo e requer muitas encarnações para ser conseguido; o primeiro é curto e direto e pode ser realizado numa só existência.