Carmas humanos - Texto

O não julgar

Participante: quando o senhor afirmou que todo ser humano deve apenas saber que nada sabe, isso me calou bem fundo. Tentei colocar em prática esta consciência e descobri que realmente ela é uma forma de não julgar os outros.

Certamente que sim, pois se você nada sabe como irá julgar o que os outros sabem? Só quando sabe alguma coisa julga o que os outros sabem. Por isso lhe digo que esta consciência não é apenas uma forma de não julgar, mas a única forma de fazer isso.

Sempre que você tiver um saber, com certeza irá julgar os outros, pois o Universo não é composto de clones, ou seja, de indivíduos que são cópias perfeitas dos outros. Todos são diferentes, todos têm informações diferentes que acreditam estar certas. Mesmo que duas pessoas acreditem numa informação que contenha o mesmo texto, pode ter certeza que esta crença é exercida em graus diferentes. Por conta do egoísmo, ou seja, da defesa de suas verdades acima da dos outros, então, haverá sempre um julgamento para poder preservar a sua verdade.

Sendo assim, a única forma realmente de não se julgar é sabendo que nada sabe. Isso porque a partir do momento que nada sabe, nada há para ser comparado e defendido. Sendo assim, tudo o que os outros souberem poderá ser considerado como certo. Não perfeito, ou seja, algo que você também deva acreditar, mas a compreensão que o outro considera como certa. Neste momento, como você não possui compreensão alguma e nem quer ter, não precisa avaliar a compreensão dos outros para defender as suas ou para absorver o que ele crê.

 Só alcançando o nada sei é o que o ser humanizado consegue caminhar pelos caminhos indicados pelos mestres para se aproximar de Deus. Ninguém consegue amar ao próximo como a si mesmo, caminho ensinado por Cristo, enquanto souber alguma coisa. Ninguém conseguirá deixar de ter intencionalidades, caminho ensinado por Krishna, ou se libertar dos cinco agregados, caminho ensinado por Buda, sem alcançar o nada sei. Enquanto souber de algo, pois a convicção de possuir a verdade faz com que o ser a queira defender, gera a intencionalidade que a sua verdade suplante a do outro e lhe prende ao mundo material, que é criação dos cinco agregados.