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O amor ao próximo transcende o materialismo

Falaremos hoje sobre o amor ao próximo. Mas, o que será amar ao próximo? Muitas podem ser as respostas, mas diria que o amor ao próximo é a expressão máxima do amor incondicional. Começaremos nossa conversa de hoje a partir desta definição.

Amor ao próximo é acima de tudo colocar-se à disposição de Deus para servir de instrumento aos carmas do próximo. Este é o maior amor que alguém pode expressar pelo outro. Por quê? Porque só existe uma realidade: a espiritual. E a realidade espiritual é que a vida carnal é uma sucessão de carma onde existem provas a serem vencidas.

O amor ao próximo não é o amor ao ser humano, mas ao espírito que está humanizado ligado àquela carne através de um determinado ego. Se isto é verdade, como, então, posso amar ao próximo? Auxiliando-o a vivenciar os seus carmas. Para isso temos que ser instrumentos da criação das provas que darão ao próximo oportunidades de exercer o amor incondicional e assim alcançar a elevação espiritual.

Vou dar um exemplo do que estou falando. Quase todos aqui já tiveram contato com a doutrina espírita, seja por literatura ou estudo. Por isso, com certeza, já ouviram falar em expiação, ou seja, carma. Este ensinamento, na concepção espírita diz que o ser humanizado precisa passar por determinadas situações para expiar faltas anteriores.

Para falarmos do destino carmático de um ser que encarne, vamos supor uma expiação que é comum na literatura espírita: o espírito matou alguém em outra vida e, por isso, na próxima terá que expiar esta ação. Ou seja, ele adquire o carma de morrer assassinado na próxima vida. Para isso, vai nascer com diversos outros objetivos a executar na vida e no momento que estas provações acabarem, morrerá assassinado. Isso será necessário para que este ser tenha a expiação que lhe possibilite a alcançar a elevação espiritual.

Sendo isso verdade, o fato de alguém dar um tiro, enfiar uma faca ou praticar qualquer outra ação que leve à morte deste ser humanizado é importantíssima na encarnação dele. No momento que estiver programando a sua futura vida, criando os carmas (expiações), este espírito estará consciente da necessidade de ser vitimado pela ação que o levará à morte e preocupar-se-á em fazer de tudo para que isto aconteça.

Acontece que para a ação assassina ocorra é necessário um ser humanizado, um espírito ligado ao mundo humano, a execute. Sendo assim, aquele que atirará terá também que reencarnar, às vezes sem necessidade disso para si mesmo, mas levará uma vida onde talvez nunca encontre aquele que veio ajudar até que no momento certo ficará frente a frente com ele e dará o tiro.

Sei que vocês devem estar achando fantasioso este raciocínio, mas veja esta sequência de ensinamentos de O Livro dos Espíritos:

“258. Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena? Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre arbítrio”.

“851. Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre arbítrio? A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que vem a achar-se colocado”.

“853a. Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda não chegou, não morreremos? Não; não perecerás e tens disso milhares de exemplos. Quando, porém, soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas. Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do homem e muitas vezes seu Espírito também o sabe, por lhe ter sido isso revelado, quando escolheu tal ou qual existência”.

“132. Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? ... Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus”.

Segundo o Espírito da Verdade, o ser desencarnado escolhe os gêneros de suas provações e com isso gera para si um determinado destino, que espelhará aquilo que quer expiar. Este pensamento vale para todas as situações da vida humana, inclusive a morte. Como para que estas situações ocorram é necessário um agente, outros seres encarnados precisam executar a situação programada para o outro.

Agora, pergunto: se você tem uma missão importante para a o seu futuro a entregará nas mãos de qualquer um ou a atribuirá a alguém em que confie? Por isso, este agente da ação expiatória será, muitas vezes, um ser que tenha uma relação amorosa profunda com quem precisa sofrer o acontecimento. Ou seja, o que motivará o crime que dará cabo da encarnação de um espírito será o amor entre eles.

Este é o amor ao próximo. É um amor que transcende os conceitos humanos, mas que se realiza na plenitude do mundo espiritual, da vida espiritual. O amor ao próximo transcende completamente os objetivos materiais.

O amor ao próximo não pode se apegar a fazer o bem ao ser humanizado porque muitas vezes ao fazer isso estaremos fazendo o mal para o espírito. Se o amigo daquele que deveria morrer se negar a dar o tiro, aquele espírito perdeu uma oportunidade de expiação e terá que reencarnar novamente para levar um tiro. Isto não é mal para o espírito?