Comunhão com Deus-Textos-2-Convivendo com Deus

Não há premiações

Portanto, a convivência com Deus só será alcançada por aquele que tiver uma razão que afirme que todos os acontecimentos de uma existência são o fruto perfeito da avaliação da Justiça Perfeita. Não importa se o acontecimento foi apenas uma topada, se alguém destruiu uma propriedade sua, se se trata de um acontecimento drástico, bárbaro ou se foi um acontecimento prazeroso, como ganhar na loteria, tudo é o carma: o resultado que a Justiça aplicou depois da Avaliação Perfeita que fez de um acontecimento.

Reparem que não falei apenas de acontecimentos considerados como pesarosos, mas inclui também aqueles que vocês acham bons. Porque fiz isso? Porque a Justiça do ganhar alguma coisa não é uma premiação, mas uma provação.

Sempre que se fala de carma, os seres humanizados pensam apenas em situações pesarosas, mas isso não é real. O carma pode ser caracterizado por momentos onde aparecem acontecimentos que vocês consideram prazerosos. Isso não modifica o objetivo da existência do carma: todo acontecimento serve como instrumento de provação que leve o ser universal a alcançar a elevação espiritual.

Tudo o que acontece na existência de um ser humanizado é uma provação, uma oportunidade para a realização de um trabalho que leve à elevação espiritual. Tudo o que acontece na existência de um ser humanizado é um carma, ou seja, o resultado da avaliação da Inteligência Suprema de ações anteriores do ser. Sendo assim, todo acontecimento é um carma e serve como nova oportunidade para o trabalho de aproximação a Deus.

Por isso afirmo que não há premiações ou condenações no sistema de encarnações sucessivas que é usado no Universo para a elevação dos espíritos. Aliás, isso devia ficar bem claro para aqueles que conhecem O Livro dos Espíritos:

“253. Não parece natural que se escolham as provas menos dolorosas? Pode parecer-vos a vós; ao Espírito não. Logo que este se desliga da matéria cessa toda ilusão e outra passa a ser sua maneira de pensar”.

O espírito livre da razão humana não se preocupa com o sofrimento que possa ocorrer numa encarnação. Como afirma Kardec no comentário à resposta desta pergunta, “sob a influência das ideias carnais, o homem, na Terra só vê das provas o lado penoso. Tal a razão de lhe parecer natural sejam escolhidas as que, do seu ponto de vista, podem coexistir com os gozos materiais. Na vida espiritual, porém, compara esses gozos fugazes e grosseiros com a inalterável felicidade que lhe é dado entrever e desde logo nenhuma impressão mais lhe causam os passageiros sofrimentos terrenos”.

Tudo o que existe são provações:

“814. Por que Deus a uns concedeu as riquezas e o poder e a outros a miséria? Para experimentá-los de modos diferentes”. (O Livro dos Espíritos)

Todo carma, tudo aquilo que a Inteligência Suprema dá como resultado de sua avaliação, não é uma premiação ou uma punição, mas um instrumento de provação. Quem convive com o que recebe queixando-se da Providência ou quem se jubila do que recebe não está vivendo com a Justiça e por isso não consegue alcançar a comunhão com Deus.