O nobre caminho

Mundo material e espiritual

“Diremos, pois, que a Doutrina Espírita ou o Espiritismo tem por princípios as relações do mundo material com os espíritos ou seres do mundo invisível” (O Livro dos Espíritos – Introdução I)

Os ensinamentos dos mestres dividiram o universo em mundos diferenciados. O mundo invisível não é criação do espiritismo, mas advém desde a antiguidade quando os seres acreditavam em deuses que viviam de forma não visível para os encarnados. Quando um católico ora para um santo está se comunicando com um ser do mundo invisível, assim como os evangélicos e islamitas quando oram para Deus. O espiritismo veio apenas apresentar como o ser encarnado deve se relacionar com os desencarnados.

Todas as religiões falaram desse mundo invisível e todas as trataram como um “mundo” isolado do planeta Terra. Em linhas gerais todas colocaram esse “mundo” acima do planeta, no céu. Os próprios espíritas falam nas cidades espirituais e as colocam “sobre” as cidades materiais.

No entanto, Cristo nos ensinou de modo diferente.

“Jesus disse: Se aqueles que vos guiam vos disserem: vê o Reino está no céu, então os pássaros vos precederão. Se vos disserem: ele está no mar, então os peixes vos precederão. Mas o reino está dentro de vós e está fora de vós. Se vos reconhecerdes, então sereis reconhecidos e sabereis que sois filhos do Pai Vivo. Mas se vos não reconhecerdes, então estareis na pobreza, sereis a pobreza” (Evangelho Segundo Tomé – Logia 003)

O mundo invisível não se encontra em outro lugar físico diferente do mundo material, mas sim dentro de cada um. Os “mundos” de existência dos seres não são determinados por um espaço físico, mas pelo estado de espírito (sentimentos) que o ser nutra. O céu é a felicidade universal e o inferno ou umbral é o sofrimento.

Quando o ser vive em um estado de infelicidade, não importa se está habitando o mundo carnal ou não, estará no umbral. Este ser encontra-se no mesmo lugar físico daqueles que, encarnados ou não, estão no céu (felicidade universal). Existe um único espaço físico no universo onde habitam todos os seres.

Este ensinamento é muito importante para a formação da consciência crística que determina a reforma íntima. Enquanto o ser acreditar que só chegará ao reino do céu quando abandonar a massa carnal, ele esperará para colocar em prática os ensinamentos quando isso acontecer. Entendendo a verdade universal sobre os espaços físicos, o ser poderá, então, ser feliz ainda encarnado.

Por isso Cristo ensinou:

“Disse Jesus: levai em consideração o Vivo enquanto estais vivo, senão morrereis e tentareis vê-lo e não o conseguireis” (Evangelho Segundo Tomé – Logia 059)

Achar o Vivo (Jesus Cristo) é viver com os valores que ele viveu, possuir a consciência crística, viver na felicidade universal. O ser que imagina que o reino do céu ou mundo invisível é outro espaço que só será alcançado com o desencarne não fará a reforma íntima durante a encarnação.

O local físico onde o ser tem que alcançar a felicidade é o planeta Terra vivendo dentro da matéria carnal. Depois do desencarne não será alcançada a reforma íntima, pois não haverá merecimento. Somente a transformação em vida (como Cristo falou a Nicodemus) garante a felicidade eterna.